Arrogância do torcedor tupiniquim é enorme, sobretudo no futebol. A cada revés, seja de clubes ou da seleção brasileira, os fanáticos buscam alguém para justificar o fracasso. Maicon, do São Paulo, é mais um exemplo de que o brasileiro não sabe perder

Arrogância do torcedor tupiniquim é enorme, sobretudo no futebol. A cada revés, seja de clubes ou da seleção brasileira, os fanáticos buscam alguém para justificar o fracasso. Maicon, do São Paulo, é mais um exemplo de que o brasileiro não sabe perder

O brasileiro tem uma necessidade doentia em encontrar vilões para justificar seus fracassos, principalmente quando se trata de futebol. Utopia imaginar que os fanáticos possam admitir erros, fragilidades e bater palmas para o rival.

A arrogância do brasileiro é enorme quando o assunto é futebol. O passado prova isso e o presente comprova a tese de que não sabemos perder. Foi assim em 1982, após a eliminação do Brasil da Copa do Mundo da Espanha, na dolorida derrota para a Itália.

Na ocasião, a ira recaiu sobre Toninho Cerezo, que errou num dos gols. Paolo Rossi, avante italiano, autor de três gols na derrocada brasileira, também foi levado à condição de vilão. Muitos ainda defendem que se ele não estivesse em campo, o Brasil teria triunfado naquele mundial. Poucos, de forma sensata, deram parabéns à seleção italiana na época, que era um ótimo time comandado por Enzo Bearzot e mereceu a classificação.

Em 1986, na Copa do México, o vilão foi Zico, que perdeu um pênalti no tempo normal, diante da França, num duelo em que o Brasil acabou eliminado justamente na cobrança dos pênaltis, após 120 minutos de luta e sofrimento. O vilão devia ser encontrado e sobrou para o Galinho.

Os exemplos são diversos. Nos clubes também encontramos jogadores que se tornaram vilões da noite para o dia, graças à obsessão do brasileiro em culpar alguém diante da dor.

Rivellino, o Reizinho do Parque, foi mandado embora do Corinthians após a perda do título paulista para o Palmeiras, em 1976. Em 1991, foi a vez do zagueiro Guinei ser escorraçado do Parque São Jorge, após falhar num duelo da Libertadores, que rendeu a eliminação do time do povo. A Fiel não perdoou.

Já o lateral Denys, do Palmeiras, caiu em desgraça no Palestra Itália, depois de fracassar na decisão estadual, diante da Inter de Limeira, em 1986.

O presente agora nos aponta mais um vilão. O São Paulo está virtualmente eliminado da Libertadores da América. Perdeu para o Atlético Nacional-COL por 2 a 0, no Morumbi, e agora terá de buscar uma vitória improvável fora de casa, no jogo da volta. A eliminação é questão de dias...

O zagueiro Maicon, expulso na etapa final, é a bola da vez na esteira de vilões que o brasileiro busca para justificar seus fracassos.

O jogador errou ao ser expulso de forma infantil no segundo tempo? Claro. Mas isso não o torna vilão e grande responsável pelo fracasso tricolor. Peço a você, são-paulino, que deixe o fanatismo de lado, se for possível, e analise e jogo. Concluirá que o Atlético é melhor que seu time. Que faltou tudo ao seu tricolor, inclusive futebol. E que o clube chegou longe demais, até porque a bola do time de Bauza não é de semifinalista da Libertadores. Isso ficou claro na trágica noite no Morumbi.

Maicon tem sua parcela de culpa. É fato. Mas não a maior. Bauza errou também após a expulsão, assim como na escalação. O elenco é limitado e cumpriu um bom papel. A frustração fica, é verdade, mas a realidade é uma só: o Atlético Nacional mereceu a vitória e tem tudo para obter novo triunfo em casa, no jogo da volta.

É preciso acabar com essa cultura de procurar vilões diante do fracasso. Humildade em aceitar a vitória rival é digno e faz bem.  

  

 

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Foto: UOL

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