José Edgar de Matos
Do UOL, em São Paulo (SP)
Uma noite histórica no Allianz Parque. De um cenário desolador, de vaias e críticas, o torcedor palmeirense testemunhou uma reação histórica. O Palmeiras buscou uma desvantagem de três gols em um segundo tempo digno de campeão nacional e se manteve firme na disputa por uma vaga à semifinal da Copa do Brasil ao empatar por 3 a 3 com o Cruzeiro. Em apenas 13min, o time comandado por Cuca saiu de um 0 a 3 para a igualdade.
Foram dois tempos completamente distintos na arena palmeirense. A primeira etapa teve mando do Cruzeiro, que exibiu uma enorme eficiência e abriu 3 a 0 com relativa tranquilidade. Como consequência, a equipe da casa deixou o gramado hostilizada com vaias e visivelmente perdida. O grande bode expiatório acabou sendo o lateral Fabiano, substituído ainda com 32min de jogo.
A parte final do jogo, todavia, se apresentou com a coloração alviverde. A equipe de Cuca saiu da incredulidade à empolgação. Bastou Dudu diminuir o placar aos 7min para o ambiente da arena se modificar e o Palmeiras reagir. Não demorou para a equipe se encontrar, e o Cruzeiro acuar. O 3 a 3, no mínimo, parecia destinado, e Dudu (de novo) e Willian trataram de concretizar a reação.
O resultado, no entanto, ainda favorece o Cruzeiro no confronto. A equipe mineira se classifica até com uma nova igualdade, desde que sofra apenas dois gols palmeirenses no Mineirão; quem vencer em Belo Horizonte leva a vaga à semifinal. O segundo confronto está marcado para 26 de julho, a partir das 21h45 (de Brasília), em Belo Horizonte.
Antes de pensarem na decisão da vaga, ambos os times se concentram no Campeonato Brasileiro. O Palmeiras joga neste sábado, às 16h (de Brasília), contra o Grêmio, no Pacaembu – o Allianz Parque estará fechado em virtude do show de Ariana Grande. O Cruzeiro tem clássico contra o Atlético-MG no domingo, às 16h, no Independência.
Quem foi bem: Thiago Neves e Dudu
A qualidade de Thiago Neves se sobressaiu na noite desta quarta-feira. Com espaço de sobra para jogar, o camisa 30 aproveitou-se de uma noite infeliz de todo um sistema de marcação palmeirense para se exibir em alto nível. Na disputa direta com Zé Roberto, levou a melhor e ainda tratou de abrir o caminho para a importante vitória no Allianz Parque.
Se o primeiro tempo teve um dono cruzeirense, o segundo foi palestrino, e Dudu apareceu como o grande maestro da até então improvável reação. Dois gols saíram dos pés do camisa 7, que transformou o ambiente no Allianz Parque. De uma derrota quase certa, o capitão comandou uma reação histórica do atual campeão brasileiro.
Quem foi mal: Fabiano
Muitos palmeirenses terminaram a noite em nível muito abaixo do que já produziram. Thiago Santos, visivelmente sem condições físicas de acompanhar a movimentação cruzeirense, e Zé Roberto foram exemplos de atletas com atuações ruins. No entanto, a insatisfação do público e de Cuca recaiu em Fabiano. O camisa 22 concedeu muitos espaços, cometeu erros técnicos simples de passes e cruzamentos e acabou como bode expiatório para o treinador: foi muito vaiado ao deixar o jogo ainda na primeira etapa.
"Ah, é Fabiano!"
A raiva da torcida palmeirense se transformou em homenagens dos cruzeirenses no Allianz Parque. Pouco depois de Fabiano deixar o gramado sob fortes vaias, a torcida visitante começou a gritar o nome do lateral direito, que recentemente defendeu a equipe mineira. A hostilidade mandante combinada com a ironia visitante atingiu o camisa 22, que foi abraçado por todos os companheiros na chegada ao banco de reservas.
Lei do ex
"A Lei do ex é implacável". Em algum bar, reunião com amigos ou até no estádio, você já ouviu este bordão. Nesta noite, a tal lei se mostrou implacável. O meia Robinho, campeão da Copa do Brasil de 2015 pelo Palmeiras, se destacou contra o antigo time. Agora com a camisa do Cruzeiro, o jogador sobrou contra a marcação palmeirense e ainda deixou a sua marca: balançou as redes de Fernando Prass aos 19min, após passe de Lucas Romero.
Palmeiras frágil...
Acostumado à pressão e volume ofensivo grande nas partidas em casa, o torcedor palmeirense testemunhou uma equipe totalmente diferente na noite desta quarta-feira. Muito graças, é claro, ao comportamento do Cruzeiro em campo. No entanto, a passividade palmeirense impressionou, especialmente no setor defensivo. Os quatro atletas mais ofensivos do Cruzeiro (Robinho, Thiago Neves, Alisson e Rafael Sobis) receberam pouca pressão com a bola nos pés e trabalharam com extrema liberdade, especialmente nos contra-ataques. As laterais, particularmente, foram um ponto negativo.
...Palmeiras forte
O palmeirense pode apagar o primeiro tempo pelo fato de encontrar uma nova equipe na parte final do jogo. O Palmeiras da segunda etapa apresentou-se como o atual campeão nacional. A postura inerte acabou substituída pela gana de buscar um resultado histórico. Deu certo. Em menos da metade da etapa final, o time de Cuca acuou completamente o visitante, tirou a longa diferença de três gols e transformou o cenário no Allianz Parque, que viveu uma noite histórica neste 28 de junho.
Primeiro tempo de manual
O Cruzeiro especulou e entrou em campo para contra-atacar. A postura, contudo, se mostrou ainda melhor em virtude da alta eficiência da equipe comandada por Mano Menezes. Em três ataques bem executados, três gols. Thiago Neves abriu o placar depois de contra-ataque extremamente veloz; Robinho ampliou após grande jogada; e Alisson encerrou um primeiro tempo de manual ao anotar o terceiro gol. Impossível um desempenho melhor.
Cuca, enfim, aposta em Borja
Vaias de praticamente todo o estádio e um placar extremamente adverso fizeram Cuca apostar em Miguel Borja. Guerra, que sentiu lesão na parte final do primeiro tempo, deu lugar ao centroavante colombiano, e o Palmeiras retornou do intervalo com uma postura distinta ao do início do jogo. Esqueça o time passivo; o clube alviverde pressionou, diminuiu o marcador com apenas 7min de etapa final e mudou a atmosfera do Allianz Parque. Não foi o suficiente, contudo, para o placar se reverter totalmente.
Foto: Ale Cabral/AGIF (Retirada do Portal UOL)
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