Na época, o ex-jogador estava preocupado com dois excessos que Neymar cometia em campo: de quedas e de reclamações

Na época, o ex-jogador estava preocupado com dois excessos que Neymar cometia em campo: de quedas e de reclamações

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

Anunciado na última quarta-feira (17) como novo auxiliar pontual da seleção brasileira, Jonas Eduardo Américo, o Edu, chegará à equipe nacional com um importante trunfo no currículo. Ídolo do Santos, ele diz ter sido um dos artífices de uma importante mudança no comportamento de Neymar quando o jogador defendia a equipe alvinegra.

"Eu estava no CT. De repente, vi que ele estava treinando sozinho – o restante do time tinha viajado para um jogo fora, e o Neymar estava suspenso. Aí eu aproveitei para conversar com ele, e ele assimilou muito bem. Depois, até o pai dele veio me cumprimentar e agradecer", contou Edu em entrevista ao UOL Esporte.

Na época, o ex-jogador estava preocupado com dois excessos que Neymar cometia em campo: de quedas e de reclamações. "Ele caía, falava e tomava cartões. Eu passei que ele tinha de fazer como eu: driblar, sofrer faltas, levantar, não falar com ninguém e ir novamente para cima do zagueiro. Era o que eu fazia", disse Edu.

Neymar esteve envolvido em muitas polêmicas no início da carreira por causa dos dois traços de personalidade identificados por Edu. Num dos episódios mais marcantes, em 2010, o técnico René Simões, que na época comandava o Atlético-GO, demonstrou preocupação. "Estamos criando um monstro", disse ele em entrevista coletiva. "Estou desde garoto no futebol, e em poucas vezes vi alguém tão mal educado esportivamente", completou.

"Ele aprendeu. Eu fiquei muito feliz porque o Neymar comentou com o pai e assimilou o que conversamos", comentou Edu.

A evolução da personalidade de Neymar nos meses seguintes foi gritante. O atacante deixou de ser protagonista de confusões e se consolidou como protagonista em campo. Depois da Copa do Mundo de 2010, assumiu vaga de titular na seleção brasileira. Em 2011, ajudou o Santos a conquistar a Copa Libertadores.

Principal jogador da seleção brasileira no ciclo até a Copa de 2014, Neymar usou a camisa 10 no Mundial jogado em casa. O atacante anotou quatro gols e deixou o torneio nas quartas de final – no segundo tempo da vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, sofreu uma fratura em uma vértebra após entrada do lateral Zuñiga.

Hoje no Barcelona, Neymar também tem sido exemplo de comportamento no clube. Desde que foi contratado, o brasileiro sempre deu declarações públicas de exaltação ao argentino Lionel Messi, principal ídolo da equipe catalã.

"Ele é um garoto muito bom. É humilde, quer jogar, faz como eu fazia. O Neymar gosta de jogar futebol e brinca de jogar bola", enalteceu Edu.

Na atual seleção brasileira, Neymar é um dos jogadores em que Edu enxerga qualidades mais próximas das que ele tinha. Ex-jogador do Santos, o novo auxiliar pontual foi ponta esquerda e esteve na seleção que conquistou a Copa do Mundo de 1970.

"É difícil [alguém hoje ter um estilo similar ao dele] porque não existem mais pontas. Mas o Robinho e o Neymar... eu gosto do que eles fazem. É arte, mas é objetivo. Não adianta você dar 500 dribles e não acontecer nada. É melhor você dar um drible só e fazer o gol", comparou Edu.

O ex-jogador de 65 anos vai trabalhar com a seleção brasileira em amistosos contra Argentina (11/10, em Pequim) e Japão (14/10, em Cingapura). O cargo é transitório – foi ocupado por Mauro Silva nas duas partidas anteriores – e será sempre de alguém com histórico na equipe nacional.

"Tivemos um recomeço muito bom, com duas vitórias, e se Deus quiser vamos conquistar mais duas. Aí a coisa pode começar a ficar legal porque logo mais vamos ter as Eliminatórias. Temos de estar com um time bem armado", ponderou Edu, que não enxerga uma crise de talentos na geração que tomou 7 a 1 da Alemanha nas semifinais do último Mundial: "Temos ótimos jogadores. O que aconteceu na Copa foi um aborto da natureza. Nós temos condições de chegar e de enfrentar qualquer país de igual para igual, sem nenhum problema. Com esse mesmo grupo nós ganhamos a Copa das Confederações".

Foto: UOL

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