A Chapecoense foi obrigada a reformular seu plantel após a tragédia

A Chapecoense foi obrigada a reformular seu plantel após a tragédia

Daniel Fasolin

De Chapecó, em colaboração para o UOL

A tragédia aérea que vitimou a delegação da Chapecoense e jornalistas brasileiros completa 100 dias nesta quinta-feira (09). Se dentro de campo o clube catarinense "toca a vida", fora dele ainda há em aberto questões relativas ao acidente que matou 71 pessoas em Medellín.

Pertences das vítimas

Os familiares ainda aguardam a liberação dos pertences das vítimas, que estão sob custódia no aeroporto internacional José María Córdova, em Medellín.

Segundo o diretor jurídico da Chapecoense Marcelo Zolet, responsável pela repatriação dos pertences, os materiais estão em fase final de identificação e devem ser mandados ao Brasil após todos os trâmites burocráticos serem resolvidos.

Os materiais estão trancados no aeroporto sob custódia da empresa inglesa Blake Emergency, contratada pela Lamia para tal fim.

Seguros e indenizações

Familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia já receberam os valores correspondentes a dois seguros. A Chapecoense possuía apólice que previa o pagamento de 14 salários, com cláusula que dobraria o montante em caso de morte trágica. O outro seguro diz respeito à CBF, previsto por lei e relativa a outros 12 salários.

Além dos valores dos seguros, as vítimas da tragédia também já receberam os fundos arrecadados em eventos beneficentes, doações e amistosos. Segundo nota emitida pelo clube, foram arrecadados R$ 2.977.360,37, divididos igualmente entre as 68 vítimas brasileiras da tragédia – cada beneficiado recebeu R$43.784,71.

Ainda resta a definição sobre o pagamento do seguro referente à Lamia. No próximo dia 15 a Chapecoense se reunirá com as famílias das vítimas em Florianópolis, para repassar as informações recebidas pelas seguradoras. O clube ainda aguarda o encerramento das investigações para nortear os próximos passos jurídicos a serem tomados.

Processos

Em fevereiro, familiares do volante Gil deram entrada em uma ação contra a Chapecoense na Justiça do Trabalho. De acordo com o departamento jurídico do clube, eles cobram o pagamento de salários referentes ao tempo restante de contrato do atleta com o time catarinense, que iria até o final de 2017.

Este é o único processo lavrado contra a Chapecoense até o momento. Outros familiares ainda solicitaram as vistas dos contratos assinados com a Lamia, mas ainda não entraram com ações trabalhistas ou criminais contra o clube.

Ganhos financeiros

O programa de sócios da Chapecoense teve grande expansão após a tragédia. Para atingir a demanda de pessoas dispostas a ajudar na reconstrução do clube, foi criado uma categoria de sócios-contribuintes, que já superou a marca de 16 mil pessoas. O número de sócios-torcedores também subiu para 11.890 membros, cerca de três mil a mais em relação à novembro de 2016.

Ao todo, o programa conta com 28 mil sócios até o momento. A expectativa da Chape é atingir a marca de 65 mil ainda neste ano.

A Chapecoense também viu a venda de camisas subir consideravelmente. Na loja oficial do clube, inaugurada em meados de 2016, a cada 48h eram vendidas aproximadamente 35 camisas antes da tragédia. Nos primeiros dias após o acidente, as vendas atingiram a marca de 250 camisas, esgotando o estoque inicial. Hoje, a média é de 100 camisa.

Como estão os sobreviventes

Jackson Follmann: em fevereiro, o goleiro passou pela colocação de prótese na perna amputada no acidente. Atualmente realiza exercícios de adaptação e movimentação no clube. A tendência é que assuma um cargo ligado ao departamento futebol na Chapecoense.

Rafael Henzel: o jornalista já está praticamente recuperado de todas as lesões decorrente do acidente. Voltou a narrar jogos da Chapecoense e comandar programas periódicos na rádio que trabalha em Chapecó. Para a Libertadores, fará um trabalho especial para uma televisão local e será comentarista nos jogos da Chapecoense.

Neto: o zagueiro já realiza exercícios de mobilidade no gramado e está praticamente curado das lesões na coluna e no joelho. Foi inscrito no elenco da Chapecoense na Libertadores e existe a expectativa de retorno aos gramados ainda na primeira fase da competição.

Alan Ruschel: assim como Neto, realiza exercícios funcionais no clube e tem boa evolução. Em breve deve iniciar o processo de condicionamento físico para ser integrado ao elenco profissional. Também foi escrito pela Chapecoense na Libertadores.

Dentro de campo

A Chapecoense foi obrigada a reformular seu plantel após a tragédia. Foram 26 jogadores contratados, além do técnico Vagner Mancini. Nas primeiras competições disputadas, encerrou o primeiro turno do Campeonato Catarinense na segunda colocação e foi eliminado na Primeira Liga.

Fez sua estreia na fase de grupos da Libertadores na última terça-feira (7), com vitória por 2 a 1 sobre o venezuelano Zulia FC, em Maracaibo. Foi a primeira viagem internacional do elenco profissional após a tragédia aérea.

Foto: Fernando Llano/AP Photo

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