Quando pensamos em algo bem brasileiro nos veem primeiramente à cabeça o futebol e o samba.

Quando pensamos em algo bem brasileiro nos veem primeiramente à cabeça o futebol e o samba.

Quando pensamos em algo bem brasileiro nos veem primeiramente à cabeça o futebol e o samba. Agora, para as gerações mais novas, quando imaginamos alguém que tenha conseguido unir tudo junto, jogando o futebol mais brasileiro de todos os tempos, que dançava muito bem e tinha Silva como sobrenome, a resposta não é tão exata assim. Independente quem gosta ou não de futebol, sabe-se que Pelé foi o maior futebolista de todos os tempos, conhecido em todo o Brasil e mundo afora, com seus lances sendo beneficiados pelas imagens, tanto em preto-e-branco como coloridas. Mas muitos desconhecem que antes dele tivemos outros reis brasileiros, talvez tão populares e espetaculares quanto ele na época que jogavam, mas devido aos recursos de comunicação (jornais e rádio) e sem o poder da imagem, seus feitos e categoria estejam destinados a cair no esquecimento, ainda mais por termos poucos remanescentes que possam contar com detalhes as maravilhosas jogadas executadas. O primeiro foi Artur Friedenreich, grande craque do futebol do nosso País durante 20 anos, entre 1912 e 1932, que se destacou quando o esporte ainda era amador (jogou pouco tempo no futebol profissional), as transmissões de partidas pelo rádio não existiam (quando começaram, estava prestes a encerrar a carreira) e não conseguiu jogar uma Copa do Mundo sequer.
Já o segundo, o mais brasileiro de todos, pelo sobrenome e estilo de jogar, praticamente começou a destacar-se no futebol profissional, foi beneficiado pelas transmissões de jogos pelo rádio e por ter disputado duas Copas do Mundo, mas como desvantagem não atuou tendo a televisão para registrar os seus feitos, encerrando a carreira no início de 1950, ano em que a TV chegou ao Brasil. Refiro-me a mais um Silva como muitos que existem em nosso País, mas trata-se de Leônidas da Silva, um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos e uma das três grandes personalidades brasileiras do seu tempo.
Leônidas da Silva nasceu no dia 06 de setembro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro. Cresceu jogando futebol nos subúrbios cariocas, adquirindo assim muita malícia no seu estilo de jogo. Além da técnica, velocidade e facilidade para driblar, tinha muita agilidade, proporcionando-lhe a capacidade de saltar e executar a jogada mais acrobática do futebol, a bicicleta, lance que ficou definitivamente imortalizado por ele, mesmo não sendo o criador oficial.
Mesmo iniciando os seus primeiros passos no campo do São Cristovão, foi no Sírio e Libanês carioca que começou a jogar no time principal, em 1930. No ano seguinte o clube encerrou as suas atividades futebolísticas, fazendo com que Leônidas fosse contratado pelo Bonsucesso, começando de fato a se destacar como meia ofensivo ao lado do centroavante Gradim, sempre dando muito trabalho aos times grandes do Rio de Janeiro.  Em 1931 foi convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira, agradando-lhe muito, mesmo ficando no banco de reservas. No mesmo ano estava no grupo da Seleção do Distrito Federal que disputava o Campeonato Brasileiro de Seleções e quando teve que substituir o atacante Nilo na final contra a forte Seleção Paulista de Artur Friedenreich, foi decisivo na vitória de 3 a 0, marcando dois gols e dando o passe para o outro, iniciando de fato o seu sucesso no futebol.
No ano seguinte aconteceu a Revolução Constitucionalista, com os clubes grandes não disponibilizando seus jogadores para disputarem no Uruguai a Copa Rio Branco. A solução foi montar uma equipe com atletas dos times do subúrbio carioca, desconhecidos aos olhos do mundo. Então Leônidas, Gradim, Domingos da Guia e tantos outros foram à Montevidéu representar o Brasil. O Diamante Negro e seus companheiros fizeram uma impecável apresentação, surpreendendo os uruguaios e venceram pelo placar de 2 a 1, com dois gols da nova joia brasileira.
A atuação dos brasileiros impressionou tanto que, no ano seguinte, Leônidas da Silva era contratado pelo Peñarol e Domingos da Guia (atleta do Bangu) ia jogar no Nacional, os maiores clubes do Uruguai. Para os dois maiores jogadores brasileiros da década de 30, tratava-se de um bom negócio, já que o futebol no Brasil ainda era amador. Domingos se deu bem, tanto é que foi campeão uruguaio logo no seu primeiro ano. Já Leônidas não conseguiu exibir o mesmo jogo, sofrendo muitas contusões, encerrando mais cedo a sua única passagem por um time de fora do Brasil.
Logo que chegou ao porto do Rio de Janeiro, Leônidas é contratado pelo Vasco da Gama, jogando algumas partidas pelo time que foi campeão carioca de 1934 na Liga LCF (o Botafogo ganhou pela AMEA). Não jogou o estadual até o final porque foi convocado para jogar a Copa do Mundo daquele ano, recebendo dinheiro, o que fez com que muitos o chamassem de mercenário, mas na realidade estava indo defender a sua pátria. De acordo com as regras do torneio, todas as partidas eram eliminatórias, então o Brasil saiu do torneio quando perdeu para a forte Espanha por 3 a 1, cabendo ao atacante marcar o gol de honra dos brasileiros. Após o torneio a Seleção Brasileira fez vários amistosos pela Europa e Brasil.
Em 1935 vai jogar no Botafogo Futebol Clube (na época ainda não tinha a Regata no seu nome), uma contratação polêmica, já que o clube não possuía no seu quadro jogadores negros. Mesmo com todos esses problemas, Leônidas da Silva jogou bem e foi peça importante na conquista do Campeonato Carioca daquele ano pela Liga FMD (o América venceu pela LCF). Mas devido aos problemas no clube, Leônidas queria sair e conseguiu no ano seguinte, iniciando em outro grande clube a melhor fase técnica e popular da sua carreira.
No ano de 1936 o melhor jogador brasileiro é contratado pelo Clube de Regatas do Flamengo. Apesar de ser um time de grande torcida, o Flamengo ainda não tinha abraçado a mesma causa do seu rival Vasco, abrindo as portas para todas as classes sociais. Contando agora com Leônidas da Silva, Domingos da Guia e Fausto dos Santos, todos negros, o Flamengo caía nas graças do povo. Outro motivo de tais contratações era para rivalizar com o maior adversário da época, o Fluminense Football Club, que havia contratado praticamente toda a Seleção Paulista. Mesmo com todo o equilíbrio do clássico Fla-Flu, o Fluminense obteve vantagem nos confrontos e nas conquistas, sagrando-se bicampeão carioca em 1936/37. Nem mesmo a falta de conquistas diminuía a popularidade e o bom futebol de Leônidas, ganhando inclusive um concurso oferecido pelos cigarros Magnólia como o jogador mais popular do Brasil. Sua fama era tanta que era considerado junto com o presidente Getúlio Vargas e Orlando Silva (O Cantor das Multidões) como a personalidade mais famosa do País.
Quando a Seleção Brasileira formou em 1938 a sua primeira grande equipe para uma Copa do Mundo, obviamente que Leônidas da Silva não poderia estar de fora. Foi o primeiro torneio no exterior transmitido ao vivo para os brasileiros pelas ondas do rádio. A campanha do time foi fabulosa, com grandes partidas contra a Polônia e Tchecoslováquia. Leônidas, que marcou um gol descalço contra os poloneses devido à forte chuva e toda a equipe encantaram os franceses com um futebol insinuante que nunca tinha sido visto pelos europeus. Devido aos desgastes dos jogos (teve um que precisou de outro devido ao empate, já que na época não tinha decisão por pênaltis), o Homem de Borracha, por contusão, ficou de fora da partida contra a Itália, que tinha sido campeã no Mundial anterior e o Brasil acabou perdendo. Restou ao craque disputar o terceiro lugar com a Suécia, vencendo o jogo e consagrando-se como artilheiro da Copa e eleito o melhor jogador da competição, ainda mais pelos lances de bicicleta, mesmo não marcando nenhum gol através da sua principal jogada.
Retornando ao Brasil, mesmo não sendo campeões, os brasileiros foram recebidos como heróis, em especial o principal jogador do time. Mais uma vez o Fluminense venceu o estadual, mas a fama de Leônidas estava em alta mais do que nunca. Conseguiu pela segunda vez ser campeão brasileiro pela seleção do seu Estado.
Finalmente, em 1939, consegue ser campeão carioca pelo Flamengo. Seu prestígio era tanto, que a Lacta lançou o chocolate Diamante Negro em sua homenagem. Mas foi justamente aí que começou a ter de fatos problemas no clube, batendo de frente justamente com os mais poderosos, o presidente Gustavo de Carvalho e o técnico Flávio Costa, o grande desafeto da sua carreira. Por ser o melhor e mais popular jogador do Brasil, Leônidas da Silva não dispensava a sua fama, atendendo todos os pedidos de participar das propagandas que era convidado, tornando-se o primeiro Garoto Propaganda do futebol brasileiro. As suas ausências nos treinos não agradavam os dirigentes. E por ser um jogador muito caçado em campo, obviamente que as contusões eram seguidas e quando alegava que não tinha condição de jogo, muitas dúvidas sobrecaiam, pois os mandachuvas do Flamengo achavam que estava fazendo corpo-mole para poder se ausentar dos treinos e de alguns jogos importantes.  Leônidas era um profissional obcecado pela vitória e jamais simularia algo para prejudicar o time que defendia. Mesmo conquistando a artilharia do Campeonato Carioca de 1940 com 30 gols, vencendo o Campeonato Brasileiro de Seleções e as constantes convocações à Seleção Brasileira (apesar dos insucessos devido ao poderio dos argentinos), sua situação no Flamengo estava insustentável. E piorou ainda mais após uma excursão à Argentina no início de 1941, não tendo condições de jogar, alegando que tinha uma contusão séria (que foi depois comprovada com os resultados dos exames), mas como a sua presença aumentava a cota de recebimento do clube, foi exigido a jogar. Devido a sua (considerada) indisciplina, foi afastado do elenco. Para piorar ainda mais a sua situação, foi acusado de ter falsificado exames do exército, permanecendo preso até o próximo ano.
Ao sair da prisão no início de 1942, não tinha clima para continuar no Flamengo e o novato São Paulo Futebol Clube, que estava montando uma bela equipe, interessou-se em contratá-lo por 200 contos de réis, uma fortuna para a época. Negócio fechado e Leônidas da Silva chegou à estação de trem da Luz com uma recepção de herói nacional, sendo carregado pela multidão até a sede do clube, que ficava na Rua Dom José de Barros, Centro de São Paulo. Apesar de toda a magnitude que envolvia a sua contratação, estava fora de forma e demorou um pouco para começar a se destacar. Claro que muitos da imprensa aproveitaram para criticá-lo, chamando-o de Bonde (expressão que era usada para jogadores considerados em final de carreira ou acima do peso). Sua estreia, contra o Corinthians, lotou o Pacaembu, não marcando nenhum gol no empate de 3 a 3, surgindo assim uma piada que envolvia o seu marcador da partida (José Augusto Brandão), que havia sido preso por estar com um diamante no bolso, já que anulou o centroavante são paulino, motivando Leônidas a jogar melhor a cada jogo.
O São Paulo venceu pela primeira vez o Campeonato Paulista, em 1943, o que a moeda havia caído de pé. Leônidas já era o principal jogador da equipe e no final do ano titular absoluto da Seleção Paulista. No ano seguinte o time vence a sua única Taça Cidade de São Paulo. E conquista o bicampeonato paulista de 1945/46 com a inesquecível linha de ataque formada por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixeirinha. Em seu novo clube vivia uma atmosfera bem diferente, sendo bem respeitado pelos dirigentes e treinadores. Pelo seu estilo de querer ganhar sempre, desentendia-se com os companheiros de equipe, mas seu desempenho em campo, como dos demais jogadores, era sempre muito bom.
A grande curiosidade na década de 40 é que não conseguia se firmar na Seleção Brasileira como no seu tempo de Flamengo. Segundo o próprio craque, o grande responsável foi o disciplinador treinador Flávio Costa, que comandava o time brasileiro. Apesar de contarmos com uma nova e talentosa geração, Leônidas achava que ainda tinha muito a oferecer, opinião que não se reservava apenas a ele, mas de todos que o acompanhavam no São Paulo e Seleção Paulista. Mas, infelizmente, continuava com algumas manias de chegar atrasado aos treinos e Flávio, conhecido por sua fama de durão, não o perdoava, na maioria das vezes sendo cortado. Teve algumas chances, vencendo a Copa Rocca em 1945 e disputou uma partida do Campeonato Sul-Americano no ano seguinte, mas sem nunca conseguir se firmar. O corte mais sentido foi nas disputas do Sul-Americano de 1949, disputado pela terceira vez no Brasil, quando vinha de uma contusão, mas sabendo que teria condições de jogo quando as disputas teriam início um mês depois, a equipe foi campeã, mas a sua ausência foi bem sentida, pois devido à idade, achavam que merecia ser homenageado, ainda mais tendo bola para apresentar.
Mas se na Seleção Brasileira as coisas não iam como Leônidas queria, no São Paulo continuava a vencer, como prova o bicampeonato paulista de 1948/49, com um time renovado, mas ainda muito bom e o craque, mesmo com mais de 35, ainda jogando um futebol de primeira. Encerra a carreira como jogador no início de 1950, consagrado, mas ao mesmo tempo triste pelas poucas oportunidades na Seleção Brasileira de Flávio Costa, já que sonhava em jogar o Campeonato Sul-Americano e principalmente a Copa do Mundo, pretendendo terminar em chave de ouro com o inédito título, o que não aconteceu.
Tentou ser treinador do São Paulo, mas sua linha dura não agradou aos novos e velhos companheiros. Participou também de um filme conhecido como Suzana e o Presidente, que precisava de um elemento importante à produção, então o diretor optou por incluir o futebol e claro que o representante tinha que ser o "ainda? mais popular futebolista brasileiro, mesmo já tendo encerrado a carreira.
Sem dúvida o momento mais importante da sua vida, depois de ter sido jogador de futebol, foi na profissão de comentarista, cobrindo várias Copas do Mundo e eleito, por muitos, como o melhor do Brasil. Por ter sido em uma época que conheceu a pessoa mais importante da sua vida, junto com a sua mãe, Dona Maria da Silva, reservarei um pouco do capítulo para a entrevista que fiz com a Dona Albertina, sua companheira por quase 50 anos.
ENTREVISTA COM DONA ALBERTINA
Resolvi no mês de setembro fazer uma matéria com a viúva do genial Leônidas da Silva. O nome do craque virou manchete, pois se estivesse vivo completaria 100 anos no último dia 06. Como já estou acostumado a entrevistar ex-jogadores e pessoas ligadas, resolvi entrar em contato com o jornalista André Ribeiro, autor do livro O Diamante Eterno, homenageando Leônidas da Silva. Gentilmente me passou o telefone de Dona Albertina, que aceitou de imediato a entrevista. Estive em seu apartamento na última sexta-feira 13, recebendo-me muito bem e respondendo perguntas mais relacionadas no período que conviveu com ele. Como saudosa companheira, preserva um quarto com matérias, prêmios e fotografias do tempo de atuação do grande Leônidas, tanto como jogador quanto comentarista, que poderão ser vistas nas fotos que estão postadas no site. Levei a ela um simples presente, mas que tem à Dona Albertina um significado muito especial, uma deliciosa barra do chocolate Diamante Negro.
MAURÍCIO SABARÁ: Dona Albertina, em que ano a senhora conheceu o Leônidas da Silva? Conte como foi.
DONA ALBERTINA: Eu conheci o Leônidas da Silva em 1954. Sou nascida em Santos, tinha feito um concurso no tempo em que o Jânio Quadros era prefeito de São Paulo pela primeira vez e estava no último ano da faculdade de filosofia da USP. O Leônidas trabalhava como Agente no Departamento de Saúde na Divisão do Serviço da Tuberculose. Ele já era comentarista da Rádio e TV Record. Comigo sempre foi muito galanteador e me chamava de princesa quando passava na minha sala.
Nossa história de amor começou mesmo a partir de 1956 quando a mãe dele, Dona Maria, faleceu. Fui a única que passou um telegrama de condolências. Ele ficou muito agradecido e me convidou para almoçar no restaurante Riviera. Fomos depois ao cinema, mas mesmo com as gentilezas dele, ainda achava cedo para começar algo. O seu ex-companheiro de Seleção Brasileira, Perácio, tinha um restaurante na Praia Grande e nos convidou para almoçar, fez um peixinho pra nós e o clima do lugar influenciou para começarmos a namorar.
Quando terminei a faculdade, fui convidada a ir à Bauru, mas o Leônidas não deixou, pois o nosso namoro já estava firme.
MAURÍCIO SABARÁ: Comente sobre a sua convivência com o Leônidas antes da doença. O que ele falava dos seus tempos de jogador de futebol?
DONA ALBERTINA: Acompanhava o Leônidas em praticamente todos os jogos que ele comentava. Em 1966, na Copa do Mundo da Inglaterra, já trabalhava na Rádio Pan-Americana (atual Jovem Pan). Depois do Mundial fizemos uma turnê pela Europa. Quando estivemos em Paris, muitos o conheciam e cumprimentavam-no por causa da Copa de 1938 quando ele foi artilheiro e apelidado de Diamante Negro e Homem de Borracha. Era uma pessoa de muito caráter, responsável e cumpria o que falava. Como comentarista conhecia muito bem futebol e me pedia nota dos seus comentários. Muito educado com as pessoas que o cumprimentavam, elegante pra falar e comer. Não era tão estudado como eu, mas inteligente e absorvia bem as coisas que lhe eram passadas. E tinha muito ciúmes de mim.
Em relação ao futebol da época dele como jogador comentava pouco, preferindo mais falar da Copa do Mundo de 1938 e do esporte no momento atual que estávamos juntos. Mas era muito consciente do seu valor.  O jogador que ele mais admirava no seu tempo de futebolista era o Domingos da Guia e no período como comentarista gostava do Mané Garrincha. Tinha certa mágoa do Flamengo. Seus melhores amigos foram na época do São Paulo.
Já me perguntaram o que o Leônidas seria se não fosse jogador de futebol. Eu disse que teria sido um bailarino ou escritor, expressão dada por um grafólogo alemão que mostrei as cartas de amor que ele me escrevia.
MAURÍCIO SABARÁ: Como foi o triste período em que ele esteve doente?
DONA ALBERTINA: Muito triste. No período da doença, duas características que ele tinha permaneceram na sua personalidade. Uma delas era a violência com as próprias enfermeiras e por ciúmes de mim. A outra foi preservar a elegância nos gestos, no modo de comer e a educação.
Quando estava internado, sentia saudades de mim e quando eu aparecia me abraçava e beijava, sem esquecer o meu nome.  Mas a sua memória foi apagando devido ao Mal de Alzheimer. Estava internado numa clínica geriátrica em Cotia, na Granja Viana. Tinha câncer na próstata, mas a sua morte em 2004 ocorreu devido à falência dos órgãos, causado principalmente pelo Alzheimer. Grande parte da despesa foi paga pelo São Paulo Futebol Clube, a quem eu sou eternamente grata. O velório foi em um salão do clube, que também pagou o seu enterro.
MAURÍCIO SABARÁ: Qual é o legado deixado por Leônidas no futebol e na vida da senhora?
DONA ALBERTINA: No futebol todos que o viram jogar dizia que o Leônidas foi um craque, o que ele sempre afirmou. Acredito que tenha sido bem mais, um gênio. Como não o vi jogar, não posso dar uma opinião de todo o seu virtuosismo, mas pelo que leio e ouço, não duvido jamais, além dos amigos que sempre afirmaram que foi mais que extraordinário.
Pra mim foi o meu grande amor, a quem dediquei toda a minha vida. Ele sempre estava presente e sei que me amava muito.

Imagem: @CowboySL















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