Quando vencem, são gênios. Quando perdem, recebem toda sorte de impropérios e críticas. Alguns ganham bem para isso. A maioria nem tanto. Muitos conhecem o futebol a fundo. Outros enganam durante anos seguidos se valendo de resultados positivos eventuais e da oratória. Em comum, a profissão: treinador.
 
A idéia desta coluna surgiu há duas semanas. Estava em Porto Alegre para participar da transmissão pelo Bandsports da partida entre Inter e Banfield pela Libertadores. Quando me preparava para deixar o hotel em direção ao Beira Rio, eis que Jorge Fossati, o técnico colorado, entra no elevador.
 
Travamos um diálogo curto. Disse a ele que não entendia o comportamento da imensa maioria dos seguidores do Inter em relação ao seu trabalho. Aleguei que o tempo em que ele estava no clube (menos de seis meses) era escasso demais para uma avaliação consistente.
 
O uruguaio concordou com a cabeça, evitando palavras que pudessem ser usadas contra ele depois. Saiu do elevador e seguiu para a preleção.
 
Hoje, o Inter está a um empate diante do Estudiantes para avançar à semifinal da Libertadores. O time não joga um futebol de encher os olhos, é verdade. Mas está cada vez mais consistente. Diria inteligente para saber o melhor momento de tentar o gol. Fossati, logicamente, tem responsabilidade por isso. Seus desafetos estão temporariamente calados.
 
No São Paulo, Ricardo Gomes vive situação similar. Esclarecido, adepto do diálogo sempre em alto nível, vem sendo contestado por mudar demais o time desde que assumiu o cargo. Além disso, luta contra uma corrente vinda de dentro do próprio clube que sinaliza que lhe falta pulso para controlar os atletas.
 
O fracasso do Paulistão caiu no esquecimento diante da vaga praticamente garantida na semifinal da Libertadores. Mas o carinho da massa ainda parece um sonho distante.
 
Fossati e Ricardo Gomes são burros? Muito pelo contrário. Mas estão pagando o preço pelo noviciado, por serem caras novas neste mundinho tão restrito de ?professores? que dirigem grandes clubes no Brasil.
 
Ainda precisam treinar muito mais a tal oratória, que tanto convence cartolas, jornalistas influenciáveis e torcedores passionais. 

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