A avaliação da CBF é que o trabalho de Dunga entre 2006 e 2010 foi extremamente positivo

A avaliação da CBF é que o trabalho de Dunga entre 2006 e 2010 foi extremamente positivo

Guilherme Costa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) escolheu Dunga para comandar a seleção depois do fracasso na Copa de 2014 (derrota por 7 a 1 para a Alemanha, a maior da história da equipe nacional, e eliminação nas semifinais). Há várias explicações para o retorno do ex-volante, que já havia sido treinador do time canarinho entre 2006 e 2010. Uma delas é a chance de redenção: na avaliação da cúpula da entidade nacional, o técnico foi maltratado quando saiu.

"Ele [Dunga] foi muito humilhado. Tem experiência em seleção brasileira, é disciplinador e motivador acima de tudo. O Marin fez essa avaliação e concluiu que ele tinha feito um bom trabalho em 2010. Aí está a razão de o Marin ter definido o retorno", explicou Marco Polo del Nero, que assumirá a presidência da CBF em abril de 2015, em entrevista por telefone ao UOL Esporte.

A avaliação da CBF é que o trabalho de Dunga entre 2006 e 2010 foi extremamente positivo. Por causa disso e do perfil do treinador, Del Nero fez uma defesa enfática sobre a escolha feita pela entidade neste ano.

"O que pesou a favor do Dunga foi o fato de ele ter sido técnico da seleção em 2010 e ter feito um belíssimo trabalho. Isso foi fundamental. Se ele tivesse continuado, talvez a história do futebol brasileiro fosse outra. Ele é um cara do bem, dedicado, e merece todo nosso respeito", avaliou o futuro mandatário da CBF.

Os elogios de Del Nero à passagem anterior de Dunga pela seleção brasileira corroboram discurso da CBF sobre as derrotas recentes da equipe nacional. Assim como fez com o revés por 7 a 1 para a Alemanha, a entidade avalia que a queda nas quartas de final da Copa de 2010 (derrota por 2 a 1 para a Holanda, de virada) foi uma questão pontual.

"Foi uma partida complicada. O goleiro [Júlio César] foi infeliz e um jogador [Felipe Melo] foi expulso, mas o primeiro tempo foi espetacular. O futebol tem dessas coisas, e a magia da bola é que ela nem sempre obedece o chute de um jogador", disse Del Nero sobre 2010. "Foi um jogo em que a tática não foi muito feliz, mas o trabalho vinha sendo muito bom. Tivemos uma comissão técnica espetacular, com apoio de 80% da população, e Parreira e Felipão conseguiram resgatar a equipe. Eles fizeram com que o povo ficasse com expectativa de ser campeão", completou o dirigente sobre 2014.

Depois da derrota para a Alemanha e do revés por 3 a 0 para a Holanda, a CBF esfacelou a comissão técnica da seleção brasileira. Gilmar Rinaldi foi contratado para ser coordenador de todas as equipes nacionais, com Dunga como técnico do time principal e Alexandre Gallo como responsável pela base.

Na última quarta-feira, a CBF anunciou os nomes de outros componentes da comissão técnica, como o preparador físico Fabio Mahresedjian, o preparador de goleiros Cláudio Taffarel, o auxiliar-técnico Andrey Lopes e o auxiliar-técnico pontual Mauro Silva. Segundo Del Nero, o novo grupo que comandará a seleção terá o mesmo padrão de custo do anterior – com encargos, como era pago integralmente em carteira, Luiz Felipe Scolari custava mais de R$ 1 milhão por mês à entidade.

"Dunga e Gilmar escolheram as pessoas da comissão técnica. Não tem nenhuma escolha nossa aí", relatou Del Nero. Segundo o presidente eleito da CBF, a entidade não vetou a presença de Jorginho, que havia sido auxiliar de Dunga em 2010. Na época, a entidade entendeu que o comportamento dele foi um dos fatores que minaram o ambiente da seleção na Copa.

Sobre os problemas de Dunga em 2010, aliás, Del Nero aprovou o mea culpa feito pelo técnico em sua apresentação como novo comandante da seleção: "É o amadurecimento do ser humano. É bom que ele reconheça os erros. Ele sabe que precisa ter um bom relacionamento com a imprensa. Eu tenho certeza que isso atrapalhou um pouco lá atrás, mas tudo que o ser humano faz ajuda a criar experiência".

Foto: UOL

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