Há cinco anos Bruno era preso. Caso mudou forma de o Fla conduzir futebol

Há cinco anos Bruno era preso. Caso mudou forma de o Fla conduzir futebol

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

O grito exaltando-o como o "melhor goleiro do Brasil" era o predileto ao entrar em campo para defender o Flamengo. Bruno vivia o sucesso no clube mais popular do país, mas não chegou ao patamar sonhado na carreira. O 7 de julho de 2010 marcou a prisão do ex-camisa 1 rubro-negro pelo assassinato de Eliza Samúdio. A partir do ocorrido, o clube mudou a forma de conduzir o futebol e formatou contratos repletos de punições.

Há cinco anos, Bruno estava no melhor momento como atleta profissional. Capitão do Flamengo, ele ergueu o troféu pelo hexacampeonato brasileiro e somou o tricampeonato carioca ao currículo. Tudo corria como o esperado dentro das quatro linhas e até uma linha exclusiva de camisas foi lançada pela Olympikus, então fornecedora de material esportivo do clube carioca.

A mudança começou em junho de 2010. As denúncias sobre sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáver caíram como uma bomba no país. Bruno foi preso no início de julho. Em março de 2013, aquele que um dia ostentou a idolatria da torcida terminou condenado a 22 anos e três meses de reclusão.

Falar sobre Bruno tornou-se um tabu na Gávea. Se muitos torcedores ainda sentem saudades das marcantes defesas, os dirigentes se concentram apenas no "legado jurídico" ocasionado pelo comportamento do goleiro. Desde que tudo veio à tona, o Flamengo adotou a rigidez como base nos contratos dos atletas.

"Reforçamos todas as cláusulas existentes desde 2010. O 'Caso Bruno' é surreal e está fora do esquadro. Tem muito a ver com a questão comportamental e jamais será compatível com a postura de um atleta profissional. Formatamos contratos pesados, pois existe a necessidade de o jogador se enquadrar no código de conduta. Eles recebem o documento no ato da assinatura do contrato de trabalho", explicou o diretor jurídico do Flamengo, Bernardo Acioly.

O impacto do "Caso Bruno" vai além. O Rubro-negro definiu que qualquer deslize é passível de punição. Como o jogador de futebol se considera intocável na maioria das vezes, possibilidades de multas foram incluídas nos contratos ao longo dos últimos cinco anos. O Flamengo só pensa em evitar problemas e se desvincular do que aconteceu em 2010.

"A tendência é endurecer ainda mais. Temos punições por má conduta em redes sociais, por levantar camisa em comemoração de gol... A decisão sobre a punição cabe ao departamento de futebol, mas tudo está em contrato. Os jogadores precisam mudar. Trabalhar desta forma dá respaldo fundamental ao clube", encerrou Acioly.

A preocupação faz sentido técnica e financeiramente. O ocorrido com Bruno tirou do Rubro-negro pelo menos R$ 20 milhões em uma possível transferência, já que o ex-camisa 1 era cotado na seleção brasileira e tinha propostas frequentes do exterior. Mas tudo mudou para goleiro e Flamengo há cinco anos.

Foto: UOL

Últimas do seu time