De acordo com a Bíblia Judaica, D?us criou o mundo em seis dias, descansado no sétimo, o sagrado sábado. Seu livro é conhecido como Torá e representa a mais importante escrita para o povo judeu.

De acordo com a Bíblia Judaica, D?us criou o mundo em seis dias, descansado no sétimo, o sagrado sábado. Seu livro é conhecido como Torá e representa a mais importante escrita para o povo judeu.

De acordo com a Bíblia Judaica, D?us criou o mundo em seis dias, descansado no sétimo, o sagrado sábado. Seu livro é conhecido como Torá e representa a mais importante escrita para o povo judeu. Nele estão os nomes de grandes heróis bíblicos, como Noé, Abraão, Isaac, Jacó, José, Moisés, Josué, Sansão, Davi, Salomão, Ruth, Esther, Elias, Daniel e tantos outros.
Para os cristãos esse livro também tem um grande valor, que é chamado por eles de Velho Testamento. Mas somente eles seguem outro livro conhecido como Novo Testamento, que trata da passagem de Jesus Cristo pelo mundo que, segundo a fé cristã, é o Filho de Deus.
E há também o Alcorão, o livro sagrado para os muçulmanos.
São as três religiões monoteístas do mundo.
Quando ocorreu o incêndio do templo de Salomão, imposto pelo Rei Romano Nero, no ano de 64, o povo judeu saiu de Jerusalém, se dispersando pelo mundo, em especial ao continente europeu, no que ficou conhecido como Diáspora. Em cada país da Europa preservaram a sua cultura, mas se adaptando ao estilo de vida de cada nação que chegavam, principalmente no período da Idade Média (476 a 1453). Mas também foram vítimas de várias perseguições por diversos motivos (principalmente preconceito e intolerância religiosa), dificilmente podendo praticar a sua religião com inteira paz, em especial na época da Inquisição, quando muitos foram queimados vivos. Em 1492 a América foi descoberta e os judeus foram expulsos da Espanha. Na Europa Oriental havia o Pogrom (Massacre) em que suas aldeias eram invadidas de surpresa e vários massacres aconteciam, sem intervenção da polícia. Em países da Europa Central também houve discriminações e perseguições, mas em uma escala menor, principalmente após a Revolução Francesa de 1789, dando-se uma impressão que novos ares estavam surgindo. No século XIX, em países como a Alemanha (unificada em 1871) e Áustria-Hungria, os judeus gozavam de boa liberdade, participando ativamente da sua vida social , integrados na música, política e cultura. O preconceito existia, mas nada que fosse tão forte para que se sentissem inteiramente perseguidos, levando-os a deixar o país.
No final do século XIX um militar judeu francês conhecido como Dreyfus foi acusado de entregar segredos militares aos alemães, mas sem se ter provas concretas. Deposto do cargo em praça pública, sob os olhos furiosos da multidão, que muitas vezes se aproveitavam de tal situação para gritar palavras de terror contra eles. Theodor Herzl, jornalista austro-húngaro, estava presente e viu a necessidade da criação de um Estado Judeu. E por incrível que pareça foram justamente os judeus alemães e austríacos que mais discordaram de saírem do seu país para uma possível vida em uma nação localizada no deserto. Sem adivinharem o futuro, quem sabe teria sido a melhor solução no início do século XX.
Áustria
Encravada entre os Alpes, a Áustria tem um território três vezes menor que o Estado de São Paulo. Faz fronteira com países como a Suíça, Alemanha, Itália, Hungria, República Checa, Eslováquia e Eslovênia, não sendo banhada pelo mar. Sua natureza é muito bela, além da culinária e é também um dos berços da música mundial, em especial a clássica, com nomes ilustres como Wolfgang Amadeus Mozart e a família Strauss com as suas maravilhosas valsas. Viena é a sua capital.
Como boa parte dos atuais países europeus, seu território foi habitado inicialmente por tribos bárbaras, sendo dominado depois pelo Império Romano. Na Idade Média tornou-se um país feudal como os demais, sofrendo muitas invasões, em especial dos mongóis. Surgiu a Monarquia dos Habsburgos, governando a Áustria por muitos anos. Por ter uma política imperialista, dominou boa parte dos territórios próximos de língua alemã e a Hungria, criando assim o Império Austro-Húngaro. No século XVIII, na monarquia da Imperatriz Maria Teresa, teve como grande rival o Reino da Prússia, que também queria assumir uma autonomia nos territórios alemães, em especial no reinado de Frederico II, O Grande. Os conflitos voltaram a acontecer no século XIX, com os prussianos conseguindo criar uma Alemanha unificada, tendo total domínio sob os estados de língua alemã, incluindo a Bavária, aliada dos austríacos. Mas alguns anos depois essa velha rivalidade acabou e os dois países se aliaram com a Itália, formando a Tríplice Aliança em 1882. Ao entrar na Primeira Guerra Mundial em 1914 com o apoio da Alemanha, seu outrora glorioso império foi derrotado, fazendo com que o país se tornasse uma república, extinguindo o Império Austro-Húngaro no término do conflito (1918), tanto é que a Hungria tornou-se novamente um país autônomo cuja capital é Budapeste.
Hugo Meisl
Foi nessa Áustria imperial e acessível aos judeus que Hugo Meisl nasceu no dia 16 de novembro de 1881. Sua cidadã natal é Maleschau, região da Boêmia, hoje pertencente à República Checa, mas que na época fazia parte do Império Austro-Húngaro. Filho de comerciantes judeus, a família se mudou para Viena quando tinha onze anos, cidade da qual viveu todo o resto da sua produtiva vida. Estudou gestão e comércio, trabalhando também em banco.
No início do século XX, o futebol era praticado com constância na Europa, continente berço das suas regras oficiais. Obviamente que na Áustria a sua prática era bem ativa. E Hugo Meisl tentou se aventurar no Vienna Cricket, mas como não era dos melhores jogadores, optou de ser árbitro, apitando vários jogos no seu país, inclusive fazendo parte da arbitragem das Olimpíadas de 1912 em Estocolmo, Suécia. Em 1912 Meisl tornou-se treinador da Seleção Austríaca, mas teve que interromper no ano de 1914 por causa da eclosão da Primeira Guerra Mundial que se estendeu até 1918. Em 1919 volta a assumir o cargo, permanecendo até o ano da sua morte (1937).
Hugo Meisl queria que o futebol austríaco fosse o melhor da Europa. Após uma partida contra a Itália em 1923, passou a fazer viagens à Inglaterra, pátria do futebol moderno, com o objetivo de trocar experiências. Jimmy Hogan e o expressivo Herbert Chapman foram suas inspirações. Voltou renovado à Áustria, criando novos conceitos para o esporte no país. Em 1927 surgiram duas novas competições, que foram as Copas Mitropa e a Internacional da Europa Central. Foi a partir desses torneios que o futebol europeu ganhou outro notório destaque, fazendo com que os torcedores deixassem de acreditar que somente os ingleses sabiam jogar. A derrota dos austríacos do Rapid de Viena para o Sparta de Praga, por 6 a 2, foi de grande importância para o técnico austríaco, mesmo sendo através de tão grande revés.
Meisl levou a sério tais mudanças de disputas, além de inovar a forma de jogar do futebol austríaco. No Café Der Ring criou o Wunderteam (time maravilha), mesmo não tendo apoio dos críticos. Passou a convocar os melhores jogadores do país, como Matthias Sindelar (time do Viena), Bican, Smistik, Nausch e Gschweidel (time do Austria, centroavante que passou a jogar como meia, já que Sindelar também era centroavante). O atacante do Viena é considerado até hoje o maior e melhor futebolista da história do país, altamente técnico, com dribles que eram considerados notas musicais, autor de gols de raríssima beleza e conhecido como o Homem de Papel (pela sua magreza) e o Mozart do Futebol (devido à sua classe). A forma de jogar da Seleção da Áustria ficou baseada no seu estilo de jogo, com rápida troca de passes, lances de efeito e com grande movimentação dos jogadores, com a bola sempre no chão e sem chuveirinhos na área, algo um pouco semelhante ao que faria o Carrossel Holandês de 1974. Entre abril de 1931 e dezembro de 1932, a equipe ficou 14 partidas invictas. Grandes jogos aconteceram entre Áustria e Itália, com duelos entre o zagueiro Monti (argentino naturalizado italiano) e Matthias Sindelar, sendo que o defensor italiano odiava enfrentá-lo, chegando a pedir ao técnico Vitorio Pozzo pra não ser escalado nos jogos contra os austríacos.
Em 1932 os ingleses convidaram os austríacos para uma partida amistosa. A Inglaterra nunca havia perdido um jogo em Wembley. A apertada vitória por 4 a 3 (nunca haviam sofrido mais de um gol na sua ilha) fez com que os inventores do futebol moderno percebessem que não eram mais soberanos no esporte, fazendo com que pela primeira vez os adversários fossem aplaudidos por sua já fanática torcida. Sindelar, considerado o melhor jogador do mundo na época, fez um gol antológico, driblando toda a defesa inglesa desde o meio de campo, fuzilando o goleiro inglês com um tiro certeiro. Algo semelhante ao que aconteceria mais de vinte anos depois com a incrível Hungria de Puskas, que venceu pelo placar de 6 a 3.
Na Copa do Mundo de 1934 os austríacos eram considerados favoritos para conquistar o título, algo semelhante que iria acontecer exatos 20 anos depois com os húngaros. Mas era uma competição política, já que seria na Itália Fascista de Benito Mussolini, que queria conquistar o Mundial a todo o custo, pois no primeiro (1930) os anfitriões uruguaios foram os campeões. Além da Áustria, a Espanha do excepcional goleiro Ricardo Zamora foi outro grande adversário para a Azzurra nas Quartas-de-Final, sendo derrotada no segundo jogo pelo placar de 1 a 0 (Zamora estava contundido e não jogou), já que na primeira partida houve um empate de 1 a 1 e na prorrogação permaneceu em 0 a 0 (naquela época quando o jogo não saía do empate obrigatoriamente decidia-se em outra partida, porque não tinha decisão por pênaltis). Nas Semifinais vence o Wunderteam por 1 a 0, com Monti se vingando de Matthias Sindelar, já que estava chovendo e o centroavante austríaco não conseguiu desenvolver o seu melhor jogo. Restou aos austríacos, sem SIndelar, disputar o terceiro lugar com os alemães, que venceram pelo placar de 3 a 2, uma vitória muito comemorada na Alemanha Nazista de Adolf Hitler, ainda mais em cima da Áustria que tinha alguns jogadores judeus, além do seu treinador Hugo Meisl. E na final a Itália vence a Tchecoslováquia do grande goleiro Frantisek Planicka.
Após o Mundial, alguns jogadores austríacos não jogavam mais pela seleção, enfraquecendo o time. Mesmo assim a Áustria, sem Matthias Sindelar, foi vice-campeã nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, capital da Alemanha, perdendo justamente para a grande rival Itália por 2 a 1. Mesmo os alemães não sendo tão fortes no futebol nos anos 30, destacaram-se em outros esportes em uma competição aos moldes da Copa do Mundo de 1934, influenciada à grandiosidade do fascismo de Mussolini e agora sob os triunfais desfiles e comícios do nazismo de Hitler.
No dia 24 de janeiro de 1937, Hugo Meisl comandou pela última vez o time austríaco, derrotando os franceses pelo placar de 2 a 1. Faleceu no dia 17 de fevereiro, quase um mês depois, em Viena, vítima de um ataque cardíaco. Seu túmulo tinha uma réplica de um campo de futebol, que foi destruído pelos nazistas, após a anexação (Anschluss) da Alemanha sob a Áustria em 1938. No mesmo ano os alemães quiseram disputar a Copa do Mundo da França com força total, incluindo jogadores austríacos, com Mathias SIndelar, um patriota, não aceitando, passando a ser considerado um inimigo do regime. No Mundial a Seleção Alemã não rendeu o que se esperava, sendo desclassificada pela vizinha Suíça por 4 a 2 em sua segunda partida, um jogo desempate (no primeiro o placar foi 1 a 1). E no dia 23 de janeiro de 1939 Sindelar morreu de forma polêmica, sendo alegado que havia se asfixiado por monóxido de carbono, mas outras versões dizem que teria se suicidado ou de ter sido assassinado pela polícia Gestapo, já que era considerado favorável aos judeus e social democrata.
Uma curiosidade na história do Campeonato Alemão (Bundesliga), iniciado em 1903 com o Leipzig sendo campeão, é que em 1941 um time austríaco foi o vencedor da competição. Trata-se do Rapid de Viena.
A Seleção Austríaca, mesmo sendo conhecida pelo seu futebol técnico de anos atrás, nunca chegou a uma final de Copa do Mundo. O máximo que conseguiu foi um terceiro lugar no Mundial de 1954, na Suíça, vencendo o time uruguaio (campeão da Copa anterior) pelo placar de 3 a 1, que contava com os campeões Maspoli, Rodríguez Andrade e Schiaffino. Os austríacos também tinha uma bela equipe, que chegou a vencer por 7 a 5 os suíços, os donos da casa, o jogo com mais gols da história do torneio, contando com ótimos jogadores como Schmied, Hanappi, Ocwirk, Koerner, Stojaspal e Probst. Mas quem de fato encantou foi o Wunderteam de Hugo Meisl e Matthias Sindelar, a primeira equipe que jogou um futebol mágico em Copas do Mundo, não ganhando, entrando no célebre hall dos timaços que não ganharam, como a Hungria de 1954, Holanda de 1974 e Brasil de 1982.
 
Imagem: @CowboySL

Matthias Sindelar e a Áustria de Hugo Meisl (de cartola e bengala)

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