Atacante não festeja gol, num repúdio direto à torcida, que impõe pressão surreal sobre o time e o técnico Eduardo Baptista, após apenas o terceiro jogo do estadual. O passionalismo do torcedor deve ser respeitado, mas jamais alimentado pelo clube e jogadores. Opine!

Atacante não festeja gol, num repúdio direto à torcida, que impõe pressão surreal sobre o time e o técnico Eduardo Baptista, após apenas o terceiro jogo do estadual. O passionalismo do torcedor deve ser respeitado, mas jamais alimentado pelo clube e jogadores. Opine!

Até que ponto o fanatismo das arquibancadas deve pesar sobre o time dentro das quatro linhas? Pergunto, pois isso sempre me incomodou no mundo do futebol. Há 20 anos trabalhando com o jornalismo esportivo, inúmeras vezes assisti, boquiaberto. diretorias serem reféns de torcidas e fazendo da pressão imposta por elas um caminho a ser seguido.

Um desrespeito enorme com o clube e um amadorismo sem tamanho na gestão da agremiação.

O Paulistão está apenas em sua terceira rodada e a pressão sobre Eduardo Baptista, técnico do Palmeiras, é surreal. Os fanáticos das arquibancadas pedem a cabeça do treinador sem constrangimento, mesmo no início da temporada. Tal atitude, ridícula, é escorada no passionalismo e na malfadada cultura do futebol brasileiro, em que treinadores são rifados de acordo com o desejo dos fanáticos das arquibancadas.

É importante que isso seja combatido. Um profissional não pode ficar na berlinda após três jogos. A torcida pode extravasar sua paixão, mas o clube deve se blindar diante deste fanatismo.

No popular, o torcedor que torça e cobre o que deseja cobrar e a diretoria e jogadores que façam seu papel dentro e fora de campo, em cima do projeto e da gestão profissional, sem dar bola para a fritaria fantasiosa de quem paga ingresso e tem o direito de torcer, apenas torcer.

O atacante Dudu, campeão brasileiro e um dos líderes do atual elenco alviverde, marcou na vitória do Palmeiras sobre o São Bernardo (2 a 0), em casa, e não comemorou, numa dura repreensão à torcida, que cobrava o treinador e vaiava o time.

Dudu mostrou personalidade e acima de tudo respeito diante de seus colegas de profissão. Não se pode aceitar de forma passiva tamanha violência da arquibancada. Apesar do fanatismo não ter limites, é preciso que ele seja combatido. E Dudu deu o primeiro passo.

A torcida, em boa parte, não aceita Eduardo Baptista. Por isso, a cobrança acontece num tom maior sobre o treinador, que busca dar sua cara ao milionário Palmeiras. Há dois meses da consagração nacional, o clube já vive o inferno da pressão vinda das arquibancadas. Isso é surreal, ridículo.

Que a postura de Dudu sirva de lição. Não se pode mimar a torcida de todas as formas, inclusive aceitando essa cobrança desmedida de início de temporada. A paixão move o clube, a torcida empurra o time,  mas é preciso respeito e ponderação. Sim, mesmo diante de um amor sem medidas, é preciso colocar freio.

Que a diretoria alviverde se espelhe em Dudu e não abra mão da convicção e do planejamento para agradar àqueles que agem com a emoção à flor da pele, sem saber separar a razão da emoção.

 

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Foto: UOL

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