Lausana, Suíça, 24 Jul 2016 (AFP) - O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu neste domingo não suspender o Comitê Nacional Olímpico Russo (ROC), deixando para as federações internacionais a decisão de avaliar a participação de cada atleta do país nos Jogos do Rio, com base em critérios muito rígidos.
Em meio ao clima de guerra fria que voltou à tona nas últimas semanas, COI preferiu não optar pela "opção nuclear" advogada por Dick Pound, fundador da Agência Mundial Antidoping (Wada) e co-autor do primeiro relatório bombástico que resultou na suspensão do atletismo russo de todas as competições internacionais.
A punição foi confirmada na quinta-feira pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), o que parecia abrir o caminho para a exclusão total do país.
Uma medida que vinha sendo cogitada desde segunda-feira, com a publicação de outro documento da Wada com revelações avassaladoras: o relatório McLaren, que evidencia o envolvimento das autoridades russas ao esquema.
Mesmo assim, o COI considera que "não existem provas contra o Comitê Olímpico Russo no relatório", por isso resolveu não suspender o país como um todo.
- Rússia agradece, EUA criticam -"Os atletas russos das 28 modalidades olímpicas precisam assumir as consequências da responsabilidade coletiva (do país) e a presunção de inocência não pode ser aplicada", ressaltou o COI em um comunicado.
"Por outro lado, a justiça individual precisa ser aplicada, e todo atleta precisa poder provar que a responsabilidade coletiva não pode ser aplicada no seu caso", justificou.
"Eu sei que a decisão não vai agradar a todos", admitiu o presidente do COI, em entrevista coletiva por telefone, antes de lamentar o fato de veículos de mídia como o Times, da Inglaterra, terem "lançado uma campanha a favor da exclusão da Rússia".
Questionado se mostrou "fraqueza" na decisão, Bach rebateu ao afirmar que "tratou-se apenas de justiça em relação aos atletas limpos".
As críticas não demoraram a chegar. "De forma decepcionante, em resposta ao momento mais importante para atletas limpos e pela integridade dos Jogos Olímpicos, o COI se recusou a agir como um líder determinante", criticou o diretor executivo da Usada, Travis Tygart, em um comunicado.
A decisão, de fato, não agradou a todos, mas foi comemorada pelo ministro dos Esportes da Rússia, que se disse "agradecido".
A decisão "é objetiva, adotada dentro dos interesses do mundo esportivo e pela unidade da família olímpica", enfatizou Mutko, que se disse "absolutamente convencido de que a maioria da delegação russa atenderá aos critérios" rigorosos estabelecidos pelo COI.
- Stepanova fora dos Jogos -Caberá às federações internacionais de cada modalidades terão a possibilidade de validar a participação dos atletas que considerem `limpos´, de acordo com esses critérios.
A IAAF chegou até a tomar uma medida semelhante, ao `repescar´ a saltadora em distância Darya Klishina que treinava na Flórida, onde é submetida a exames mais rigorosos do que em seu país.
A entidade também chegou a autorizar a meio-fundista Yuliya Stepanova a disputar os Jogos por conta da sua contribuição na denúncia do escândalo, que revelou em documentário do canal alemão ARD, mas o COI resolveu vetar sua participação neste domingo.
A decisão foi tomada porque, de acordo com os critérios muito rigorosos estabelecidos para liberar a participação de atletas russos, nenhum deles pode ter testado positivo no passado, o que foi o caso de Stepanova.
Essa regra também deve tirar muitos atletas de outras modalidades, mas o fato de o COI não ter punido o Comitê russo deve possibilitar a participação aos Jogos de estrelas como os membros da seleção masculina de vôlei masculina, atual campeã olímpica, que derrotou o Brasil na final da última edição, em Londres-2012.
Na capital inglesa, porém, o esporte que mais rendeu medalhas à Rússia foi o atletismo (17 de 82), que deve ter apenas Klishina como representante.
A luta olímpica também é um esporte de forte tradição na Rússia, com 11 pódios em Londres, mas é um dos mais afetados por escândalos de doping.
Na quarta-feira, a Rússia inscreveu 387 competidores na sua delegação, mas a lista já caiu para 320 nomes, com a exclusão de 67 dos 68 nomes da equipe de atletismo. Outros cortes devem acontecer, mas a Rússia ganhou neste domingo a certeza de que não ficará totalmente fora dos Jogos.
O COI havia excluído países de Olimpíadas no passado, com a suspensão dos comitês nacionais da África do Sul, de 1964 a 1988, por conta do regime do apartheid, e do Afeganistão, em 2000, quando o país era governado pelos talibãs.
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