Ele foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma e comentou como vê o Brasil após a posse de Michel Temer

Ele foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma e comentou como vê o Brasil após a posse de Michel Temer

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

Se um dia tiver a oportunidade de conversar com Gustavo Scarpa esqueça tudo o que você sabe sobre a maioria dos jogadores de futebol. Com um perfil diferenciado, o camisa 10 do Fluminense foge do estilo boleiro que tanto se vê hoje em dia. Prova disso é que quando a famosa resenha entre os atletas começa a virar baixaria, o apoiador do Tricolor não pensa duas vezes e se afasta do grupo.

Isso não impede, porém, que ele seja um dos mais queridos do grupo e um xodó dos mais experientes. Fred, por exemplo, o tratava como um irmão mais novo. Brincadeiras e até mesmo nas broncas, o que gerou um desentendimento com o técnico Levir Culpi, já superado.

"Quando a resenha está de muita baixaria, e não gosto e saio de perto. Mas respeito todo mundo. O legal aqui no clube, como em qualquer outro lugar, temos várias opiniões, vários estilos de vida. O importante é todo mundo se respeitar, como ocorre aqui. Eu me sinto bem aqui", disse Gustavo Scarpa ao UOL Esporte.

Acima da média em relação a maioria dos jogadores de futebol, Scarpa não fica em cima do muro até quando o assunto é mais sério. Ele foi a favor do impeachment da ex-presidente Dilma e comentou como vê o Brasil após a posse de Michel Temer.

"Fui a favor e não sei se houve alguma melhora ainda. Temer tem os rolos dele também. Mas tinha que mudar de alguma forma. Se vai melhorar pouco ou não, acho que precisava de uma mudança naquele momento. Se der errado com o Temer, muda também. Não sou a favor dele, mas do que o melhor ocorra para o país", afirmou o jogador que deixa claro que tem apenas sua opinião sobre a situação.

"No assunto de política, não me vejo como um cara estudado. Até porque eu não me aprofundo nas leis. Faço o meu papel que é ser um bom cidadão. Respeito todo mundo. Não me envolvo muito na política. Tenho minha opinião formado pelo pouco que leio e vejo. Tenho meu feeling sobre o que está ocorrendo. Mas em outros assuntos, sim, eu me vejo acima da média. Mas não uso isso como algo para me gabar", completou.

Oriundo de Hortolândia (cerca de 115 km de SP), Gustavo Scarpa mostra ter pés no chão. Mais que isso, agradecido pelo rumo que sua vida tomou. Para ele, o fato de ter uma família presente foi fundamental para que ele soubesse enfrentar a magia do futebol. O camisa 10 do Fluminense não se engana e sabe que o status pode separar algumas armadilhas pelo caminho.

"Eu vivo isso todos os dias. Era um moleque de Hortolândia, que a galera via que eu jogava bem, mas quase ninguém realmente acreditava que pudesse virar jogador. Fico feliz com isso. Sempre sonhei jogar em um grande clube, ser o camisa 10, fazer golaços, chegar a seleção brasileira... Hoje vivendo esse bom momento. Não tem um dia que eu não pare para agradecer a Deus por tudo isso que está acontecendo. Não consigo me acomodar com a situação de ter realizado um sonho de criança", comentou.

"É muita facilidade e pode deslumbrar. Se você estiver errado, você está certo por ser jogador, porque você é o camisa 10. Então tudo que você fala as pessoas dão "ok", todo mundo acha você legal. Tem muitos que acreditam nisso. Eu não consigo acreditar. Sei que sou chato. Quando estou errado, sei que estou errado e pronto. Não é porque sou jogador que estou acima da lei ou de qualquer pessoa. Alguns jogadores não são assim. Acabam se acostumando com atenção, exposição na mídia e pode acabar tendo uma carreira curta", explicou.

Veja outros trechos da entrevista:

Jogador mais decisivo do Fluminense?

Melhor momento da minha curta carreira por enquanto. Dois anos de profissionais. Há um ano que estou jogando efetivamente. Vejo como um momento muito bom. Agradeço a Deus pelo o que estou passando e espero conquistar mais título, tanto coletivo, quanto individual. Vou fazer de tudo para não me acomodar com isso, pois tenho carreia longa pela frente

Como foi ter ficado de fora da Olimpíada?

Sou grato por tudo que tem ocorrido na minha vida. Sempre me preocupei com as coisas que foram feitas para mim. Confio muito Deus. Se fiz tudo o que podia e não veio para mim, é porque não era para mim. Para que vou ficar me prendendo a isso? É claro que eu gostaria de estar presente. Uma Olimpiada no Brasil, de um título que o não tínhamos. Mas não era para mim. Foi momento dos meninos. Vida que segue.

Seleção principal?

Tenho continuar a fazer o que já faço e tentar melhorar sempre. Fico muito feliz apenas com o fato de ter o reconhecimento, de ser uma opção. Lembro de tudo o que passei, de onde eu saí. Cada sonho ser realizado e as vezes é até difícil de acreditar.

Moral no Flu

Fico feliz com tudo o que tem acontecido comigo. Cada dia melhora mais. A cada dois três meses, o pessoal pergunta para mim se é o melhor momento e sempre digo que sim. Isso é um bom sinal.

E o Scarpa fora de campo?

Leio, mexo bastante no celular, toco violão. Sou caseiro e gosto de curtir meus amigos e família. Leio a bíblia todo dia, algumas notícias. Leio tudo o que sai sobre o Fluminense, pois preciso estar por dentro. As vezes tem algo que a gente não gosta, claro. Mas tudo na vida você deve tentar tirar algo de bom. Ver se aquilo pode te acrescentar de alguma forma. Se é algo que não ajuda em nada, deixo de lado. Leio mais bíblia, curiosidades, coisas históricas para tentar entender um pouco mais.

Curso de inglês

O inglês que tenho aprendi sozinho quando era criança. Vendo filme, escutando rock e música. Fui pegando e ouvindo e aí quando fui para a primeira viagem, vi que estava bom o nível.

Indiretamente gerou a briga entre Levir x Fred. Como foi?

Ficou uma situação chata. Me senti mal mesmo que indiretamente. Mas por outro lado, não posso me condenar por algo que aconteceu entre Fred e o Levir. Foi um momento deles. Fred começou a carreira jogando com o Levir no Cruzeiro. Eles se conhecem e se entenderam. Ficou tudo bem entre eles e vida que segue.

Tudo certo com Fred?

Ah, trocamos a camisa e tudo no jogo contra o Atlético-MG. Mas aí tive que ir para a entrevista no Bem Amigos, do jogo de segunda. Sempre nos demos muito bem. O Fred tem esse jeito mesmo. Era um momento de ira dele, de raiva. Todo mundo passa por isso, infelizmente naquele dia foi o dele de estourar. Aconteceu, mas no dia seguinte já estávamos brincando. No futebol é muita adrenalina. Não pode levar essas coisas para o coração. A pessoa estava braba e estourou. Se guardar mágoa, vai perder muita coisa boa. Em pelada a gente já discute, imagina em um jogo valendo a nossa vida?

Foto: UOL

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