Grêmio e Inter ficam no 0 a 0 e marcam passo no Brasileirão

Grêmio e Inter ficam no 0 a 0 e marcam passo no Brasileirão

Quem aprecia o futebol como arte não depende de resultados específicos para sair satisfeito de um estádio após assistir ao jogo. Basta-lhe o espetáculo maiúscula da bola rolando de pé em pé.
 
É claro que em jogo de campeonato o torcedor quer ver o seu time ganhar, ainda que pelo escore mínimo e jogando um futebol muito aquém do esperado.
 
O torcedor brasileiro, há muito tempo conformado com a queda do padrão de qualidade de nosso futebol, tem-se tornado  apreciador do futebol arte, olhando os jogos da Europa, onde militam os maiores artistas da bola, como Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo e outros de mesmo nível.  
 
Nos jogos realizados aqui, nossa plateia das arquibancadas volta seus olhos com maior interesse para a matemática dos campeonatos, não se importando muito se o futebol de seu clube é clássico como um concerto de piano ou tosco como uma batucada de tambor. 
 
Presente ao Gre-Nal deste domingo, observando o desenrolar da partida com vistas à elaboração deste comentário, confesso que eu nunca tinha visto um jogo tão indigno da festa das arquibancadas como esse, que aliás abrigaram mais de 53 mil espectadores, batendo o recorde de público na Arena do Grêmio.
 
O mar azul que circundava o espetáculo pobre apresentado dentro das quatro linhas até tentou colocar lenha na fogueira durante toda a partida, gritando e aplaudindo qualquer lance em que seu time levasse a melhor, desde uma simples disputa de bola até um escanteio cavado.
 
Mas de nada adiantou. Parecia que o esquadrão gremista treinado por Renato Portaluppi estava jogando para as moscas, sem a menor noção de criatividade, no aspecto individual, e sem o mínimo senso de objetividade no plano tático, desprovido de uma proposta nitidamente ofensiva.  
 
Atribuo ao Grêmio essa falta de correspondência  com a vibrante torcida, porque cabia a ele, dono da casa e até credor de um leve favoritismo, pela melhor campanha no Brasileirão, qualificar o clássico com um futebol vistoso, despertando no visitante a obrigação de crescer na partida para manter o equilíbrio  das ações.
 
Para dar um ideia acerca da apatia que tomou conta do jogo, não seria exagero dizer que os goleiros Marcelo Grohe e Danilo Fernandes participaram do clássico nas mesmas condições dos que foram ao estádio apenas para assisti-lo, uma vez que não lhes foi exigido praticar uma só defesa.
 
Os raríssimos chutes endereçado às metas  que ambos os goleiros defendiam não lhes exigiram mais do que simples intervenções; aquilo que qualquer goleiro consegue fazer usando a lei do menor esforço.
 
Renato já provou ser um técnico competente, mas precisa corrigir um cacoete que carrega consigo, levando-o a inventar coisas que até podem dar certo, mas são deveras arriscadas, porque o tornam responsável único por qualquer resultado negativo que venha a frustrar as expectativas do clube e de sua torcida.
 
Inventou aquela história de jogar com os reservas contra o Santos, alegando poupar o time principal para o jogo contra o Palmeiras pela Copa do Brasil.
 
Deu sorte, pois arrancou um empate diante do Peixe em pleno alçapão da Vila Belmiro, o que não é tarefa das mais fáceis. Mas se tivesse perdido, com quem iria dividir a responsabilidade pela derrota ?
 
Nesse Gre-Nal, depois de alguns rumores de que o Grêmio entraria em campo com uma equipe de reservas, Renato reconsiderou e foi com o time praticamente completo para enfrentar em seus domínios o arquirrival.
 
Contudo,  sem abrir mão por completo dessa mania de inventar novidades, resolveu poupar o meia Douglas no clássico, iniciativa essa que reduziu consideravelmente o potencial do meio de campo gremista, que se tornou pouco criativo sem a sua principal cabeça pensante.
 
Longe de querer dizer com isso que, se Douglas  tivesse jogado, o Grêmio teria encontrado força para se impor ao adversário e vencer a partida.  
 
Talvez até conseguisse um pouco mais de objetividade ofensiva, mas nada que pudesse desequilibrar o jogo,  levando o Grêmio a uma suposta vitória.
 
Para chegar lá, seria necessário que as peças essencialmente ofensivas, como Luan, Bolaños e Pedro Rocha estivessem em tarde inspirada, jogando pelo menos 50 por cento do que sabem e podem, se bem que de Pedro Rocha pouco se poderia esperar  visto tratar-se de um jogador tecnicamente limitado.  
 
Aliás, a titularidade de Pedro Rocha no ataque do Grêmio - vale observar - é mais uma das invencionices de Renato Portaluppi.
 
Do gandula ao presidente do Grêmio, todo mundo sabe que Everton tem muito mais bola no pé do que Pedro Rocha. Ele próprio já provou isso, transformando em gol lances semelhantes àqueles que Pedro Rocha costuma jogar fora pelo ralo da incompetência na arte de arrematar.  
 
Mas nesse Gre-Nal o Grêmio estava predestinado a decepcionar sua torcida e nem com a entrada de Everton no lugar de Pedro Rocha e de Guilherme substituindo Bolaños o time conseguiu desencantar e fazer o goleiro colorado Danilo Fernandes trabalhar.
 
Sem conseguir marcar presença em campo com um futebol digno da enorme plateia que assistia ao clássico, os jogadores gremistas e colorados resolveram fazer algo diferente, para chamar a atenção de suas torcidas. Criaram uma enorme confusão, a partir de uma falta a favor do Inter nas proximidades da área gremista.
 
Na ocasião, Edilson e Rodrigo Dourada se estranharam e resultaram expulsos, empobrecendo também no aspecto quantitativo um jogo de futebol que já era nitidamente pobre no plano qualitativo.
 
Dali por diante, a partida se arrastou , com os dois treinadores optando claramente por soluções defensivas, temerosos certamente de que,  num lance fortuito qualquer, seu time viesse a perder o jogo, o que seria um desastre considerando que nenhum dos contendores fazia por merecer a vitória.
 
Para concluir, recorro a uma força de expressão, dizendo que esse Gre-Nal foi um espetáculo tão pobre tecnicamente que nem o empate em 0 a 0 ele fez por merecer.
 
Um empate em -1 (menos um) a -1 (menos um) seria mais consentâneo com a total ausência de um futebol minimamente razoável nesse clássico gaúcho válido pela 32ª rodada do Brasileirão.
 
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Foto: UOL

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