Porém, Autuori ainda não conquistou os torcedores, que se mostram impacientes com o trabalho

Porém, Autuori ainda não conquistou os torcedores, que se mostram impacientes com o trabalho

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Vespasiano (MG)

Em fase de adaptação ao Atlético-MG, Paulo Autuori tem vivido dois extremos no clube mineiro, ao ter seu trabalho aprovado pelos jogadores e questionado por parte da torcida. Com discurso e estilo fora do habitual da maior parte dos técnicos, o treinador tem enfrentado resistência do torcedor.

Adepto de frases de efeito e sempre deixando claro a forma de pensar, o treinador foge do padrão. Durante sua apresentação oficial, em 16 de janeiro, Autuori mostrou o cartão de visita. Com fala mansa, sem alterar o tom de voz e sempre educado, ele não usa expressões do mundo do futebol.

Na primeira entrevista coletiva, o treinador atleticano já deu mostras da forma de expressar e citou um texto do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, para comentar sobre as passagens ruins que teve por Vasco e São Paulo no ano passado.

"Uma vez li uma crônica do Drummond de Andrade, que dizia você não precisa ser 24 horas campeão. A gente tem a preocupação de ser campeão 24 horas e é impossível, somos humanos, cometemos erros e acertos e o importante é ter humildade para reconhecer e mudar", disse à época.

Quase sempre, em suas entrevistas, Autuori se mostra incomodado com o peso que se dá aos técnicos de futebol e defende uma visão diferente do futebol. "Gostaria de colocar algo que acredito no futebol. Existem dois protagonistas, jogadores e torcedores. Por que é essa magia no mundo todo? Por causa dos jogadores e do público", afirmou.

"Qualquer outro que queira o protagonismo, estraga, principalmente a nossa classe, de técnicos. Quando quer ser protagonista, acaba estragando e isso eu sempre vou respeitar. Essa para mim é a grande verdade do futebol", acrescentou.

A forma de conversar e de entender e viver o futebol, vem conquistando os jogadores atleticanos. O grupo tem demonstrado que está fechado com Autuori. Exemplo disso aconteceu no duelo com o América, no domingo, quando o grupo homenageou o treinador com a vitória de virada, por 3 a 2.

"Estamos fechados com ele, é um grande treinador, que está trabalhando muito, vem procurando dar o melhor para o Atlético. É começo de trabalho ainda, temos ainda que crescer, mas o trabalho tem sido muito bem feito", disse o atacante Jô.

Porém, Autuori ainda não conquistou os torcedores, que se mostram impacientes com o trabalho e o estilo do treinador, que é mais contido na beira do campo que outros técnicos que passaram pelo Atlético, como o antecessor Cuca.

"Eu o acho ainda muito parado, demora a fazer substituições. Às vezes olho para o banco e acho que está sem técnico, pois ele não dá muita instrução, não grita quando precisa, é muito quieto. Acho que ainda é questão de tempo para tentar acostumar, mas claramente a torcida do Atlético está insatisfeita, principalmente com o futebol apresentado, sem aquela alma que estamos acostumados a ver", afirmou Breno Resende, de 29 anos.

Autuori se defende e explica a forma contida de ser. "Imagem não se vende, se constrói, eu tenho construída a minha imagem e vou manter até o final isso, não preciso mudar para agradar um ou outro", disse o treinador.

Foto: UOL

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