O ex-presidente reforçou que Aidar tem mantido contato com a ala oposicionista do clube

O ex-presidente reforçou que Aidar tem mantido contato com a ala oposicionista do clube

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo*

A guerra política no São Paulo foi definitivamente aberta na tarde desta segunda-feira: após bombardeio de críticas e revide, o presidente Carlos Miguel Aidar convocou o ex-presidente e padrinho político nas últimas eleições Juvenal Juvêncio para uma reunião no Morumbi e o destituiu do cargo de diretor de futebol de base - a informação foi dada pelo Blog do Juca. Agora, Juvenal Juvêncio deixa para trás as palavras que media até a semana passada "pelo bem da instituição" e dispara intensamente contra aquele que indicou à presidência, com uma ressalva: "Eu me equivoquei".

"É um traidor. Aliás, eu falei isso para ele. Um traidor vil", contou Juvenal Juvêncio, ao UOL Esporte, depois da reunião com o presidente. "Quando cheguei, ele disse que eu não poderia mais ficar pois estou querendo mandar. Hoje foi só a quarta vez que fui ao Morumbi desde que deixei a presidência. Na terceira vez, fui com minha mulher para entregar uma gravata de presente a ele pelo aniversário". Hoje foi a quarta vez. Falei para ele: "Você está querendo demitir o Muricy no fim do ano, o Gustavo [Vieira de Oliveira, gerente de futebol], o Milton Cruz...", diz o ex-presidente.

Questionado na última quinta-feira se estaria arrependido da decisão de indicar Carlos Miguel Aidar à própria sucessão, Juvenal Juvêncio não quis responder. Agora, fora do clube, ele admite:

"Cometi um grande equívoco, um grande engano. Carlos Miguel ficou 24 anos longe do clube, depois me procurou porque queria ser presidente. Ele não ia em reunião do conselho, não dava a menor bola. Mas agora piorou demais da conta. Está maluco. Cheguei a dizer para ele: "você fez tratamento de beleza e tomou algum remédio que machucou seus neurônios". O Carlos Miguel vai muito mal no negócio do São Paulo, claro que não posso falar, mas tenho que falar. Ele se ocupa muito de coisas pequenas".

Segundo o ex-presidente, uma das declarações de Carlos Miguel Aidar à "Folha de S. Paulo" na semana passada, na qual afirma que o clube poderia ser gerido por 95 funcionários, e não por 950, como acontece hoje, causou revolta interna.

"Como que ficam esses funcionários? Tem que ver a revolta que está lá dentro. Quando ele deixou o clube há 24 anos ele já tinha 470 funcionários. Isso são dados estatísticos".

O ex-presidente reforçou que Aidar tem mantido contato com a ala oposicionista do clube, com Marco Aurélio Cunha, e acusou um acordo entre as partes para tentar aprovar a reforma de modernização do Morumbi.

"Ele está fazendo um acordo com o oposição que é um acordo vil, para aprovar a cobertura. Está dando cargo", falou.

A saída de Juvenal Juvêncio da diretoria do São Paulo deve desencadear mudanças na cúpula do São Paulo. É possível que vice-presidentes e diretores aliados ao ex-presidente entreguem seus cargos nos próximos dias, e que outros sejam destituídos por Aidar.

Reunião

Carlos Miguel Aidar aproveitou a reunião de diretoria desta segunda-feira à noite, no Morumbi, para tentar explicar a seus dirigentes o embate político iniciado na última semana. Antes, no entanto, recebeu do vice-presidente Roberto Natel o pedido para deixar o cargo. O primeiro racha na diretoria inicia aquilo que pode desencadear uma série de mudanças. Após a reunião, não houve manifestação semelhante por parte de outros diretores.

*Atualizada às 21h09

Foto: UOL

Últimas do seu time