Às vésperas do aniversário de um ano do 7 a 1, Fernanda Barbosa fala, com propriedade, dos problemas enfrentados pelo futebol feminino

Às vésperas do aniversário de um ano do 7 a 1, Fernanda Barbosa fala, com propriedade, dos problemas enfrentados pelo futebol feminino

Em contagem regressiva para o aniversário de um ano do 7 a 1 (eu estava lá no Mineirao e jamais me esquecerei) na Copa das Copas, o (autointitulado) país do futebol ainda chora as pitangas pela vexatória participação dos comandados de Dunga na Copa América. Há de fato muitos motivos para acabar com a CBF e, pois, com a seleção da CBF, com a participação da delegação "chefiada" por João Dória Júnior...
 
Mas eu e muitos fazemos isso quase diariamente. E, por obrigação profissional, continuarei fazendo. Hoje, no entanto, o espaço no BLOG DO VITÃO será do futebol feminino, o que não é inédito, mas não é frequente. E, para compensar a falta de assiduidade, o texto é de qualidade... Feito por quem é craque, inclusive quanto o assunto
 
*Futebol feminino: falta muito! (Por Fernanda Barbosa)
 
Oêa. Os órfãos da Copa do Mundo tiveram uma oportunidade para se agarrar, com a competição feminina ao alcance do controle remoto, em duas emissoras de televisão aberta (aleluia!). Mas, em campo, a disputa das mulheres nunca é só pelo gol. No confronto por visibilidade, perderam de goleada, com o primeiro jogo do torneio marcado para o mesmo dia da final da Liga dos Campeões, e com manchetes ainda ocupadas pelo escândalo de corrupção na FIFA.

O Brasil, invicto na primeira fase, perdeu o jogo das oitavas para a Austrália e voltou do Canadá mais cedo. O choro das jogadoras após a partida não foi apenas de frustração ou raiva, mas carregava o medo do fim de um projeto de vida. Antes o resultado fosse só culpa da defesa, ou da goleira, como se falou. É verdade que o Brasil não tem hoje um elenco como o aclamado vice-campeão mundial em 2007 e olímpico em 2008, mas o que foi feito para que o esporte decolasse?

O ponto mais fraco é situação trabalhista das jogadoras de equipes brasileiras, que passa longe de contratos milionários muitas vezes, não há contrato algum. Há atletas que fazem dupla jornada, com outro emprego, e atuam em times que não pagam salário ou que não cumprem com o valor combinado. Em equipes mais profissionais, é comum que recebam entre 1.000 e 3.000 reais ao mês a situação é outra para as poucas estrelas.

Para equalizar o nível das jogadoras até a Olimpíada do Rio de Janeiro, a CBF criou uma seleção permanente, com a estrutura da Granja Comary e piso salarial de 9.000 reais. O grupo das 27 eleitas se reuniu cinco meses antes da Copa do Mundo em uma medida emergencial, que se provou insuficiente no curtíssimo prazo, além de desfalcar as equipes e nacionais.

A estrutura para o esporte melhorou nos últimos anos, mas os campeonatos são curtos, o que não favorece a manutenção das equipes e a atração de patrocínio. A primeira fase do Brasileirão tem apenas três jogos e o seu critério de inscrição é polêmico por incluir, além dos primeiros times do ranking feminino, clubes da primeira divisão no futebol masculino que tenham interesse. Na ânsia por atrair público, a CBF pode deixar times estruturados de fora e motivar a formação de elencos de ocasião, que emprestam a camisa ou improvisam um grupo que acaba após o torneio.
 
E não só isso. Não dá para falar “só” de futebol quando a desigualdade entre homens e mulheres - o machismo- alcança proporções inimagináveis no Brasil e fora dele. Ou dá para imaginar algum dirigente sugerindo que os homens usem bermudas mais curtas para chamar público? Ou Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar queimando o pé e deixando a pele, e o sangue, em campos sintéticos, durante uma Copa do Mundo?
 
Isso somado a um regulamento da FIFA que ainda permite que atletas sejam submetidas a exames para demonstrar que são, de fato, mulheres. No futebol, assim como fora de campo, foram ocupados novos espaços, seja numa exposição no Museu do Futebol ou em times femininos no videogame. Mas ainda falta muito, inclusive respeito.
 
 

Copa do Mundo em campo: fase semifinal
Na Copa do Mundo do Canadá, as favoritas e bicampeãs olímpicas seleções de Alemanha e Estados Unidos disputarão uma semifinal na terça-feira, em Montreal. No outro confronto, as japonesas, atuais campeãs mundiais, enfrentarão a Inglaterra, em Edmonton. A final será em Vancouver, no domingo.
 
Eu  sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na web! É nóis na banca! É nóis na facu (FAPSP)!
 
 
 
   

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