Muricy Ramalho abriu a própria entrevista coletiva na quinta-feira, após a vitória sobre o São Bento, no Morumbi, afirmando que a diretoria do São Paulo está dividida e que isso atrapalha o futebol. Disse que existe pressão e que há "forças" para tentar derrubá-lo do cargo. Na manhã de sexta-feira, o presidente Carlos Miguel Aidar emitiu nota na qual negou qualquer ressalva e reiterou apoio à permanência do técnico. Mas nada disso é novo para Muricy. O técnico são-paulino não só já passou por momentos iguais no São Paulo como sobreviveu e foi campeão depois do mais tenso deles.
Em maio de 2008, Muricy Ramalho já havia conquistado duas vezes o Brasileirão pelo São Paulo (2006 e 2007) quando foi eliminado pelo Fluminense nas quartas de final da Copa Libertadores. A diretoria, então, rachou: diferentes membros da cúpula tricolor – à parte o presidente Juvenal Juvêncio – pediram a cabeça do treinador. Ele resistiu, retrucou e conseguiu permanecer. Mas esse processo foi longo.
Assim como faz agora, em 2015, Muricy também se defendeu publicamente das críticas internas em 2008. Passou a dizer em suas entrevistas que haviam "cornetas" dentro do Morumbi, e que havia dirigentes no clube que defendiam sua demissão. Funcionou: seu respaldo com a torcida fez com que o treinador recrutasse uma legião de defensores das arquibancadas.
Na ocasião, há quase sete anos, o técnico tinha o aval integral do presidente Juvenal Juvêncio. E sempre fez questão de deixar isso claro. "Se eu sentir que não me querem eu vou embora. Só fico aqui porque seo Juvenal me quer. Eu fico pelo seo Juvenal", disse, em um dos encontros com jornalistas durante tal fase. As "cornetas" às quais se referia vinham da diretoria de futebol, na avaliação do técnico.
Mesmo com a pressão, Muricy resistiu em 2008 – ano no qual passou o segundo semestre inteiro falando sobre seus críticos dentro do clube. E chegou ao fim do ano como campeão brasileiro pela terceira vez, depois de uma reação histórica em perseguição ao Grêmio.
O racha no São Paulo só resultou na queda de Muricy em junho de 2009, mais de um ano depois. Juvenal Juvêncio ainda era contra a demissão, mas teve que satisfazer o resto da diretoria e sacar o treinador, visto como desgastado, após mais uma eliminação na Copa Libertadores.
Agora, o cenário não é tão diferente, pelo menos pelo que diz o treinador. Demonstra ter apoio de apenas uma parte da diretoria, apesar do presidente Carlos Miguel Aidar negar problemas internos em nota oficial. Muricy Ramalho, no entanto, já mostrou que sabe corresponder sob pressão – como ele mesmo disse na quinta-feira.
A diferença do cenário antigo para o atual é o nível de futebol produzido pelo São Paulo. Em 2008, o time vinha de dois títulos e jogava bem, fez um segundo turno irretocável e sagrou-se mais uma vez o melhor do Brasil. Neste momento, a equipe joga mal e ainda tenta encontrar soluções. Mantido no cargo, o treinador terá a chance de mostrar que pode repetir a história.
Foto: UOL
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