Entrevista do jornalista Maurício Sabará realizada no Sesc Pompéia

Entrevista do jornalista Maurício Sabará realizada no Sesc Pompéia

MAURÍCIO SABARÁ: Vinicius Elias, você praticou aquele esporte que a maioria da garotada gosta, que é o futebol. Você começou no esporte jogando em campo ou na quadra, local onde se consagrou? Conte sobre esse início.
VINICIUS ELIAS: Eu comecei jogando em uma Escolinha de Futebol no Tênis Clube em Presidente Prudente , no interior de São Paulo. Isso aos 6 anos de idade. Estive por lá durante 3 anos e aos 9 anos, quando já morava em Uberlândia-MG, comecei a jogar futsal em uma escolinha chamada “Academia Cesão”. Meus pais sempre fizeram um esforço para poder me oferecer uma formação de qualidade no esporte, pagando para que eu pudesse frequentar escolinhas de futebol/futsal.

MS: Conte sobre a origem do futsal e seu início no Brasil.
VE: Muitos falam que o esporte é genuinamente brasileiro, e outra versão é que ele seja oriundo do Uruguai. Dizem que na década de 40 é que o esporte começa a ser praticado no Estado de São Paulo e depois se espalha pelo Brasil.

MS: Quando o esporte de fato decolou em nosso país? Foi por causa da geração de Manoel Tobias, da qual você participou ou mesmo antes?
VE: O esporte teve vários altos e baixos durante a sua existência. Na década de 80/90, liderado por Douglas, Jackson, Manoel Tobias e companhia, o crescimento foi elevado, com investimentos em estados como o Ceará, Rio Grande do Sul, São Paulo etc… O grande problema é que nunca se deu continuidade a esse crescimento. O futsal nunca teve gestão profissional, onde se procurasse conseguir a expansão proporcional ao que gera. O Futsal ajuda a formar talentos como Robinho,Neymar, Coutinho, Ronaldo etc… mas não consegue o retorno e reconhecimento por esse trabalho.

MS: Por que jogadores como Manoel Tobias e Falcão não deram certo no futebol de campo, com toda a sua bagagem?
VE: Acredito que o período de adaptação é o que influencia bastante. Não se permite esse tempo pois a exigência é imediata. Dificilmente o treinador terá paciência para “investir”tempo de espera nesses jogadores que vem do Futsal, pois o cargo deles está em jogo. Outro ponto é que os próprios jogadores , sabendo que são reis no futsal, não tiveram a vontade de esperar seu momento no futebol de campo, já que a idade já era de 26/27 anos quando foram para o futebol.

MS: Cite o seu estilo de jogo e comente sobre os clubes que atuou e sua passagem pela Seleção Brasileira. E qual foi o momento que mais te marcou?
VE: Eu era um jogador com um perfil de marcação e movimentação. Mudei com o passar dos anos minha característica, pois era mais finalizador no começo da carreira.
Sobre a Seleção Brasileira o momento que mais me marcou foi o mundial de 2008 , no Brasil, pois joguei com meu irmão(Lenisio) e pude ter aos meus pais na arquibancada durante toda a competição. Conquistamos o título para o futsal brasileiro depois de 2 mundiais perdidos contra a Espanha.

MS: Comente resumidamente sobre as regras do futsal.
VE: Jogo de 5 contra 5 num espaço reduzido( 40 m x 20 m). Lateral e escanteios são sobrados com os pés e a principal características do jogo são a velocidade e inteligência exigida dos jogadores para que se destaquem.

MS: Quais eram as potências do futsal e as grandes forças da atualidade?
VE: As potências sempre foram e estão sendo Brasil, Espanha, Rússia, Irã, Portugal, Itália, Argentina etc...

MS: Hoje podemos ver que as mulheres praticam muito o futebol de campo! No futsal também é assim?
VE: Sim, cada vez mais vemos as mulheres no futsal. O que falta é apoio econômico para que se possa ter um crescimento cada vez maior no número de praticantes.

MS: O Brasil é o país do futebol. Então porque o futsal não consegue decolar como se deve por aqui? E como um esporte tão praticado ainda não virou modalidade olímpica? Nas Olimpíadas do Rio não seria um bom momento?
VE: Nosso problema é gestão. Houve crescimento, investimento e publicidade suficiente para que o esporte decolasse no passado. Mas houve desmandos e corrupção. Isso afundou o esporte. Sobre ser uma modalidade olímpica, o problema é político. Não temos força política na minha opinião.

MS: Quais são suas atividades atuais, já que é aposentado no esporte?
VE: Sou empresário do ramos têxtil e estudo Direito. Me aposentei há 1 ano do futsal.

MS: Como você acha que será o futuro do futsal no mundo e no Brasil?
VE: Acredito que o futuro do esporte passa por ser um grande aliado do futebol de campo, na formação principalmente. Podemos caminhar juntos sobretudo na categoria de base. E na categoria adulta, acredito que o futuro passa por se organizar melhor, digo entre as principais potências mundiais , para que se possa crescer de uma maneira globalizada.

Vinicius Elias e Maurício Sabará. Foto: Arquivo pessoal Maurício Sabará

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