Messi acabou sendo o autor de um erro fatal, após levar a Argentina a três finais de copas seguidas

Messi acabou sendo o autor de um erro fatal, após levar a Argentina a três finais de copas seguidas

Estou de luto por Messi, chateado por ver um gênio acertar a trave da glória por quatro vezes e não levantar a taça de campeão. Messi acabou sendo o autor de um erro fatal, após levar a Argentina a três finais de copas seguidas.

Se no Brasil os craques sem títulos na seleção sofrem da "síndrome de Zico", no país de Messi a maldição dele tem elementos da melancolia que caracteriza o seu povo, e o peso da toponímia Argentina, o mesmo que "prata".

Não tenho dúvida que Messi é a jóia mais bem esculpida pelos deuses do futebol depois de Pelé. O mundo vem se encantando com ele há exatos 11 anos, ininterruptamente, desde que ascendeu ao time titular do Barcelona.

Minha admiração literária, cinéfila e social pela Argentina tornou-se um culto futebolístico a partir do momento em que ele apareceu. Messi é um dos gênios que me empurram para as arquibancadas dos clubes e das seleções.

Tenho com o futebol uma relação semelhante com a que tenho com a política. Assim como não voto em partido, mas em pessoas, também coloco os craques acima dos times e com eles estabeleço meu ritual de alegrias e tristezas.

As imagens de Garrincha me fizeram torcer pelo Botafogo. Pelé misturou em mim o amor pelo futebol com o pseudopatriotismo de cultuar a seleção brasileira. Quando ambos se aposentaram, passei a buscar gênios para torcer e venerar.

Vesti verde-amarelo em 1974, emulado pela presença de Marinho Chagas na Copa do Mundo. Até acreditei que Rivellino e Jairzinho juntos supririam a ausência do rei. Ledo engano. Mas a Holanda me deu a magia de Cruijff.

Quando o gênio da laranja mecânica refutou jogar a Copa 1978, perdi o encanto pelo evento, além de já estar emputecido com a não convocação de Marinho e Paulo Cezar Caju, os melhores do ano no Campeonato Nacional.

No entanto, havia Zico, que desde 1976, quando estreou pela seleção, iniciou um novo ciclo de confiança na gente após a despedida de Pelé. Não comungo com a tese estúpida de que o time de Coutinho foi campeão moral de 78.

Nova espera de 4 anos e Telê Santana fez de Zico o ícone de uma geração mágica, com Sócrates, Falcão, Junior, Cerezo e Leandro. Desde 1970, no tri, eu não tinha me envolvido tão emocionalmente numa Copa como em 1982.

Então veio a hecatombe de Sarriá, o "dream team" dos trópicos surpreendido pela sempre disciplinada e traiçoeira Itália, com sua grande geração de Dino Zoff, Baresi, Conti, Tardelli, Gentile, Scirea, Cabrini, Paolo Rossi & Cia.

Rompi definitivamente minha relação com a seleção brasileira, a chateação foi virando aversão até que a era do time de Lula e Dilma no comando do País transformou a aversão em raiva, me fazendo um secador da canarinho.

Meu último suspiro de paixão pelo Brasil foi em 1982, assim como em 1995 aconteceu o mesmo com o Botafogo, o time campeão de Túlio Maravilha. Afora isso, sou assíduo torcedor dos muitos craques espalhados pelo planeta.

Sofri por Messi ao final de mais uma Copa América e sigo com ele no adeus ao selecionado argentino, como fiz no passado com a seleção brasileira em honra de Pelé e de Zico. Fico aguardando novos gênios para me fazer feliz com o futebol.

Vai ter Copa na Rússia em 2018. Talvez assista algum jogo na TV, desde que não haja nada mais interessante por fazer. E eu desconfio que haverá muita coisa melhor do que um torneio sem Messi. Ainda me resta o Barcelona.

Siga o colunista no Twitter e Instagram: @alexmedeiros59

Foto: UOL

Últimas do seu time