E agora, virou filme, com Rodrigo Santoro interpretando o artilheiro do Botafogo/RJ

E agora, virou filme, com Rodrigo Santoro interpretando o artilheiro do Botafogo/RJ


Não precisa procurar muito: basta sair perguntando em cada esquina das incontáveis ruas brasileiras que você achará meninos que sonham em ser jogadores de futebol em número suficiente para povoar um novo país. Sendo assim, por que alguns de nossos craques, quando conseguem, enfim, superar todos os obstáculos e se tornam atletas profissionais, simplesmente dão de ombros e trocam uma promissora carreira por uma vida desregrada?
Podemos citar diversos casos de jogadores problemáticos no nosso futebol, inclusive alguns que seguem em atividade. Mas dos jogadores do passado, talvez nenhum deles tenha tido tanto destaque nos últimos tempos quanto o ex-atacante Heleno de Freitas, que desfilou toda sua elegância nos gramados vestindo as camisas do Botafogo, Vasco, Boca Juniors e América-RJ. A triste trajetória do ex-jogador tanto se assemelhava com o roteiro de um filme dramático que "Heleno ? O Príncipe Maldito? estreou nas telonas do Brasil inteiro no último dia 30.

 
É natural que, quando se pensa em atletas que levam a vida de maneira desregrada, as pessoas atribuam esse comportamento à infância pobre, falta de cultura, estudo ou difícil relacionamento com sua família. Mas Heleno de Freitas foi totalmente o oposto disto. Filho de um grande cafeicultor mineiro, o ex-atacante estudou no tradicional Colégio de São Bento, além de ter se formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.
Heleno seria uma versão dos anos 40 do que é conhecido hoje no Rio de Janeiro como o "pitboy?: ele gostava da noite, era conquistador, e, por conta de seu temperamento explosivo, se envolvia constantemente em confusões. Temperamento, inclusive, que o atacante levava para os campos. À época, alguns diziam que o atrapalhava, por conta das constantes expulsões do jogador, mas tinham também os que afirmassem que Heleno era diferenciado dos demais jogadores exatamente em função de sua personalidade, que nunca o fez aceitar passivamente uma derrota.
No Botafogo, Heleno teve uma passagem estrondosa: apesar de não ter conquistado títulos, marcou 209 gols em 235 jogos. E isso tudo sem nunca ter se privado de tudo que um autêntico boêmio fazia nas noites cariocas: fumava ? até nos vestiários ? bebia, usava drogas e perambulava pelas sedutoras madrugadas do Rio de Janeiro até o amanhecer, mesmo em dias de jogos.
É de se imaginar o que poderia realizar Heleno caso colocasse como prioridade em sua vida apenas ser um atleta profissional. Mas não, o jogador seguiu vivendo como quis, fazendo, mesmo assim, muito sucesso no futebol. Tanto sucesso que o atacante chamou a atenção do já glorioso Boca Juniors, que o contratou, no ano de 1948, na maior transação do futebol brasileiro até então.
No entanto, após sair do Botafogo, Heleno não se reencontrou mais com seu bom futebol. E, mesmo em má fase, não largou seus vícios e seguiu com seu temperamento forte. O que não o deixou se firmar no Vasco, Santos, Junior Barranquilla-COL e América-RJ, clubes por onde passou posteriormente.
Sendo assim, Heleno não conseguia mais encontrar espaço em clubes para seu ego, e encerrou sua carreira prematuramente aos 33 anos. As complicações neurológicas causadas pela sífilis, resultado das noites sem limites do "craque galã?, fizeram com que o ex-atacante passasse os últimos anos de sua vida em um sanatório em Barbacena- MG, onde morreu no dia 8 de novembro de 1959, aos 39 anos, de paralisia progressiva.
O vencedor Botafogo de Garrincha do final dos anos 50 e início dos anos 60 fez com que a história de Heleno ficasse adormecida até o lançamento de sua biografia em 2006, e, agora, seu filme, em 2012. No título do longa, o goleador botafoguense poderia ser Eterno, como Pelé, uma Estrela Solitária, como Garrincha, ou estar sempre na Rede, como Zico. Isso, caso tivesse colocado sua carreira de atleta profissional como prioridade em sua vida. Mas não tem jeito. Se não fosse lembrado como O Príncipe Maldito, de fato, não seria Heleno de Freitas.

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