O detalhe cruel da história é que curiosamente o Botafogo apresentou uma proposta de renovação nas últimas semanas

O detalhe cruel da história é que curiosamente o Botafogo apresentou uma proposta de renovação nas últimas semanas

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

A temporada de Jobson tem sido uma verdadeira montanha russas de emoção. Após iniciar a temporada em baixa, o atacante recuperou o prestígio antes de perder novamente a vaga de titular. Para piorar, ele ainda foi punido pela Fifa e está impedido de jogar futebol pelos próximos quatro anos. Mas nada não está tão ruim que não possa piorar. Em junho, chegará ao fim o seu contrato com o Botafogo, que já admite não renovar após o novo problema. Impedido de praticar a profissão, o jogador poderá ficar desempregado em um mês.

O detalhe cruel da história é que curiosamente o Botafogo apresentou uma proposta de renovação nas últimas semanas. Orientado pelo advogado Rodolpho Cézar, o atacante não assinou o novo contrato: queria um salário maior do que o oferecido pelo clube. Agora, com a punição da Fifa, o Alvinegro prefere manter a calma e vai esperar uma decisão mais definitiva para se posicionar.

"Sabíamos que tinha esse problema da Arábia Saudita, mas não que estava para chegar a esse ponto. Sobre a renovação, o Botafogo estava disposto a assinar a renovação há algumas semanas, mas foi ao advogado dele quem decidiu adiar e não assinar. Quem não assinou foi ele. Agora temos uma nova situação. Vamos aguarda o desenrolar da história e ver como as coisas se sucederão. [Não renovar] É uma possibilidade agora", disse o presidente Carlos Eduardo Pereira.

A situação de Jobson comove o Botafogo. Existe um sentimento de que o jogador não deveria ser punido, devido às circunstâncias de como o teste antidoping ocorreu na Arábia Saudita. Isso, no entanto, não quer dizer que o Alvinegro irá renovar com o atacante se a punição for mantida. O diretor de futebol Antônio Lopes conta como foi a reação do atacante e sobre o futuro do atleta.

"Ele não recebeu bem. Conversei com ele e o tranquilizamos. Vamos dar todo o apoio para que ele volte a jogar. Os advogados dele são gabaritados. Ele terá todo apoio do Botafogo. O Jobson vai voltar a jogar futebol. Isso não precisa nem duvidar. Os advogados vão lutar e existem muitas etapas para ele questionar essa situação", afirmou o dirigente.

Uma situação que poderia facilita toda a situação, é a anulação da punição. O advogado Marcos Motta, que representa o jogador do Botafogo neste caso, diz que existem elementos suficientes para que Jobson seja absolvido, mas isso dependerá da Fifa. Um recurso será peticionado na próxima semana.

"O pedido foi feito pelo próprio clube, e o engraçado é que o Jobson já estava brigando com relação a salários atrasados. Já havia uma ação preparada na Fifa. As notificações já tinham sido feitas. Aí houve essa tentativa de exame antidoping, que nós não sabemos direito como aconteceu. Não havia nenhum tipo de tradução, não havia nenhum documento oficial", completou Marcos Motta.

O exame imposto pela Federação de Futebol da Arábia Saudita aconteceu quando o atleta defendia o Al-Itthihad. A fuga do teste resultaria em punição, o que foi confirmado no país. O Pleno do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), porém, deu razão ao atleta em novembro de 2014. De acordo com os advogados brasileiros, a punição imposta pela Federação Saudita de Futebol em abril daquele ano foi realizada sob circunstâncias ilegais. Por isso, o atacante estava livre para defender o Botafogo normalmente.

A Fifa julgou o caso nesta sexta e confirmou a validade da punição imposta pelos árabes. A pena de quatro anos é válida em todo o mundo. Com isso, Jobson não pode atuar pelo Botafogo.

Em abril de 2014, Jobson estava se desligando do Al-Itthihad por conta de problemas com o novo presidente árabe, que queria reduzir seu salário mesmo com o contrato vigente. A recusa do atacante gerou crise e ele foi afastado do time. Alguns dias depois, um suposto funcionário da Federação Saudita apareceu no hotel onde o jogador estava hospedado para um teste de doping surpresa.

Jobson se recusou a fazer o teste com um funcionário que não tinha um intérprete. Ele acabou suspenso pela federação local por quatro anos, gancho confirmado pela Fifa. O atacante tem contrato com o Botafogo até junho de 2015.

Foto: UOL

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