Na última segunda-feira, a diretoria do Atlético divulgou acordo com a Fazenda Nacional e a opção pelo Refis

Na última segunda-feira, a diretoria do Atlético divulgou acordo com a Fazenda Nacional e a opção pelo Refis

Bernardo Lacerda

Do UOL, em Belo Horizonte

Depois de um ano, a diretoria do Atlético-MG conseguiu concluir uma arrastada negociação para liberar parte do dinheiro arrecadado com a venda do atacante Bernard ao Shakhtar Donetsk, que ficou retido pela Fazenda Nacional para pagamento de dívidas do alvinegro belo-horizontino. Essa situação, no entanto, não foi o único entrave à vida financeira do clube, que vive com as contas no limite desde o final de 2013 e convive com atraso de salário.

Outros fatos ajudam a explicar os problemas atleticanos. Entre eles, estão a opção do clube de mandar os jogos no Independência e não no Mineirão; as dificuldades de implantação do programa sócio torcedor e a ausência da negociação, pelo menos até o momento, de um jogador durante a janela internacional de transferência.

O Atlético-MG fez do Independência à sua casa já há bastante tempo. O 'clima de caldeirão' ajudou o time em sua vitoriosa caminhada na conquista do inédito título da Libertadores e a conquistar outros importantes triunfos. Mas, ao jogar em um estádio pequeno, com capacidade para pouco mais de 20 mil torcedores, tem renda limitada. Além disso, o sócio torcedor não emplacou como imaginado e sofreu redução de associados com o aumento da mensalidade e há ainda o fato de não ter efetivado nenhuma venda de atletas para o mercado internacional.

Na última segunda-feira, a diretoria do Atlético divulgou acordo com a Fazenda Nacional e a opção pelo Refis, programa de parcelamento das dívidas do Governo Federal. O clube mineiro reduziu as dívidas de R$ 270 milhões para R$ 190 milhões e terá 15 anos para efetuar o pagamento.

Segundo a assessoria de imprensa do clube, a proposta feita pelo Atlético e aceita pelo governo foi de dar R$ 25 milhões dos R$ 37 milhões ainda retidos na Fazenda Nacional referentes à venda de Bernard pagar o restante em 180 meses.

O abatimento de R$ 80 milhões da dívida pela negociação inclui juros e correções monetárias. Dessa forma, R$ 12 milhões deverão ser liberados para o Atlético nos próximos dias, lhe permitindo colocar as contas em ordem. A negociação se arrastava há um ano. Bernard foi vendido para o Shakhtar em agosto de 2013, por 25 milhões de euros ou R$ 77 milhões.

A falta de grande parte do valor do montante da venda do meia-atacante para a Ucrânia é apontado no clube como o principal motivo para a dificuldade financeira vivida pelo Atlético, que desde o final do ano luta para evitar atrasos dos salários, mas ainda deve parte da premiação da conquista da Libertadores de 2013 aos jogadores.

Porém, não é só esta situação que dificulta as finanças atleticanas. O fato de mandar seus jogos no Independência, estádio com capacidade para cerca de 20 mil pessoas é outro dificultador, já que impossibilita grandes rendas nos jogos. Desde 2012, o clube vem mandando suas partidas no Horto. Porém, nos dois jogos que fez como mandante no Mineirão, viu a diferença financeira gerada entre os dois estádios de Belo Horizonte.

A final da Libertadores de 2013, contra o Olímpia, disputado no Mineirão, gerou a maior renda da história entre os clubes brasileiros. O duelo decisivo rendeu mais de R$14 milhões. Grande parte do dinheiro foi para os cofres do Atlético. Na final da Recopa, contra o Lanús, em agosto, o clube alcançou o quinto maior valor do Brasil: mais de R$ 5 milhões.

Ao todo, em três jogos em que foi mandante no Mineirão, levando em conta o jogo contra o Villa Nova, pelo Campeonato Mineiro de 2013, o Atlético arrecadou R$ 21.342.050,00. No Independência, desde a sua reinauguração em 2012, o clube não chegou aos R$ 40 milhões, mostrando a disparidade de arrecadações entre os dois estádios.

Além das receitas baixas, o clube convive com o insucesso do seu programa de sócio torcedor e a queda na média de público. Em 2014, a atual presença do torcedor atleticano está em pouco mais de 10 mil pessoas no Brasileirão, bem aquém das últimas duas temporadas, principalmente em se comparando com 2012, quando o clube lutou pelo título do Brasileirão e fez do Independência o seu caldeirão.

O programa de sócio torcedor, o Galo na Veia Black, lançado em maio de 2012, não alcançou o sucesso esperado pela diretoria atleticana. Depois de ter as 5.400 vagas preenchidas, número que estimulou a diretoria abrir o Galo na Veia Prata, que não dá direito a ingresso, mas uma venda preferencial de entradas, o clube possui, atualmente, cerca de 2.500 torcedores no primeiro módulo de associado, uma queda superior a 50% em dois anos.

Foto: UOL

Últimas do seu time