O catarinense de 28 anos herdou a camisa 3 de Filipe Luis ao ser indicado pelo treinador argentino Diego Simeone, que o observou e pediu sua contratação

O catarinense de 28 anos herdou a camisa 3 de Filipe Luis ao ser indicado pelo treinador argentino Diego Simeone, que o observou e pediu sua contratação

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

"Espera aí que o Simeone está ligando e quer meu carregador emprestado." Essa frase, enquanto concedia a entrevista por telefone, mostra o quão próxima é a relação do chefe que o indicou. "Se ele não me devolver, chego junto nele depois", brincou. O personagem em questão é um brasileiro um pouco espanhol e um pouco italiano; o lateral esquerdo Guilherme Siqueira, do Atlético de Madri.

O catarinense de 28 anos herdou a camisa 3 de Filipe Luis ao ser indicado pelo treinador argentino Diego Simeone, que o observou e pediu sua contratação. Foi a grande chance para o defensor que não é nada conhecido em seu país natal.

Ele saiu de Florianópolis com 18 anos (após passagem pela base de Avaí e Figueirense) para se aventurar no futebol italiano. Foi para o time sub-20 da Inter de Milão. Mais tarde, sem se firmar, passou por Lazio, Udinese e Ancona. Em 2010 foi para o Granada, da Espanha, onde começou a chamar a atenção de Simeone ao marcar cinco gols em sua passagem. E na última temporada defendeu o Benfica, de Portugal.

"Influenciou bastante o Simeone conhecer meu futebol. Ele falou pra eu ser a mesma pessoa e o mesmo jogador que ele via no Granada. Ele pede pra correr, correr e correr e participar das duas fases do jogo (defesa e ataque) e entrar nessa dinâmica", falou Siqueira, em entrevista ao UOL Esporte.

Logo em seu primeiro jogo oficial pelo Atlético de Madri, Siqueira já deu seu cartão de visitas e mostrou que não brinca em serviço. Em um dos jogos que renderam a conquista da Supercopa da Espanha, chegou firme no galês Gareth Bale, do Real Madrid, jogador mais caro da história em um vídeo repercutido na internet.

"Ele estava com a perna no alto e eu cheguei forte pra pegar a bola. Mas a partir do momento que vi que não ia conseguir acertá-la, tentei parar a jogada. Não queria machucar, mas só parar a jogada. Foi isso que aconteceu e nada demais", explicou.

"Sabemos que com esses jogadores temos um nível de tensão alto e não podemos dar bobeira. Tem jogada que temos que pará-los...caras como Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo são perigosos e a qualquer momento podem surpreender. Temos então que usar da nossa experiência para parar o jogo no momento necessário", continuou.

Guilherme tem cidadania italiana e em 2013 conseguiu a espanhola. Abriu mais uma porta para a carreira, embora nunca tenha sido chamado para defender a Fúria. Assim como Diego Costa, ex-Atlético de Madri, pode escolher entre as duas.

Ele explica que sua prioridade e desejo são o de defender o time verde e amarelo, mas não descarta uma futura chance no time espanhol caso não esteja nos planos de Dunga. "A brasileira (é a preferida). Como bom brasileiro, o nosso Brasil em primeiro lugar", disse o defensor.

"Não penso no momento, o momento não é de pensar nas duas seleções; elas estão bem servidas. Só acho que um bom trabalho feito em grupo com certeza reflete depois em uma convocação para seleção. Sou brasileiro e claro que eu gostaria de jogar pelo meu país, mas se a Espanha me chamasse eu iria com o maior prazer, pois foi aqui que reencontrei meu futebol. Iria pras duas com prazer."

Um dos dois primeiros convocados de Dunga para a seleção foi justamente Filipe Luis, homem que Siqueira chega para substituir e que jogou junto com ele na base do Figueirense por dois anos.

"Foi até engraçado quando o Atlético de Madri me procurou para substituí-lo; liguei pra ele e conversamos. Me espelho muito nele dentro e fora de campo. Agora é trabalhar para substituí-lo que o pessoal vai ficar contente comigo como ficou com Felipe."

FOTO: UOL

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