No dia 12 de setembro de 1990, Cafu entrava em campo pela primeira vez com a camisa da seleção brasileira. Poucos poderiam prever que aquele lateral franzino e ainda desconhecido se tornaria o jogador com o maior número de partidas pela Canarinho (142 jogos). Aliás, Cafu ainda nem sequer atuava pela posição que o consagrou. Na ocasião, o jogador fez a função de segundo volante, usando a camisa 7, já que o lateral-direito - e camisa 2 - do time era Gil Baiano, do Bragantino.

A partida foi a primeira de Paulo Roberto Falcão como técnico, uma aposta de Ricardo Teixeira para substituir Sebastião Lazaroni, comandante da seleção na péssima campanha brasileira na Copa do Mundo de 1990. O Rei de Roma tinha como missão mudar o estilo "europeu" de jogar que havia sido implantado por seu antecessor.

No entanto, a primeira impressão da "nova" seleção brasileira não foi das melhores. O Brasil foi até a cidade de Gijón para enfrentar a Espanha. Falcão apostava principalmente no meia Neto, maior reivindicação dos torcedores e que havia inexplicavelmente ficado de fora da Copa do Mundo.

Os donos da casa também haviam decepcionado no Mundial disputado poucos meses antes, mas ainda assim, sem muitas dificuldades, venceram os comandados de Falcão por 3 a 0.

Apesar da derrota, quis o destino que dois jogadores daquele time participassem da Copa do Mundo de 1994. Um deles, Márcio Santos, foi titular na campanha que resultou no tão esperado título mundial, apesar de ter sido o único brasileiro a desperdiçar uma cobrança na decisão por pênaltis contra a Itália. O outro, tornou-se titular justamente na decisão, após lesão do titular Jorginho.

Cafu ainda disputaria outros dois mundiais. Em 1998, estava em campo na fatídica derrota contra a França na final: um trauma. Mas poucas coisas na vida são tão redentoras quanto o futebol. Quatro anos mais tarde, o lateral-direito se tornaria o único jogador a disputar três finais seguidas em Copas do Mundo. De quebra, por um segundo fez com que o Jardim Irene se tornasse o centro do planeta, declarou todo o seu amor pela esposa Regina e, finalmente, ergueu a tão sonhada taça do mundo.

Quem poderia imaginar que tamanha epopeia teria início naquele insosso 12 de setembro de 1990?

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Foto: Revista Placar