Quando ainda decidia se deveria se aposentar em 2014, Rogério Ceni passou por dilemas parecidos

Quando ainda decidia se deveria se aposentar em 2014, Rogério Ceni passou por dilemas parecidos


José Eduardo Martins
Do UOL, em São Paulo

Campeão mundial com o futuro indefinido no São Paulo; jogadores e torcedores em campanha para que o ídolo continue na equipe; treinador dando aval para a permanência do veterano no clube; e dirigentes não muito certos se devem manter o investimento no atleta. O roteiro que descreve os últimos dias de Lugano no Tricolor já foi vivido por outro astro. Quando ainda decidia se deveria se aposentar em 2014, Rogério Ceni passou por dilemas parecidos com os do zagueiro uruguaio.

Na época, aos 41 anos, o então goleiro tinha contrato com o São Paulo só até o fim da temporada. Muitos acreditavam se tratar da última temporada do astro. No entanto, a torcida, os colegas de time, como Kaká e Luís Fabiano, e o treinador Muricy Ramalho começaram a fazer uma campanha para que ele permanecesse em atividade. A torcida também embarcou na onda e gritava sempre o nome do ídolo no estádio.

A diretoria, por sua vez, tinha seus pontos de interrogação. Alguns questionavam o alto salário, outros mostravam dúvidas de que o veterano poderia manter o bom rendimento na temporada seguinte. Outro ponto criticado por alguns era a liderança do goleiro, que reivindicava os direitos dos colegas. "Ninguém tem o direito de motivá-lo a continuar ou a desistir. É uma decisão exclusiva dele. Mas, se sair agora, ele sairá no auge. Se fizer isso no futuro, pode ser que não. Já disse isso ao Rogério, que está em uma fase esplendorosa. Não é sugestão. Apenas dou ideias", disse à época o então vice de futebol de 2014, Ataíde Gil Guerreiro.

Porém, com o bom momento do time no Campeonato Brasileiro daquele ano, a vaga para a Copa Libertadores de 2015 e a comoção da torcida, ficou praticamente impossível para algum dirigente se opor à renovação. Rogério Ceni, em grande fase, também alimentou o sonho de pendurar as luvas em grande estilo com a conquista de um título na temporada seguinte. Desta maneira, o goleiro assinou o vinculo até o fim da competição continental e, depois, aposentou-se em dezembro.

Mera coincidência?

A história de Lugano tem suas diferenças também quando comparada a de Ceni. Os jogadores fazem campanha para que ele renove o contrato. No entanto, segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, nem todos acreditam que ele tenha condições de ajudar tanto dentro de campo como o goleiro fazia em 2014. Aliás, Ceni vivia grande momento naquela época, enquanto Lugano tem poucas oportunidades para entrar em campo. Mesmo assim, o zagueiro, de 36 anos, acredita estar em grande fase fase em termos físicos e sempre ressalta o fato de não ter sofrido nenhuma lesão desde o início da temporada.

O desempenho do time também é bem diferente. O São Paulo empolgava a torcida em 2014 e brigou pelo título do Brasileiro, ficando com o vice-campeonato, e só foi eliminado pelo Atlético Nacional da Colômbia nos pênaltis, na semifinal da Copa Sul-Americana. Já neste ano, o Tricolor ainda tenta se firmar com Rogério Ceni como treinador e disputa apenas o nacional até o fim da temporada.

O contrato de Lugano com o São Paulo termina no fim deste mês. Para pessoas próximas, o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, não se mostrou muito empolgado em renovar o vínculo e deixou claro a preocupação com o alta salário do uruguaio. Porém, nos próximos dias ele deve ter uma conversa com outros dirigentes e integrantes da comissão técnica para definir o futuro do uruguaio.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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