No país do futebol, a bola serve de metáfora para tudo, do sexo à política. O ex-presidente Lula abusava das analogias para explicar os caminhos e os descaminhos da economia, da sociedade e da vida no Planalto. Até FHC e Dilma, que aposto não são familiarizados com a regra do impedimento, viram-se compelidos, noblesse oblige, a fazer pose de Avallone nas vésperas de Copa do Mundo.
Não por acaso, a imprensa esportiva é useira e vezeira em combinar tais assuntos. Na segunda-feira pós-eleição, 11 entre 10 comentaristas esportivos associaram o Cruzeiro, então líder inconteste do Brasileirão, aos felizardos eleitos no primeiro turno.
Pois, sem me esquivar da humildade, bovinamente me curvo à maioria: de mãos dadas com os coleguinhas, chafurdo nos clichês. A despeito de minha proverbial ignorância das coisas em geral, ouso dar meu pitaco, via ripa na chulipa, a respeito do escrete político atual.
Imaginemos, num exercício do absurdo, que os atuais postulantes à cadeira do Planalto exercessem o cargo de técnico de um time de meio de tabela que disputasse, digamos, o Campeonato da Divisão Mundial do Trabalho.
A depender dos últimos dois debates, da Band e do SBT, o placar não deixa dúvidas (a exemplo do 7 a 1 para a Alemanha). Sem eufemismo ou reticências, digo com todas as letras, já me desculpando pelo baixo calão: estaríamos todos nós, conterrâneos e conterrâneas, bem fodidos.
Com Aécio ou com Dilma - Mentiroso e Leviana, segundo os apelidos pespegados de parte a parte (ou vice-versa, na versão socrática do ex-centroavante, e futuro deputado, Jardel) - resta-nos apenas torcer muito para não desabar de divisão.
Verdade que os especialistas enxergam notáveis diferenças entre a prancheta de um e de outro. A Mentirosa ataca com Estado forte; o Leviano se defende com um mercado mais marcador.
Eu, que sou mais bobo, desconfio dos expertos. Encostado no alambreado do campo de várzea onde se disputa essa campanha, minha leitura é outra. Ambos candidatos jogam na retranca. O objetivo é perder de pouco: mandam parar o jogo, rezando para que uma bola parada defina a sorte da partida. No fim, apostam as chances de vitória na loteria dos pênaltis. Em caso de demissão, culpam o gramado, o juiz ladrão ou o projeto, que não encaixou.
E, durante a coletiva pós-jogo, cercados de microfones indiscretos, retomam a ladainha. Leviana e Mentiroso; Mentirosa e Leviano, trocando ofensas e arengas desprovidas de sentido ou conteúdo.
Afinal, política é resultado.
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Já que o assunto é política, quem se habilita a ser o Reinaldo Azevedo do Geraldo Alckmin?
Foto: Reprodução
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