Elas andaram sumidas desde que o craque saiu do país e foi se aventurar mundo afora

Elas andaram sumidas desde que o craque saiu do país e foi se aventurar mundo afora

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

Quem não se lembra das Kakazetes? As fãs enlouquecidas por Kaká ficaram famosas quando ele surgiu no São Paulo em 2001. Em todo treino e jogo, lá estavam elas com um arsenal de gritos escandalosos e lágrimas compulsivas. Tudo para conseguir uma foto, um autógrafo ou só para ele ouvir mesmo.

Elas andaram sumidas desde que o craque saiu do país e foi se aventurar mundo afora. Foram quase doze anos na Europa, com passagens pelo Milan e Real Madrid. Mas agora que ele voltou para o São Paulo, o UOL Esporte foi atrás para saber que fim levou as Kakazetes. As adolescentes de antes viraram mulheres hoje. Algumas casaram, outras tiveram filhos e se tornaram até executivas.

Fabiana Ceoli foi pioneira entre as fãs do jogador. Em 2001, assim que ele despontou no torneio Rio-São Paulo, ela fundou o fã-clube Kakazetes e se gaba de ter sido a criadora do nome que passou a denominar todas as seguidoras do atleta. Naquela época, quase todas as horas do seu dia eram dedicadas a ele.

"Eu pensei em algo como chacretes e virou kakazete. Acho legal que tenha pegado, mas nem todo mundo lembra disso. Eu deveria ter patenteado. Ia ganhar dinheiro", brinca.

Na época, a rotina incluía pesquisa diária por informações, horas de telefone com as outras integrantes do fã-clube, recortes de revistas e jornais e diversas atualizações do site com um detalhe: a internet ainda era discada.

Hoje, a vida é bem diferente. Fabiana é executiva de uma multinacional e trabalha com gestão de projeto na área de tecnologia da informação. Ela trata com grandes clientes na função que requer bastante responsabilidade.

"A vida mudou muito. Hoje tenho obrigações, lido com grandes clientes, tenho que ser adulta. Eu torço muito pelo Kaká, mas não acompanho mais, não sei muito sobre a vida pessoal dele. Foi uma coisa que passou e vai ficar como uma lembrança em meu coração".

Sua amiga desde a época em que corriam loucamente atrás do ídolo, Ana Paula Cordeiro se lembra com detalhes do dia em que não segurou as lágrimas ao conhecer Kaká. Ali ela virou uma fã 'número 0'. Passou a fazer plantões no CT do São Paulo com sua mãe e pediu recortes de jornal até para o diretor da escola e um padre amigo da família que morava na Itália.

Os pôsters na parede do quarto e atrás da porta até que sobreviveram bastante e só foram tirados quando ela se casou. Hoje, Ana é supervisora jurídica em um escritório de advocacia e o amor por Kaká foi canalizado para o marido.

"Meu marido nunca teve ciúmes. Quando eu o conheci, eu já não era tão fã, mas meu quarto ainda era cheio de fotos. Mesmo assim ele não ligou. Meu sentimento pelo Kaká também nunca foi de querer casar. Minha mãe até brinca que eu escrevia. "Kaká eu te amo. Com todo o respeito". Eu queria era estar perto, que ele soubesse meu nome. Eram coisas muito prazerosas para mim", diz. "Mas uma vez Kakazete, sempre Kakazete. Hoje o vejo com outros olhos, como um exemplo para construir minha família".

As kakazetes realmente mudaram. Algumas já se tornaram até mães. A bióloga Cristiane Ramos não tem vergonha de ser fã do jogador e da mulher dele, Caroline Celico, mesmo sendo casada e mães de duas filhas: uma de 16 e outra de cinco.

Cristiane conta que tem um comportamento diferente das meninas mais novas. O que a atrai não é a beleza de Kaká, mas sim a postura correta do casal e os ensinamentos que passam por meio de suas mensagens religiosas.

Aos 33 anos, ela é uma fã tardia e começou a acompanhar o jogador quando ele já estava jogando no Milan. Tudo começou porque ela passou a admirar e a acompanhar de perto do trabalho de Carol Celico como cantora evangélica.

Mas a filha mais velha de Cristiane, Caroline, entrega que a mãe tem momentos dignos de uma 'adolescente' e até tira um sarro pelos ataques histéricos. "A minha mãe viu a Caroline Celico e começou a chorar", conta, com ar de deboche.

Cristiane vê graça na relação coma filha. "Às vezes ela acha que sou adolescente. Mas eu não ligo. A gente tem uma vida cheia de responsabilidade, trabalho, casa, filhos, casamento, ser fã é uma forma de extravasar. Eu não deixo de cumprir nada da minha casa para ir atrás dos dois", conta, com o ar maduro que têm as kakazetes de hoje.

Foto: UOL

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