Aproveitando o imperdível lançamento do livro "Boteco da Lusa", o blog abriu espaço para verde-encarnados analisarem a crise rubro-verde; na ZL, manos do Mano desencantam com bandeirinhas brancas

Aproveitando o imperdível lançamento do livro "Boteco da Lusa", o blog abriu espaço para verde-encarnados analisarem a crise rubro-verde; na ZL, manos do Mano desencantam com bandeirinhas brancas

A jornalista Michelle Abilio, fantática pela Portuguesa de Desportes (clube que já foi motivo de orgulho nacional mesmo para quem não é rubro-verde), lança nesta quinta, às 19 horas, no Bar São Cristóvão, na Vila Madelena, o livro "Boteco da Lusa".
 
Michele Abilio é contadora de história, jornalista e nas horas vagas corneteira.
Cresceu, acompanhada do vô, pai e irmãos, na arquibancada do Canindé. Aprendeu a xingar o juiz antes de falar “bom dia”. Apaixonada por tremoço, bacalhau , caipirinha e sol. Sonha em ter um boteco e ver a Portuguesa brilhando nos grandes estádios de arquibancada de concreto do mundo (Crédito: Arquivo Pessoal)
 
A divertida obra, que conta com cartuns do também verde-encarnado Paulo Batista, é uma coletânea de crônicas que retratam a alma rubro-verde pela visão de quem sofre e vive a Lusa na arquibancada.
 
 
Michelle escolheu uma das crônicas do livro, intitulada O futebol como ele é,  para os leitores do BLOG DO VITÃO conhecerem em primeira mão
 
O futebol como ele é. Ou como deveria ser

15 de julho de 2013

É Portuguesa! É Portuguesa! E o jogo terminou 3 a 0. Sim, 3 a 0 para a Briosa diante do Grêmio Mauaense.

A Portuguesa Santista, a burrinha, a Portuguesa da baixada, a rubro-verde do litoral, a Briosa, chame-a como quiser, conseguiu a vitória que a Portuguesa, a minha Lusa, não conseguiu diante do Santos.

A Portuguesa, a Santista, briga por uma vaga para a próxima fase da segunda divisão do Paulista, que vem depois da A1, A2 e A3. A Portuguesa, de Desportos, pela permanência na primeira divisão do Brasileiro.

Não dá para fazer comparações. A realidade é outra. Um jogo no Ulrico Mursa é um universo totalmente diferente do que estamos acostumados no Canindé, Pacaembu, Morumbi etc.

É o lado B do futebol. Lado que está ficando mais interessante do que o futebol modinha e coxinha presente na nossa realidade. O Ulrico Mursa cheirava sanduíche de linguiça, e o cheiro era delicioso. Provavelmente a linguiça era de marca vagabunda e a chapa estava suja e engordurada, mas nada disso importava. O cheiro era bom demais. Tenho a certeza de que os jogadores sentiram o cheiro ali no gramado e também ficaram com vontade do sanduíche de linguiça.

Diferente da Vila Belmiro, que respirava um ar coxinha retrô. Um estádio antigo, reformado, cheio de camarotes, cadeiras numeradas, telão eletrônico, alto-falante sem chiado e cachorro-quente com salsicha Sadia. Tudo certinho demais. Com exceção da arquibancada de concreto dos visitantes e arquibancada mais barata da torcida deles.

Estádio arrumadinho, mas sem muita visão de jogo no espaço reservado para a nossa torcida. Não dava para ver a trave que estava mais próxima da torcida da Lusa. Era preciso esticar a cabeça e não podia ficar na primeira fileira, que era área da Polícia Militar. Já no Ulrico Mursa, a torcida ficou no alambrado discutindo com o técnico do time adversário e sentindo o cheiro da linguiça tostada na chapa suja.

Tenho a sensação de que o futebol está ficando chato. Não pode beber no estádio, não pode levar bandeiras, não pode encostar no alambrado, não pode nada. Estão querendo transformar o torcedor de estádio em um público de teatro.

E só falta banir o xingamento. Daqui a pouco vão proibir falar palavrões. Mas isso ainda pode, e os 420 torcedores, no Ulrico Mursa, xingavam todo mundo. Jogador, juiz, técnico do time adversário, bandeirinha etc. Destaque para as três crianças que estavam ali na beira do gramado cantando “Ei, bandeirinha, sua mãe é uma galinha.”

Crianças lindas e vestidas com a camisa da Briosa.

Já na Vila Belmiro, a distância entre arquibancada e gramado era pouca, e o xingo sobrou para os reservas da Lusa que aqueciam ali perto e para o Corrêa, toda vez que ia cobrar escanteio. E também rolou a clássica zoação entre as torcidas. O torcedor ainda é criativo e as provocações entre lusos e santistas estavam engraçadas. Muitas vezes me peguei prestando mais atenção na troca de elogios entre eles do que no jogo.

Lá no estádio da Briosa, o jogo acabou em 3 a 0. Já na Vila Belmiro, a Lusa perdeu por 4 a 1 e eu te dou quatro motivos para a derrota: não temos técnico, Rogério é ruim, Luis Ricardo não jogou nada e não temos um finalizador.

Após os 2 a 0 do Santos, a Lusa até jogou bem, mas ela é deficiente na zaga e no ataque, e assim fica difícil. Ninguém consegue fazer milagres, nem o Pimenta, que acha que é técnico e Deus. E o Santos, que também não é lá muito bom, aproveitou as falhas da Lusa e garantiu os três pontinhos da partida.

Já a Portuguesa...

Outro dia, o Pimenta disse que a torcida da Portuguesa não gostava de sexo, mas mandou a Lusa pra zona. Tô confusa!

Estamos na zona e o próximo jogo será contra o Goiás, na casa deles. A tendência é continuar na zona por um longo e terrível tempo.

Alguém, por favor, pode salvar a Portuguesa, mandar o Pimenta embora e comprar um sanduíche de linguiça pra mim? 
 
Crise rubro-verde
 
Atendendo ao pedido deste colunsta filho de pai transmontano (seu Viriato é corinthiano e Benfica, ao contrário de toda a família, que é Porto e Portuguesa), Michelle fez, especialmente para o BLOG DO VITÃO, um texto tentando expressar o que sente quem é Portuguesa nesta fase horrorosa e triste da história do time de coração dos meus saudosos vô Damião, vó Adelia, primo Alexandre, padrinho José Luis, professor Affonso e dos meus amigos Mário Nunes, Daniel Amarelo, Norberto Assunção, Edu Affonso, Luiz Carlos Duarte, Juliano Moreira, Rafael Ribeiro, Vagner Magalhães, Maçã, Lady Lu e tanta gente (ok, não é tanta gente assim, embora, certamente, estou esquecendo alguns amigos)...
 
Além da bela Michelle, Juliano Moreira e Luiz Carlos Duarte, companheiros de jornal AGORA, também deram as suas visões do momento lusitano.
 
Vamos à luta!
 
Torcedores da Portuguesa: o que são? (*Por Michelle Abilio)

Torcedores da Portuguesa são figuras engraçadas. Quem vê de fora questiona: Como torcem? O que comem? Como vivem? Como dormem? O que
são?

Somos Portuguesa. Independente da divisão, do resultado, do campeonato, etc. Somos nós, somos únicos. Somos 100, às vezes, somos milhares no Canindé ou em qualquer outra arquibancada de concreto do país.

Todo campeonato achamos que aquele é o pior time da história. Mas a equipe do campeonato atual sempre tem o pior time de todos os tempos. Mas não desistimos. Às vezes nos surpreendemos. Rimos, choramos e xingamos o juiz de ladrão.

Lotamos nossas Kombis, comemos tremoços e escolhemos um bom vinho e seguimos para o Canindé.

Eneas, Djalma Santos, Brandãozinho, Badeco, Basílio, Dener, Zé Roberto, etc. já vestiram a camisa rubro-verde. Somos tri-Fita Azul, que muitos não devem nem fazer ideia da importância desses títulos.

Também temos Paulistas, Série B, A2, e muitas vitórias e goleadas inesquecíveis. Comemoramos o 7 a 2 em cima do São Paulo, da mesma maneira que comemoramos a Série B e os 4 a 0 diante do Corinthians.

Comemoramos cada vitória como se fosse um título, porque nunca sabemos o dia de amanhã. E lá estamos na arquibancada vendo mais um jogo da gloriosa Portuguesa. Série A, Série B, A-2, jogo que não vale nada e... as rodadas da beira do abismo.

Hoje, estamos na beira do abismo, praticamente na Série C e sem nenhuma expectativa de sair desta situação. E continuamos com nossos radinhos, camisas, tremoços e a esperança de um milagre.

A Portuguesa vive o pior momento de sua história. E nem os quase 50 jogadores que fazem parte do elenco vão conseguir salvar a Lusa. Eles são péssimos, mas a culpa não é deles, e sim de quem contratou esses jogadores. Somos conscientes.

As más gestões das últimas décadas, o não profissionalismo, a falta de planejamento, a falta de dinheiro, a falta de um time competitivo, a desigualdade da cota de TV e muitos outros fatores, e nem vou citar o STJD, colocaram a equipe rubro-verde na beira do abismo.

A possibilidade da Lusa não cair neste abismo é nula. Não sabemos como serão os nossos dias na Série C, mas a única certeza que temos é de que estaremos lá do lado do radinho de pilha, ou sentados na arquibancada de concreto esperando por uma vitória da Portuguesa e quem sabe, a volta por cima.
 
* Michele Abilio é contadora de história, jornalista e nas horas vagas corneteira.
Cresceu, acompanhada do vô, pai e irmãos, na arquibancada do Canindé. Aprendeu a xingar o juiz antes de falar “bom dia”. Apaixonada por tremoço, bacalhau , caipirinha e sol. Sonha em ter um boteco e ver a Portuguesa brilhando nos grandes estádios de arquibancada de concreto do mundo.
 
Rafael Ribeiro, Juliano Moreira e Luiz Carlos Duarte: jornalistas do Agora são apaixonados pela Portuguesa: segundo o DataVitão, torcida verde-encarnada é a quarta na Redação do jornal mais vendido em bancas no estado de São Paulo.
 
Os piores anos de nossas vidas (*Por Luiz Carlos Duarte)
 
Desde a sua primeira queda, em 2002, a Lusa atravessa o pior período de sua história, que neste ano completou 94 anos.
 
O episódio de Heverton no final de 2013 decretou de vez a entrada no inferno, ou melhor, no subsolo do inferno.
 
Com raríssimas exceções, os últimos anos têm sido marcados pela total ausência de planejamento. A cada fim de temporada, os elencos são praticamente dizimados. Neste ano, cerca de 50 jogadores abaixo da média foram contratados. O Canindé virou uma caçamba de tranqueiras.
 
Ao descrever o Inferno, Dante Alighieri citou a inscrição que figurava no porta. "Deixai toda esperança, vós que entrais".
 
É mais ou menos isso que o torcedor da Lusa hoje sente. Estão conseguindo roubar a nossa esperança por dias melhores.
 
Mas, é claro, jamais vamos desistir.
 
Vamos à luta! 
 
*O jornalista Luiz Carlos Duarte é torcedor da Lusa e editor-geral do Agora
 
 
Colapso rubro-verde (*Por Juliano Moreira Oliveira)
 
Lançar mão de malabarismos orçamentários para fechar o caixa no final do mês tornou-se hábito na gestão pública. Tal “capacidade” gerencial, _que deslocada para a rotina da Associação Portuguesa de Desportos_se tornaria incapacidade em uma questão de tempo.
 
Envolta a desilusões e fatídicas esperanças, a Lusa vive, desde 2002, um esgotamento financeiro, este canalizado por intrigas e disputas pessoais no âmbito da colônia. Não há mais roteiros que quantifiquem a crise no Canindé.
 
A expressão, no mais profundo dialeto econômico, é a de colapso. E um difícil de se digerir. A começar pela convidativa peneira, de Dener e Zé Roberto, que há anos secou. Sua estrutura pré-profissional se apequenou, a exemplo de seu plantel e comissão técnica. Entretanto, seria incoerente da minha parte despejar, com todo o rancor lusitano a qual sou adepto, a bronca nos ombros de quem faz a bola correr no gramado.
 
 
O retrato de uma Portuguesa em via de mão única foi deflagrado em 2002, pela gestão que reinventou a “bestialidade futebolística” e lá ficou.
 
Traçar um paralelo com a realidade me faz lembrar de um exercício histórico: a ponte com os episódios dos regimes ditatoriais nas décadas de 60 e 70 na América Latina se dá, exclusivamente, pelo golpe sofrido internamente, assim como na Associação Portuguesa de Desportos. 
 
* Juliano Moreira Oliveira, jornalista, 28 anos, lusitano de nascença e benfiquista por amor à Lisboa.
 
 É hoje: devotos de Nossa Senhora de Fátima, ao São Cristóvão!
 
 
 
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Bandeira branca e 2 a 0: Timão reencontra a paz!
 
Deu meia-noite, o galo já cantou, na igreja bate o sino, é na dança do jongo que eu vou... Alô, povão, agora é fé! Timão 2 x 0 Galo foi um jogaço. Guerrero _que, agora com 36 gols, superou Ronaldo (35)_ matou a pau (prova de que Bárbara Evans faz mais bem ao peruano do que Yoko Ono fazia a John Lennon), Luciano guardou o segundo, a Fiel deu show...
 
Mas tudo isso é secundário: preto no branco, o segredo do show foi o fim do “verde-zica” nas quatro bandeirinhas que demarcam a intersecção da linha lateral com a de fundo, herança maldita do padrão-Fifa que perdurava até ontem.
 
Às 19h, três horas antes de a bolar rolar, Ricardo Corregio, engenheiro que trabalhou _e segue trabalhando_ na construção do estádio, me chamou em sua sala: “Vitão, ganhamos [não revelo meu time, mas ele deve achar que eu sou corinthiano]! Enfim, chegaram as bandeirinhas novas. Chega de verde no pau do escanteio... As novas são brancas, com os postes cinzas, antes eram verdes com postes brancos. Como você diz, é o armagedon!”.
 
Futebol está muito fronha, parece até contagem regressiva de Réveillon: 4-3-2-1... Todos manjam de bola e conhecem termos de umbanda e candomblé, nem que seja de ouvir a genial Clara Nunes. E, às vezes, para desespero dos exus-ciência, futebol é decidido pela fé, que não costuma falhar.
 
Falem de esquema, do escambau, mas o 2 a 0 estava escrito antes de a bola rolar, quando a Fiel, enfim, teve seu pedido atendido: conheço um repórter (alô, mano Caju) que diariamente, durante dois meses, exigiu “providências” para que o verde-zica saísse.
 
E ele, o resultado não deixa dúvidas, tinha razão! Protesto? Fora, Mano? “Bandeira branca, amor, não posso mais, pela saudade que me invade, eu peço paz”...
 
Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!
 
Dá-lhe, Porco!
 
Em jogo antecipado da 26º rodada, Palmeiras e Chapecoense, que não têm mais nada que fazer além de tentar sobreviver na elite, medem forças no Pacaembu. Nos três confrontos (os dois da Série Baba-2013 e o do primeiro turno), o Palestra não conseguiu vencer. Chegou a hora de sair da degola! O empate é péssimo, perder, então.... Palpite: dá Parmera, 1 a 0.
 
Final em Itaquera: na ZL, o povão é bem-vindo no Elite

Depois da rodada de sábado do Brasileirão, tem samba de primeira em Itaquera. Nada do interminável e chatíssimo pontozzz corridozzz: é mata-mata, decisão do samba-enredo da Leandro de Itaquera, no Elite Itaquerense.

As coirmãs Vai-Vai e Dragões da Real têm presenças confirmadas. Corinthianos, são-paulinos, palmeirenses, santistas, flamenguistas, vascaínos, brancos, negros, todos da raça humana, essa raça que deve tanto ao invencível Mandela _viva, Madiba!_ são bem-vindos. 

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web!

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