É simplista demais dizer que os técnicos jovens são estudiosos e os mais antigos são apenas bons motivadores

É simplista demais dizer que os técnicos jovens são estudiosos e os mais antigos são apenas bons motivadores

Vivemos uma crise de identidade com relação a técnicos de futebol aqui no Brasil. Há uma geração envelhecida, sem espaço nos grandes clubes - Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão desempregados, Muricy Ramalho virou comentarista (justo ele que sempre tratou mal a imprensa!) e Felipão está na China. Há uma nova safra que vem despontando, mas que ainda carece de grandes títulos para se fixar de vez no mercado. Cito aqui, Eduardo Baptista, Jair Ventura, Zé Ricardo, Fábio Carille e até Rogério Ceni. No ponto médio alto dessas duas "levas" de profissionais está Tite, reconhecidamente o melhor, e que por total merecimento, ocupa o mais elevado cargo, que é a seleção brasileira.

É simplista demais dizer que os técnicos jovens são estudiosos e os mais antigos são apenas bons motivadores. Luxemburgo, por exemplo, revolucionou, durante o seu auge profissional, o jeito de se montar equipes aqui no Brasil. Scolari, com seus sistemas defensivos aguerridos, ganhou duas Libertadores. Tite, já citado como o melhor, une muito bem essas duas vertentes: conhece o que há de mais moderno em termos táticos e é um grande líder. Nem sempre foi assim. Ele aprendeu a ser assim, se moldou. Eu me lembro muito bem do ansioso Tite em início de carreira.

Um dos problemas para a nova geração se firmar de vez no cenário nacional é a instabilidade emocional dos dirigentes. Ao passo que os técnicos experientes tem as costas largas e suportam mais a pressão, os jovens ainda enfrentam a instabilidade. Quando os resultados não aparecem em um primeiro momento, eles são mais vulneráveis e suscetíveis a demissões.

Reconheço que é complicado para um profissional ter alta performance em seu trabalho no domingo, imaginando que na quarta-feira pode ser demitido. Para combater isso, muitos mudam suas ideias e adotam a famigerada filosofia de "jogar pelo resultado". Entram primeiro para não perder, escanteando todas as suas convicções.

Uma ilha em meio a isso é Fernando Diniz, técnico do Audax, próximo do rebaixamento para a Serie A-2 do Campeonato Paulista. Diniz joga neste ano da mesma maneira que jogou no ano passado, quando sua equipe foi vice-campeã estadual. Jogo de posição, movimentação, saída de bola com toques curtos, sem rifar o jogo, etc. Louvável demais isso! Não há porque mudar de ideia porque o resultado não está vindo. Evidentemente, que alguns aspectos devem ser corrigidos. Mas falo aqui de conceitos, de ideias. Diniz acredita que pode vencer seguindo o que ele pensa que é o melhor. Ele não joga para manter o emprego. E isso me anina demais. Há de se ter convicção. Ajustes sim. Mudanças bruscas não. Na derrota e na vitória.

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