Estevam Soares é ídolo do São Paulo como jogador

Estevam Soares é ídolo do São Paulo como jogador

Autêntico como sempre, Estevam Soares analisa momento do São Paulo, explica demissão do Palmeiras em 2005 e analisa último trabalho na Lusa

Com a experiência dos seus 61 anos de idade, Estevam Soares sabe como poucos analisar o atual momento do futebol brasileiro. Desde os tempos de jogador, entre a década de 70 e 90, até hoje exercendo a função de treinador, o ex-zagueiro mantém sua autenticidade na hora das entrevistas.

Foi exatamente dessa forma que o treinador falou sobre muitas passagens importantes da sua carreira no programa Opinião RDG, da Rádio RDG Esportes. Estevam falou sobre o atual momento do São Paulo, clube que defendeu entre 1977 e 1981, relembrou a sua demissão polêmica do Palmeiras em 2005 e fez um balanço das suas passagens pela Portuguesa, clube que dirigiu até maio deste ano.

Sobre o Tricolor, o treinador afirmou que o exemplo de gestão aplicado no passado foi totalmente esquecido pelos últimos dirigentes, fator que acabou desencadeando em um momento conturbado dentro e fora de campo.

"O São Paulo já vem há alguns anos em decadência como clube e também como time. Eu acho que os grandes problemas que aconteceram dentro do seu corpo diretivo, coisa que no passado não acontecia, atrapalhou. Antes o São Paulo era muito organizado politicamente, as coisas aconteciam e o clube andava, até por isso era o clube mais organizado e moderno do Brasil. Mas começaram a aparecer problemas administrativos, financeiros e as constantes trocas de treinadores que prejudicaram muito o time. Eu acredito que ajustando as questões políticas, o clube voltará a caminhar bem", disse o treinador.

Quando o assunto foi a polêmica demissão no Palmeiras, Estevam fez questão de explicar os motivos que fizeram a diretoria agir daquela forma. Mesmo não concordando ainda com a decisão, o técnico deixou claro todo seu carinho com o clube alviverde.

"Realmente eu fiz um trabalho muito bom no Palmeiras em 2004. Eu vim da Ponte Preta, onde conseguimos fazer uma grande campanha, inclusive liderando o Brasileiro mesmo com um time que era modesto. Na época o Palmeiras era presidido pelo Mustafá Contursi, que me contratou e montou um time no modelo bom e barato. Nosso time era simples, a única estrela era o Marcos, já que o Vagner Love foi vendido pouco antes da minha chegada. O elenco era muito aguerrido, então conseguimos fazer um trabalho muito bom, trazendo uma unidade muito grande entre os jogadores e acabamos terminando em quarto e garantido uma vaga na Libertadores", disse Estevam, que explicou o momento onde tudo começou a tomar um novo rumo.

"Diante disso, eu acabei renovando meu contrato, porém a presidência saiu do Mustafá e foi para o Dellamonica, que tinha uma mentalidade diferente. Começou o Paulistão, onde fomos bem, mas teve um episódio isolado com o Diego Souza, que eu substituí durante uma partida. Eu coloquei ele no segundo tempo e oito minutos depois tirei, foi quando ele acabou se rebelando. Continuei na minha para não deixar o ambiente pesado, até mesmo para que não houvesse uma briga generalizada, mas depois de dois dias acabei sendo demitido. Acho que foi um grande erro da diretoria, que priorizou a indisciplina, sendo que poderiam ter esperado e pelo menos aplicado uma punição exemplar ao jogador. Até poderiam me demitir, mas depois de mostrarem que não estavam compactuando com a indisciplina. Não tenho mágoa com o Palmeiras, pelo contrário tenho muito carinho por terem apostado em mim quando eu era um treinador emergente", disse Estevam Soares.

Um dos clubes pelo qual o treinador mais esteve presente foi a Portuguesa, onde jogou como zagueiro na década de 80 e foi treinador em três passagens: 2008, 2015 e 2017. Estevam demonstrou todo carinho que tem pela equipe rubro-verde, mas fez questão de pontuar alguns erros que acabaram sendo determinantes para que o clube estivesse vivendo um dos momentos mais delicados da sua história.

"A Portuguesa na minha passagem como atleta e na primeira como treinador era um clube muito organizado e com uma estrutura estupenda. Todos os setores do clube funcionavam perfeitamente, não havia atraso de salário e tudo que se combinava era cumprido. Já em 2015 e agora em 2017, eu vi um clube desorganizado, jogado as traças e tudo por culpa dos antigos dirigentes", afirmou o ex-comandante rubro-verde, que elogiou a administração do atual presidente.

"Felizmente hoje a Portuguesa está nas mãos de um presidente muito competente que é o Alexandre Barros, que até cometeu uns erros estratégicos nesse primeiro semestre, mas administrativamente o balanço é positivo. Os salários estão sendo pagos sempre em dia, que é um fator muito importante, mas é complicado administrar com uma dívida trabalhista de quase R$ 250 milhões. A salvação da Portuguesa pode ser este projeto que está sendo analisado de transformar o estádio em um multiuso, inclusive com um bom hotel, shopping e um clube social vertical, que na minha visão seria a essencial para a existência do clube", revelou Estevam.

Aguardando propostas para voltar a beira do gramado, Estevam Soares analisou como muito positiva sua última passagem pela Portuguesa. Há quase dois meses sem clube, o treinador espera uma proposta com planejamento consistente para retornar ao trabalho.

"Eu avalio meu trabalho como muito bom. Cheguei com o clube temendo a queda para A-3 e brigamos até o último momento para tentar uma vaga na elite do futebol paulista. Isso poderia até ter acontecido se não fosse aquele jogo em Campinas contra o Guarani, onde a arbitragem nos prejudicou. Passei estes últimos dois meses com a família, que também é importante, e agora estou analisando algumas propostas que possibilitem fazermos um grande trabalho na sequência de 2017", concluiu o treinador em entrevista à Rádio RDG Esportes.

Foto: Divulgação/Portuguesa

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