Em manifesto oficial, publicado em seu site, time do povo teve coragem de tocar no tema: o preconceito no machista e reacionário planeta bola é ainda maior do que o existente na sociedade como um todo

Em manifesto oficial, publicado em seu site, time do povo teve coragem de tocar no tema: o preconceito no machista e reacionário planeta bola é ainda maior do que o existente na sociedade como um todo

 

Crédito: Charge de Cláudio, publicada, originalmente, na coluna Caneladas do Vitão do último dia 6 de setembro, que ilustrou a coluna Macaco choca mais do que tudo, texto que debateu o racismo, a homofobia e outros preconceitos odiosos

 

A pouco mais de uma semana de Corinthians x São Paulo (o Majestoso está marcado para o dia 21 de setembo), em Itaquera, clássico que, certamente, como sempre ocorre, será marcado pelos gritos de "biiiiiiiiiiiiiiiiiiicha" a cada tiro de meta cobrado por Rogério Ceni, e pelo "vai pra cima delas, Timão, da bicharada", a diretoria do Sport Club Corinthians Paulista foi corajosa e, mesmo sabendo que irá contrariar uma parcela significativa da Fiel, posicionou-se contra a homofobia. 

Emerson Sheik, que deu um selinho no amigo para protestar contra o tema, sabe que a bitoca foi a senha para o seu fim na linha no Parque. É verdade que não estava jogando bulhufas desde 4 de julho de 2012, mas, não fosse o beijo, estaria até hoje no Corinthians... E a Fiel, que tinha uma paciência enorme com o atacante pelos gols decisivos na Libertadores e por sempre provocar o Palmeiras em declarações, passou a cornetá-lo diuturnamente. Teve até protesto de alguns organizados na porta do CT contra o "beijo gay".

Voltando ao manifesto, como sou jornalista e, pois, mala, e sempre tendo a ser desconfiado, só achei desnecessário o desfecho do texto. Sei lá, pode passar a impressão de que o Timão está mais preocupado em não ser punido pelo STJD por homofobia como o Grêmio foi por racismo (o que é legítimo) do que em lutar contra o preconceito (o que seria nobilíssimo). Sabe como é, né, aquele papo de qume tem tem medo ou que punição no dos outros é refresco...

Manifesto

 No último sábado, dia 6 de setembro, aproveitando que o caso em que Aranha foi vítima de racismo na Arena do Grêmio (o Edson Arantes do Nascimento mata o Pelé de vergonha!) provocou discussão sobre o tema na sociedade, publiquei na minha coluna Caneladas do Vitão, no AGORA, um texto debatendo também a ignóbil homofobia.

Em apoio ao manifesto corinthiano, republico a coluna intitulada "Macaco" choaca mais do que tudo"

“Macaco” choca mais do que tudo

 Futebol não é o ópio do povo. Não entorpece. Ao contrário, esclarece. De forma nua e crua, traz à luz dos holofotes a escuridão em que vivemos, com nossos preconceitos odiosos camuflados à sombra da hipocrisia e do cinismo. Hiper-realismo surreal. Que representa a real.
 
O caso do goleiro santista Aranha, chamado de macaco na Arena do Grêmio, mostra muito mais do que a idiotia de uma minoria. Escancara também o quanto a maioria não tolera mais a estupidez racista. Cada vez que ela insiste em dar as caras, fica claro que é marginalizada pela imensa maioria.
 
Darwin explica. A geração do meu filho é mais tolerante que a minha, que é mais tolerante que a do meu pai, que é mais tolerante que a do meu avô, que é mais tolerante que a geração que viveu à época da escravidão, que é mais tolerante que os romanos que atiravam cristãos aos leões.
 
Se a intolerância racial provoca indignação, o futebol mostra como outros preconceitos estão vivíssimos na doente sociedade. “Bicha” e “viado” seguem o ápice da ofensa. Não é por outro motivo que nenhum jogador se assume gay.
 
A curto e médio prazo, é impossível imaginar que o senso comum se posicione contra homofobia no estádio e exija punição exatamente como fez em relação à gremista flagrada urrando “macaco” para Aranha.
 
Não é só a homofobia. No mundo à parte dos estádios, mulheres desacompanhadas e com roupas decotadas são consideradas culpadas, não vítimas, de assédios. Voltando às ofensas ao Aranha, o caso mostrou o quanto a sociedade considera o racismo inaceitável. O que é ótimo. E, de forma indireta, mostra que no futebol, a sociedade sem filtro, a homofobia e o machismo são valores aceitáveis. O que é péssimo.
 
Da série “duas aranhas, duas aranhas, vem cá mulher deixa de manha minha cobra quer comer sua aranha”, em matéria de opção e igualdade sexual, vivemos na Idade Média. Se for mulher, negra e lésbica, então...
 
Mais que tocar, é preciso trocar a faixa de Raul: “Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Sociedade sem qualquer preconceito é sempre a melhor alternativa. Dentro da lei! Da lei!
 

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Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web!

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