Colunista avalia a situação do Palmeiras e indica possíveis responsáveis pela situação atual do clube.

Colunista avalia a situação do Palmeiras e indica possíveis responsáveis pela situação atual do clube.

Você, leitor, palmeirense ou não, me responda rápido: qual foi o último presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras que fez um trabalho considerado bom? (fiquemos apenas com o conceito bom, afinal, se procurarmos um ótimo ou excelente presidente do Palmeiras nos últimos anos, será praticamente impossível de encontrar).

Você deve pensar “por que a pergunta?”. Bem, pensemos: aqui no Brasil temos a mania de responsabilizar treinadores por maus resultados; culpamos jogadores por más atuações; só em última instância vemos o tamanho da responsabilidade de dirigentes quando a fase do clube é ruim. No caso do Palmeiras parece muito claro que o time não cresce, não avança e não volta aos trilhos porque falta profissionalismo, falta planejamento, falta competência dos homens que comandam o clube!

Então vamos voltar a nossa pergunta inicial especificando um pouco melhor a questão: qual foi o último bom presidente do Palmeiras? O último cartola alviverde que conseguiu colocar finanças em ordem, lidou bem com as crises, estruturou o futebol do clube, profissionalizou setores, montou bons planejamentos e consequentemente fez do Palmeiras um clube grande, brigando na parte de cima da tabela? Arnaldo Tirone? Luiz Gonzaga Beluzzo? Affonso Della Monica? Mustafá Contursi? Carlos Bernardo Facchina Nunes?

O que o Palmeiras vive hoje, retornando de uma série B e com o risco de ser rebaixado de novo (pela terceira vez) é apenas o reflexo de anos e anos de administrações ruins. É muito fácil culpar Gilson Kleina, Ricardo Gareca e agora Dorival Junior. A questão é que o problema do Palmeiras é muito mais profundo e mais complexo. É um processo que está refletindo erros de muitos anos atrás. Um clube não se torna vencedor da noite para o dia, é preciso um trabalho de longo prazo. O mesmo ocorre para o mal. Nenhum time se apequena de uma hora para outra, é necessário um longo período de trabalhos equivocados. São trabalhos e mais trabalhos ruins, como dizem por aí uma hora a conta chega.

Se o Palmeiras, na época de Mustafá Contursi, tivesse se estruturado para sobreviver após o fim da parceria com a Parmalat, talvez o clube estivesse em melhor situação hoje. Se Della Monica e Beluzzo tivessem gastado menos para reestruturar as finanças do Verdão, possivelmente hoje o clube tivesse uma divida menor e um ambiente interno menos efervescente. E se Arnaldo Tirone não tivesse adiantado tantas receitas de TV, certamente hoje haveria mais dinheiro para montar uma equipe forte e que não corra riscos no Brasileiro. Muito possivelmente, se o trabalho lá atrás fosse bem feito, hoje Paulo Nobre não teria que inventar os tais contratos de produtividade, não perderia jogadores tão importantes como Barcos e Alan Kardec, e não teria errado tanto em algumas situações.

O Palmeiras pode sim ser rebaixado mais uma vez, essa é uma realidade no clube. Seria o primeiro grande do futebol brasileiro a cair pela terceira vez. Imaginamos que em 2002 o alviverde chegou ao fundo do poço. Veio 2012 e vimos que ali sim era o desastre maior. A temporada 2014 pode ser pior. E a culpa não era e não é de nenhum treinador, não era e não é de nenhum jogador. A culpa é de quem administra e administrou o clube por tantos anos. A culpa é de quem pagou salários altíssimos e multas mais altas ainda para treinadores medalhões. A culpa é de quem adiantou inúmeras receitas vindas da televisão para temporadas seguintes. A culpa é de quem cuida e cuidou do clube sem a menor competência e responsabilidade. O Palmeiras não merece nada disso!


No Twitter: @lucas_creis
FOTO: UOL

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