A disparidade mostra que alguma economia com o que acontece no gramado poderia impedir o crime de sonegação

A disparidade mostra que alguma economia com o que acontece no gramado poderia impedir o crime de sonegação

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

Os dirigentes do Corinthians (e da maioria dos clubes, diga-se) não hesitam ao serem questionados sobre sonegação de impostos: não pagam porque, se assim fizerem, as contas não fecham. Acusado de deixar de pagar R$ 35,8 milhões de 2007 a meados de 2012, o clube do Parque São Jorge gastou, no mesmo período, R$ 835,7 milhões.

A disparidade mostra que alguma economia com o que acontece no gramado poderia impedir o crime de sonegação. O valor devido pelo Corinthians representa 4,2% do que ele gastou no período.

O valor de impostos devidos pelo Corinthians em apenas uma ação fiscal veio à tona na última quarta, quando tornou-se público que a Justiça acatou uma denúncia do Ministério Público Federal. Além de Andrés, outros três dirigentes do clube são acusados de sonegação.

São menos de R$ 6 milhões por ano fiscal, de acordo com os balanços publicados pelo Corinthians no seu relatório de sustentabilidade. No período, aliás, o clube mais do que duplicou seus gastos com futebol - foi de R$ 114,6 mi em 2007 a R$ 233,3 mi em 2012. O aumento de R$ 118,7 bate por muito o valor sonegado.

Principal acusado do processo por ser o presidente da época, Andrés explicou à ESPN Brasil que a sonegação foi uma "opção administrativa", usando o mesmo raciocínio comum.

Outros dois dirigentes do clube, que pediram para não terem seus nomes revelados, afirmaram ao UOL Esporte que em determinado momento o clube teve que decidir se pagava impostos ou salários. Segundo eles, caso optasse pelos tributos, o time despencaria nas tabelas de classificação dos campeonatos.

A escolha por não quitar os impostos era vista como uma medida fundamental para que o Corinthians pudesse brigar por títulos.A direção alvinegra afirma que fez um acordo para parcelar os débitos e considera a situação regularizada.

Só que a "estratégia", além de ilícita, vai fazer o Corinthians pagar o triplo. Segundo o blog do Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, o valor devido só chega a R$ 94 milhões por conta de multas e juros que o clube recebeu desde então.

FOTO: UOL

Últimas do seu time