Torcida do Corinthians briga entre si na vitória sobre o Fluminense no Pacaembu em 2011: torcida é a mais punida com afastamento dos jogos em SP

Torcida do Corinthians briga entre si na vitória sobre o Fluminense no Pacaembu em 2011: torcida é a mais punida com afastamento dos jogos em SP

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

Os corintianos são maioria absoluta entre os torcedores proibidos pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) de frequentar estádios em São Paulo: ao todo, são 107 torcedores do Corinthians dentre o total de 175 que se encontram banidos das partidas oficiais de seus times do coração. O número representa 61% do total de afastados.

Em segundo lugar aparecem os são-paulinos, com 28 torcedores proibidos de ir aos jogos e, em terceiro, os palmeirenses, com 23 banidos em São Paulo. Os santistas estão em quarto lugar, com 11 fãs do time da Baixada Santista proibidos de ir ao estádio. Os outros seis que fecham a lista torcem para times menores e diversos. Os números fazem parte de um levantamento exclusivo feito pelo TJ-SP para o UOL.

De acordo com o juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, titular do Juizado Especial do Torcedor do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona Oeste de SP, a maioria dos punidos acata e cumpre a pena de afastamento das arenas esportivas, mas cerca de 15% dos torcedores acaba descumprindo as restrições da pena alternativa e acabam presos.

"Os torcedores antes de serem encaminhados passam por entrevista psicossocial na Central de Penas e Medidas Alternativas onde são sensibilizados acerca da finalidade do cumprimento da pena e ainda, são orientados que poderá ter prestadores de outros times cumprindo a pena no mesmo local onde ele foi encaminhado e que deve haver a urbanidade, inclusive sem o uso de vestes próprio indicando o time de preferência", afirma o juiz.

Os torcedores punidos ficam proibidos de frequentar estádios em todo o Brasil por períodos que vão de seis meses a dois anos, período que pode ser renovado, reduzido ou ampliado pelo juiz de acordo com o comportamento deles. Em dia de partida do time para o qual torcem, devem comparecer a um batalhão do Corpo de Bombeiros previamente designado duas horas antes do jogo.
Só podem ir embora meia hora após o fim da partida. Na chegada entregam os telefones celulares e não podem acompanhar a partida pela TV, rádio ou internet. Só ficam sabendo o resultado quando vão embora.

"As atividades desenvolvidas são diversas, desde serviços gerais, jardinagem, lavarem a viatura, pintura e conservação", afirma o juiz. Ele conta que os torcedores sob a restrição ficam, na maior parte, agrupados de acordo com o clube para o qual torcem, mas que há locais onde todas as torcidas se misturam e não há registros de brigas ou problemas.

Número de presos em brigas é alto e está crescendo

Ao todo, 626 torcedores foram presos ou detidos ao longo de 2015 e 2016 em decorrência de brigas com outras torcidas em dia de jogo de seus times, e receberam algum tipo de punição da Justiça paulistana.

Dentre os que cumprem penas alternativas, além dos 175 que estão proibidos de ir aos estádios -- dos quais 105 ainda tem que prestar serviços comunitários -- outros 96 têm de prestar serviços comunitários (mas podem ir aos jogos). Mais 28 foram obrigados a pagar "prestação pecuniária", como multas ou cestas básicas (um torcedor pagou multa e presta serviços comunitários).

Nos dois anos, 69 torcedores de todos os times foram para a cadeia por conta de confusões com outras torcidas. Ao todo, 234 processos foram abertos, 25 torcedores foram condenados e cinco absolvidos. Atualmente, 118 dos 234 processos abertos no período correm na Justiça da capital contra torcedores por causa de brigas de torcida.

"Acho que a pena alternativa é muito boa, quem fez coisa errada tem que cumprir", diz Henrique "Baby" Gomes, o presidente da Torcida Independente do São Paulo e um dos torcedores que está proibido de ir aos estádios. Ele perdeu o direito de ver os jogos ao vivo depois do episódio da invasão do CT do São Paulo, no ano passado.

No início do ano, "Baby" desrespeitou a regra e foi a um jogo de uma equipe de base do tricolor paulista na Copa São Paulo de Juniores em Capivari, no interior de São Paulo. O desacato lhe rendeu uma prisão em flagrante na arquibancada e sete dias no CPD (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste da capital.

"Foi um erro, eu não sabia que não podia ir. Achei que a proibição valia apenas para os jogos da equipe principal. Nunca tive a intenção de desrespeitar a ordem do juiz", afirma o líder de torcida, que conseguiu a liberdade provisória e voltou a frequentar o batalhão dos bombeiros em dia de jogo do tricolor.

A reportagem não conseguiu contato com as torcidas mais representativas do Corinthians, Palmeiras ou Santos: Gaviões da Fiel, Mancha Verde e Torcida Jovem, respectivamente.

Foto: Mario Ângelo/Sigmapress/AE

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