Essa história é daquelas, pra contar para filhos, netos e bisnetos...

Essa história é daquelas, pra contar para filhos, netos e bisnetos...

No dia 24 de março de 2012, Marinho Chagas colaborou com o Terceiro Tempo enviando essa história espetacular. Confira abaixo!

Essa história é daquelas, pra contar para filhos, netos e bisnetos...

1977, estava no Fluminense,  e após vitória em um clássico, que sinceramente não me lembro contra quem foi, nosso presidente, Francisco Horta, empolgado com nosso triunfo,  resolveu convidar todo elenco para um jantar no Pirata,em Ipanema,  um dos restaurantes mais badalados na época.

Eu fui um dos primeiros a chegar no local, depois vieram, Rivellino, o saudoso Doval, Wendell, cada um com suas respectiva esposa, namorada ou rolo.

De repente Carlos Alberto Pintinho aparece com um amigo famoso. Nada mais, nada menos , que Raimundo Fagner e seu violão a tira colo.

Jantar agradável, bate papo de boleiro, risadas e antes mesmo de chegar a conta, a turma desviou o olhar para ver a chegada de dois craques da MPB: Chico Buarque de Holanda e Tom Jobim.

Apaixonados por futebol que são, eles resolveram se incorporar ao grupo que já tinha Fagner como representante do mundo artístico.

Conversa vai, vem, eu , totalmente enturmado com o trio, tomei a liberdade de pedir para o Fagner tocar "Canteiros" no violão.

O cearense não negou, mas disse que atenderia meu pedido mais tarde.

Chico resolveu interceder mas de maneira desafiadora. Olhou pra mim e disse:

"Se você fizer 200 embaixadinhas canta ele, eu e ainda o maestro Jobim!"

Eu que nunca fui de negar fogo em desafios topei, porém faltava o principal: a bola !

Olhei, olhei, pensei e tive , enfim, uma idéia. Pedi licença aos já curiosíssimos presentes e fui até a cozinha a procura de uma laranja.

Não foi difícil encontrar uma. Faltava amaciar a fruta para não fazer feio. Coloquei-a em cima da mesa, ainda na cozinha, e com a palma da mão eu ia pressionando a laranja em movimentos circulares. Tudo isso para deixá-la mais mole, o que facilitaria minha tarefa.

Tudo certo, voltei para a mesa. Mas quem faria a contagem oficial ? Na dúvida do grupo, comecei eu mesmo:

"Um, dois, três..."

"10 !" gritou a turma. E foi assim por diante. A cada dezena, todos marcavam a contagem em coro:

"70,80,90... 160, 170, 180, 190 !"

Aí virou contagem regressiva:

"10, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, ummmmmmmmm..."

Claro que eu tinha que fazer uma graça: dei mais um totó de brinde, levantei a laranja, peguei com minha mão direita e a entreguei ao desafiador Buarque de Hollanda:

"Aí está, esse é meu presente pra você!"

Pareceu um gol ! Foi uma festa, palmas, assobios, e, o mais importante,  dívida paga.

A noite terminou ao som de "Mulheres de Atenas", "Garota de Ipanema? e, claro:

"Quando penso em você, fecho os olhos de saudadeeeeeeeeeee..."

Palavra de Bruxa !

Colaboração de Luciano Jr.

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