João Henrique Marques
Do UOL, em Paris

Nada de Neymar agressivo, desafiando marcadores e arrancando com a bola desde o meio-campo. O camisa 10 da estreia do Paris Saint-Germain no Campeonato Francês foi discreto, sumido em campo no posicionamento de falso 9, um centroavante na maioria dos momentos. Apesar do gol marcado no triunfo por 2 a 0 contra o Caen, na noite de domingo, no Parque dos Príncipes em, em Paris, o brasileiro em nada se destacou positivamente.

Ver Neymar em exibição tão improdutiva é algo raro. Passa a impressão de ser a primeira vez na carreira em que participa de um jogo mais como espectador. Os 51 toques na bola é menor número entre todos os jogadores do titulares do PSG que aturam até os 35 minutos do segundo tempo, quando foi substituído. – Marquinhos foi o mais participativo, com 93 toques -.

O posicionamento de Neymar é uma estratégia do treinador Thomas Tuchel para o início de temporada. A avalição é de que o brasileiro está debilitado fisicamente e não pode atuar na posição de origem aberto pelo lado esquerdo do campo, local em que exige mais ações de mano a mano e, consequentemente, velocidade.

A manobra de Tuchel ainda faz Neymar evitar faltas duras em constantes tentativas de dribles nos marcadores. Como centroavante, o camisa 10 foi poucas vezes buscar a bola no meio campo e trabalhou muito com passes de primeira.

Com pouca ação de mano a mano, Neymar passou ileso de problemas com simulações de faltas e reclamações de dor, temas que o rodearam na Copa do Mundo. O brasileiro foi ao a chão apenas duas vezes, mas sempre levantando rapidamente e sem questionar o árbitro.

O aspecto positivo para a noite de Neymar, além do gol marcado, foi a reação da torcida. O camisa 10 ouvia gritos de incentivo a cada toque na bola e foi ovacionado após o gol. Ao ser substituído, foi muito aplaudido no estádio, e retribuiu da mesma forma.

A eficiência de Neymar como centroavante é possível por ser exímio finalizador. No gol marcado no primeiro tempo recebe passe pelo meio da área e cara a cara com o goleiro Brice Samba o desloca em chute com a perna esquerda.

O posicionamento de Neymar não o exigiu quase nenhuma responsabilidade defensiva. O jogador não acompanhava a primeira linha da marcação e parecia flutando em campo, só esperando a bola chegar.

No segundo tempo, Neymar chegou a inverter posicionamento com o atacante Nkunku para atuar aberto pela ponta direita. Mas a ação foi rápida, e o brasileiro voltou para a função de falso 9. Uma reação positiva em campo jamais aconteceu, com a substituição merecida sendo realizada aos 35 minutos do segundo tempo.

Foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP (via UOL)