A FIFA divulgou a segunda lista, agora com 23 nomes, dos finalistas à disputa do prêmio Bola de Ouro de melhor jogador de futebol do mundo em 2011.

O craque Neymar, do Santos, aparece lá, quebrando um tabu histórico e sendo o primeiro atleta a constar na lista atuando fora dos gramados europeus.

A notícia explodiu no Brasil e provocou entusiasmos e ufanismos de torcedores e jornalistas, que já começaram a fazer prognósticos da chance de Neymar em faturar o tradicional troféu.

Impressiona-me a facilidade com que os brasileiros alimentam o orgulho nacional com méritos esportivos e sequer reclamam com os fracassos científicos, técnicos e culturais do país.

Uma necessidade patológica de criar mitos no esporte tira a racionalidade de todos, inclusive da mídia, ela própria uma fábrica de ilusões e proveta maior dos pachecos enlouquecidos.

Na terça-feira, 01/11, cansei de ouvir comentaristas de TV alertando para a "politicagem? da FIFA, motivo principal da muito provável ausência de Neymar na lista final dos três premiados.

Um patriotismo grotesco, se olharmos a coisa com os olhos da razão. O que levaria os eleitores da FIFA e da revista France Football votarem no garoto da Vila? A Libertadores e o Paulistão?

Esquecem nossos comentaristas com ares de "geraldinos? (os antigos fanáticos das arquibancadas gerais) que o favorito absoluto para o troféu ganhou quase tudo entre 2010 e 2011.

O nome dele é Lionel Messi, que deverá receber pela terceira vez consecutiva a Bola de Ouro com todos os méritos que lhes são de direito. O cara vem batendo marcas e recordes em série.

As competições vencidas pelo seu time, o Barcelona, são bastante superiores aos títulos do Santos, sem contar a performance pessoal, atualmente incomparável no mundo.

A presença de Neymar entre os 23 finalistas já é um prêmio fantástico para o rapaz, que é de longe o melhor jogador brasileiro em atividade e um dos craques das Américas.

Mas, pensar que já tem bagagem para levar a Bola de Ouro é exagero do patriotismo doentio que impera por aqui. Será que o camaronês Eto?o e o francês Abidal também merecem? Eles estão na lista.

Imagino que os jornalistas e torcedores holandeses poderiam também nesse momento vomitar elegias ao nome de Sneijder, que foi um dos craques da Copa 2010 e grande nome da seleção laranja. Ele merece o troféu?

E o que dizer dos uruguaios, que assim como Brasil e Argentina, têm dois candidatos entre os 23, os atacantes Forlan e Luis Suárez? O primeiro foi eleito o melhor da Copa da África, o que mesmo assim não é motivo decisivo.

Há sete espanhóis e três alemães na disputa, e que estão em destaque na imprensa de seus países. Alguns deles com mais peso que Neymar, como Iniesta, Xavi, Özil e Mueller, todos craques na Copa 10 e em grandes fases.

Na comparação direta entre o desempenho de Neymar e do Santos com Messi e o Barcelona, a vantagem para o lado do gênio argentino é enorme, em títulos, em gols, em jogadas.

Os argumentos e desejos de alguns comentaristas esportivos brasileiros seriam criticados por nós mesmos se fossem manifestados por periodistas lusitanos em favor do atacante Nani, que está na lista. Já está de bom tamanho o menino prodígio da Vila entre os 23, coisa que Robinho sonha até hoje.

Veja abaixo quem são os 23 candidatos à Bola de Ouro:

- Casillas (Espanha)
- Piqué (Espanha)
- Xavi (Espanha)
- Fábregas (Espanha)
- Xavi (Espanha)
- David Villa (Espanha)
- Iniesta (Espanha)
- Özil (Alemanha)
- Mueller (Alemanha)
- Schweinsteiger (Alemanha)
- Daniel Alves (Brasil)
- Neymar (Brasil)
- Abidal (França)
- Benzema (França)
- Ronaldo (Portugal)
- Nani (Portugal)
- Forlan (Uruguai)
- Suárez (Uruguai)
- Aguero (Argentina)
- Messi (Argentina)
- Rooney (Inglaterra)
- Eto?o (Camarões)
- Sneijder (Holanda)

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