Escrevo de algum canto do Brasil.
Carnaval é coisa do capeta, mas tenho que dar minhas circuladas.
Mais pela obrigação profissional do que por satisfação pessoal.
Não gosto da “ferveção de Momo”.
E vendo de perto essa festa-bagunça toda fico pensando se vale a pena.
Bem, como é fato enraizado, que deixe rolar.
Fazer o quê?
Afinal, nosso futebol também não é a coisa mais importante dentre as menos importantes?
Aliás, a frase do italiano Arrigo Sacchi cada vez se consagra mais toda vez que vemos os campeonatos regionais do Brasil.
Joguei a toalha duas vezes.
Na desimportância dos regionais e na altíssima importância do mata-mata nos Brasileiros.
E terá sido importante a grita geral da “sociedade brasileira” contra as camisetas ditas “imorais e injustas” da Adidas estilizando a sexualidade das brasileiras nuas ou seminuas?
Ora, hipocrisia puritana, verde e amarela!
E as monumentais bundas brasileiras de nossas mulheres não representam 51,27% de nosso PIB?
Exagero à parte, como se indignar com as bem-humoradas e realistas camisetas da Adidas, se nós mesmos – governo, povo e empresas de turismo – vendemos lá fora há séculos o Brasil como o país da mulher bonita e... pelada?
Justamente o carnaval é por si mesmo o protagonista maior dessa enraizada campanha publicitária mundial.
E será que a Globeleza da TV samba de burca?
E por acaso no demoníaco carnaval todas as nossas mulheres viram beatas e se recolhem nos conventos cada vez mais raros?
Nada disso, centenas delas vão é cantar à exaustão a música que prega e reconhece: “Tô bem, tô zen, voltei do carnaval com um neném”!
E como nasce neném bom de bola na “Maternidade Vila Belmiro”, hein?
Pena que os pais deles encastelados no bunker da Rua Princesa Isabel sem número sejam tão relapsos ao longo da história, recente ou não.
Mas o negócio agora é Copa do Mundo.
Afinal o ano no Brasil não começa “depois do carnaval”?
Felipão, um sujeito “muito largo” que julguei ultrapassado e superado após enterrar o Palmeiras, pode ser campeão do mundo de novo.
Tomara, mas não acredito.
Argentina, Alemanha e Espanha são bem melhores.
Nosso time é nota 5,97.
Já foi 7,07, mas Neymar, um cabritinho que não sabe ainda que “cabrito bom não berra”, anda meio aéreo e até processando moças de vida... difícil.
E sem ele inteiro da cabeça aos pés, só como a Inglaterra em 66 e a Argentina em 78: no apito, na pressão, na marra... roubado.
Aguardemos.
Como também esperando impossíveis aeroportos dignos para a Copa, fortes times grandes e não comuns como hoje no Rio e em São Paulo e os surgimentos de pessoas como Joaquim Barbosa.
Mesmo tão duro e radical.
E xô, carnaval, essa coisa do capeta.
Eu também sou radical.
Foto: reprodução
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