Mesmo com os acontecimentos, Giba ainda frequentou o clube por mais dois meses

Mesmo com os acontecimentos, Giba ainda frequentou o clube por mais dois meses

Conhecido entre os boleiros por trabalhar há quase 20 anos nos principais clubes de São Paulo, o cabeleireiro Giba acusa o volante Cristian, do Corinthians, de preconceito e diz ter sido rejeitado pelo atleta por ser branco. Após o episódio com o corintiano, Giba, que era figura frequente no CT Joaquim Grava, preferiu deixar o clube e há três meses não frequenta mais o local.

"Na realidade por um preconceito, uma coisa que eu não gostei, eu acabei saindo do Corinthians. Eu sofri um preconceito pelo lado do Cristian. O Cristian chegou, cortava o cabelo, fazia barba comigo, fazia tudo comigo e tal. Aí um belo de um dia ele falou que ia me derrubar, é...do nada assim. Um dia ele falou assim: ó, vou trazer um cara para cortar meu cabelo aí porque eu não corto mais meu cabelo com branco. Desse jeito", disse, ao UOL Esporte.

Giba começou a trabalhar com o futebol ainda nos anos 90 quando conheceu um dirigente do São Paulo, e por 15 anos teve um salão fixo no clube do Morumbi para atender os jogadores. Nesse período, ele ainda teve passagens por Palmeiras, Santos e Corinthians a convite do técnico Emerson Leão, de quem se tornou amigo. Após pedir demissão do Tricolor em março de 2012, Giba conta que montou seu salão no bairro Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo. Três meses depois, voltou a frequentar o CT do Corinthians por ser amigo de funcionários e de jogadores como o meia Danilo.

Segundo Giba, o episódio com Cristian acabou provocando um desentendimento dentro do próprio elenco porque alguns jogadores saíram em sua defesa, chegando até a rolar um bate-boca no refeitório. Ele cita os atletas Gil e Danilo como pessoas que continuaram do seu lado. O coordenador-técnico Alessandro diz que soube da briga entre o jogador e Giba pelo próprio cabeleireiro, mas desconhece qualquer mal-estar no elenco por causa disso.

Após o episódio, Cristian acabou mesmo levando um amigo cabeleireiro para trabalhar no Corinthians. Eduardo Muller virou frequentador assíduo do CT Joaquim Grava e hoje já tem clientes de peso como Elias, Ralf, Vagner Love, Mendoza, Malcom, Renato Augusto, Luciano, Cristian, Edílson e até o técnico Tite. Procurado pela reportagem, o profissional informou que não tinha autorização para falar sobre o assunto e que era apenas um coadjuvante na história.

Mesmo com os acontecimentos, Giba ainda frequentou o clube por mais dois meses, continuou atendendo alguns atletas e chegou a dividir espaço com o novato em uma oportunidade. Mas evitou contato com Cristian nesse período.

"Não sei dele e também não me interessa, ele fica lá com a cor dele, o estilo dele, a maneira dele de viver, não guardo mágoa, não guardo ódio dele, ele tem a maneira dele de pensar". Segundo Giba, depois da sua saída, muitos jogadores e membros da diretoria ainda pediram o seu retorno, mas ele não tinha mais clima para continuar.

"Foram muitas e muitas ligações. 95% a 98% dos jogadores me ligando para voltar, gente da diretoria, funcionários, até tive no aniversário do Cássio com o Danilo, todos os jogadores sem exceção, todos os diretores e funcionários que lá estavam queriam o meu retorno. Eu não quis porque foi muito doído, porque você sofrer um preconceito... Eu seria preso se eu falasse: não gosto de preto, não gosto de negro, não corto cabelo de negro. Eu sofri isso e deixa para lá".

A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com o Corinthians para ouvir Cristian, mas a assessoria de imprensa informou que o jogador não iria se pronunciar sobre o assunto.

Foto: UOL

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