Matéria do jornalista Maurício Sabará sobre o Santo André e São Caetano

Matéria do jornalista Maurício Sabará sobre o Santo André e São Caetano

Hoje será a penúltima parte paulista da série “clássicos de todos os tempos”. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais se identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado.

Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes.

No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.

A próspera região do ABC, pertencente à Grande São Paulo, é constituída por Santo André, São Bernardo e São Caetano. Em alguns casos se aumenta para ABCD, para incluir Diadema. Mas claro que se tratando de futebol, são justamente o Santo André e São Caetano que são os maiores representantes, disputando o clássico San-São do ABC, que não é propriamente um dos mais tradicionais do Estado de São Paulo, mas especialmente por causa da importância dos dois times na primeira metade do Século XXI.

O Esporte Clube Santo André, fundado em Santo André no dia 18 de setembro de 1967, completará 50 anos em 2017. Quando o Corinthians da mesma cidade terminou suas atividades em 1961, o primeiro time que Pelé anotou um gol jogando por uma equipe profissional. Houve alguns problemas em seus primeiros anos, quase se extinguindo. Em 1984 participa pela primeira vez da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, sem dúvida sendo o principal time do ABC. Mas sua maior glória obviamente foi a conquista da Copa do Brasil de 2004, eliminando importantes times brasileiros e sendo campeão contra o Flamengo em pleno Maracanã. Outro fato bem marcante foi ter sido vice-campeão paulista em 2010, perdendo para o Santos.

No gol optei por Júnior Costa, que foi campeão da Taça São de Futebol Júnior de 2003 e da Copa do Brasil em 2004, sendo muito querido pelos torcedores do Ramalhão. Tonho é o seu reserva, figura importante da década de 80.

Pela lateral-direita escalo o Luisinho Maia, um dos maiores ídolos do time dos Anos 70. Seu reserva é o Samuel Santos, figura de destaque da década atual.

A zaga é constituída por Flavião e Tito, com o primeiro tendo destaque em outra bela fase, a da década de 70 e o segundo foi outro bom zagueiro. Rayan, defensor da fase recente, é o primeiro reserva, completando com Luiz Matheus, outra grata revelação recente.

Pelo lado esquerdo estão os incansáveis Paulo e Renato Peixe, uma posição que já teve o famoso Wladimir, entre sua saída e retorno ao Corinthians.

Como volante está Careca, capitão dos melhores anos do time, no início do Século XXI. Fernandinho é o seu reserva, jogador de muita técnica, um dos principais da equipe de 1975 a 1981, quando ele com os companheiros foram apelidados de Baixinhos Frenéticos.

Os dois meias são o Rotta e Élvis, com um tendo muito destaque no início da década de 80 e o outro sendo bem importante nas campanhas de 2003 e 2004, retornando duas vezes ao clube (2009 e 2013). Para a reserva está Bruno César, meia que rodou no Corinthians e no Palmeiras, mas que se destacou na campanha de 2010 e Jaiminho, que com sua experiência contribuiu muito para o filme do final da década de 80, atuando com Eduardo Amorim, outro jogador bem experiente.

Para o ataque estão Ivanzinho (meia bem destaco dos Anos 90), Tulica (maior goleador da história do time que cansou de fazer gols na década de 70) e Rodriguinho (muito decisivo nos anos de 2009 e 2010, retornando também em 2014).

E para comandar o Santo André de todos os tempos ninguém melhor que Péricles Chamusca, o treinador do maior feito da história do clube, de campeão da Copa do Brasil de 2004.

SANTO ANDRÉ (1967 A 2017)
Titular: Júnior Costa, Luisinho Maia, Flavião, Tito e Paulo; Fernandinho, Rotta e Élvis; Ivanzinho, Tulica e Rodriguinho. Técnico – Péricles Chamusca.
Reserva: Tonho, Samuel Santos, Rayan, Luiz Matheus e Renato Peixe; Careca, Bruno César e Jaiminho; Bona, Sandro Gaúcho e Nunes.
Mais gols: Tulica – 63 (1970 a 1972 e 1974 a 1977).

A Associação Desportiva São Caetano, fundada em São Caetano no dia 04 de dezembro de 1980, completará 28 anos em 2017. Da mesma forma que a população de Santo André, a de São Caetano queria novamente um bom representante como nos velhos tempos do São Bento e do SAAD. Nos Anos 90 teve bons momentos, com o veterano centroavante Serginho Chulapa fazendo os seus gols. Mas foi a partir de 2000, com o título paulista da Série A2, que o clube ganhou notoriedade nacionalmente, com ótimos jogadores e memoráveis campanhas, das quais destaco o vice no Brasileirão de 2001, o segundo lugar da Libertadores em 2002 e a conquista do Campeonato Paulista de 2004. Nos anos seguintes o São Caetano decaiu, sem repetir os mesmos êxitos.

O goleiro Silvio Luiz, praticamente um xará do famoso narrador, não é o goleiro titular apenas por ser o jogador com mais partidas pelo São Caetano, mas sem dúvida por ser o maior e melhor de todos, jogando ininterruptos oito anos pelo clube (1998 a 2006), estando presente nos principais momentos vividos da sua trajetória. Cavani é o seu reserva, terceiro arqueiro que mais atuou pela equipe, antecessor de Silvio, pois teve muito destaque nos Anos 90, apesar de algumas decepções bem fortes que sofreria depois.

A titularidade da lateral-direita deixo para Anderson Lima, que teve ótima passagem pelo Santos, se destacando também no São Caetano em 2004 (campeão paulista) e entre os anos de 2006 e 2007, sempre com suas mortais cobranças de falta. Japinha está na sua reserva, que teve destaque no início dos Anos 2000, também com momentos interessantes.

Para a zaga escalo a dupla “D (Dininho e Daniel)”, com o primeiro, da mesma forma que Silvio Luiz, atuando por oito anos (1997 a 2005), vivenciando também o auge do São Caetano, com o segundo participando daquela que é considerada a melhor fase do clube, entre 2000 e 2003, mesmo não sendo campeão e retornando em 2007. A primeira opção de reserva é o Serginho, zagueiros dos anos de outro (2000 a 2004), que tragicamente morreu em campo, algo que abalou o mundo do futebol. Thiago Martinelli é outro bom zagueiro que não pode ficar de fora, campeão paulista de 2004 e retornando em 2011.

Pelo lado esquerdo está César, do expressivo time de 1999 a 2001, sem dúvida um dos principais jogadores do elenco, chegando inclusive à Seleção Brasileira. Triguinho é um excelente reserva, que honrou bem a lateral-esquerda anos depois.

Optei por Augusto Recife na posição de volante, não vivendo uma fase das mais brilhantes do clube, entre 2010 e 2013, mas atuando muito bem. Para a reserva aparece Adãozinho, do time de 2000 a 2002.

O primeiro meia é Magrão, que também jogava bem como volante, o que faz bem forte o meio de campo do São Caetano de todas as épocas, com passagens na década de 90, também participando entre 2002 e 2003, sempre demonstrando muita disposição e rodado em importantes times como Cruzeiro, Palmeiras e Corinthians. Esquerdinha, como bem diz o apelido, jogava na meia pelo lado esquerdo, tendo quatro passagens (1997, 1998, 1999 e entre 2000 e 2002, a melhor de todas, com grandes participações). Claudecir, o primeiro reserva, pertencia mais ao Palmeiras, mas nas quatro vezes que atuou no São Caetano (duas com o seu passe pertencendo ao clube e as outras por empréstimo) fez boas apresentações. E Éder é outra bela aquisição nos últimos cinco anos.

Para iniciar o ataque com chave de ouro conto com o formidável Adhemar, maior goleador de todos os tempos, exímio cobrador de faltas, com três passagens, sempre com brilho e sendo o principal ídolo. Somália é daqueles jogadores que passam por vários clubes, mas sempre tem um que se destaca mais e volta diversas vezes, o que é o caso do São Caetano, onde teve uma respeitável passagem na primeira década do Século XXI e por empréstimo em 2012. Completando o ataque aparece Eduardo, também um atacante bem destacado. A primeira opção na reserva é Paulinho Kobayashi, tão famoso depois no Santos, mas que fez parte dos primeiros anos do clube, de 1989 a 1992. O segundo Zinho mais famoso da década de 90 sem dúvida é um nome que não pode faltar. E por último está Marcinho, outro grande nome do título paulista de 2004.

Muitos se lembrarão de Muricy, o técnico que deu o título estadual, mas claro que o nome ideal pra comandar o São Caetano é o de Jair Picerni, que treinou a mais empolgante equipe, que foi entre 2000 e 2002, tendo dois retornos, mas menos expressivos.

SÃO CAETANO (1989 A 2017)
Titular: Silvio Luiz, Ânderson Lima, Dininho, Daniel e César; Augusto Recife, Magrão e Esquerdinha; Adhemar, Somália e Eduardo. Técnico – Jair Picerni.
Reserva: Cavani, Japinha, Serginho, Thiago Martinelli e Triguinho; Adãozinho, Claudecir e Éder; Paulinho Kobayachi, Zinho e Marcinho.
Mais partidas: Silvio Luiz – 451 (1998 a 2006).
Mais gols: Adhemar – 68 (1997 a 2001, 2002 a 2004 e 2006/2007).

Foto: Site oficial do EC Santo André

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