O acidente nunca se apagou da memória dos ingleses

O acidente nunca se apagou da memória dos ingleses

O Brasil acordou mais triste na manhã desta terça-feira, 29, após receber a confirmação das autoridades colombianas de que 71 pessoas morreram no acidente aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, na cidade de La Unión, próximo a Medellín, na Colômbia. Entre os passageiros, estavam jogadores, diretores, jornalistas e tripulantes, apenas cinco de um total de 77 sobreviveram. E com esse terrível acidente, o Portal Terceiro Tempo relembra outro trágico desastre, o dos atletas do Manchester United.

Já se passaram 58 anos daquele terrível dia e os torcedores veteranos ainda choram por seus heróis.

Liga dos Campeões da UEFA, a sucessora da Taça dos Clubes Campeões Europeu, era ano de 1958 e a equipe do Machester United voltava de Belgrado, na Iugoslávia, após empatar com o Estrela Vermelha. A partida foi realizada no dia 6 de fevereiro daquele ano, bem jogada e repleta de gols, terminou empatada em 3 a 3.

Este resultado deu a classificação aos ingleses, que avançaram para as semifinais, uma vez que, o primeiro jogo foi vencido por 2 a 1. Motivo de alegria para os atletas, fãs e torcedores. No entanto, não houve muito tempo para a comemoração.
 
O vôo BE609, da British European Airways, transportava 11 jornalistas que acompanhavam o elenco dos “Diabos Vermelhos”, além da comissão técnica e dirigente. Após uma escala feita em Munique para reabastecimento, um motor do avião pegou fogo, fazendo com que a aeronave caísse nas proximidades da cidade alemã, na região da Baviera, por volta das 18 horas.

Ao todo, estavam a bordo 44 ocupantes, dos quais morreram 23. Entre passageiros e moradores do local da queda do avião, morreram 30 pessoas. Oito eram do maravilhoso elenco do Manchester, dos 17 que viajaram à Iugoslávia. Os atletas Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor, Liam Welan e Greoffrey Bent, nunca voltaram.

O treinador Matt Busby e o atacante Duncan Edwards ficaram gravemente feridos e apenas três atletas saíram ilesos da catástrofe. Dentre eles, Bobby Charlton, que disputaria a Copa do Mundo daquele ano após três meses do desastre e, em 1966, se sagraria campeão mundial com a Seleção Inglesa.

Posteriormente, mesmo com o elenco dizimado, o Manchester não desistiu da competição internacional, mas foi eliminado pelo Milan nas semifinais.

Mas afinal, seria possível evitar esse trágico acontecimento?

Sim, seria possível!

Segundo informações de testemunhas, o tempo estava péssimo, com fortes ventos e para piorar, nevando muito. Outro piloto que sobrevoava a região, afirmou que tinha pouca visibilidade naquele dia, devido às péssimas condições climáticas.

O avião que transportava os jogadores, para agravar a situação, estava com um de seus motores apresentando irregularidades. A torre chegou a ser informada sobre o problema, mas de nada adiantou. Foram duas tentativas de levantar vôo sem êxito.

Porém, mesmo cientes de que as condições do avião eram precárias e um péssimo horário para a viagem (18h00), 44 pessoas entraram naquele avião com desejo de retornar à Inglaterra.

Talvez o ímpeto para festejar a classificação junto à família. Talvez a ansiedade de sentir o calor dos torcedores, que acompanharam à distância toda consagração inglesa. Talvez, o simples fato de estar sobre solo britânico. O que sabemos, é que eles não queriam “congelar” no frio da Iugoslávia e muito menos da Alemanha.

Eles então arriscaram uma terceira decolagem e partiram. O que poderiam fazer era esperar por uma melhoria do clima, algo impossível! Ademais, conter os ânimos que ecoavam de alegria, seria covardia.

Investigadores alemães concluíram em 1960, que o acidente deve ter sido causado pelo excesso de gelo na pista.

Mas essa teoria não foi bem aceita pelo Reino Unido. Após cinco anos, o inquérito foi reaberto e a lama foi considerada um motivo preponderante, embora o gelo também fora o essencial agravante.

Ainda não satisfeitos e com o orgulho ferido, uma nova audiência britânica foi aberta em 1968 e tornada pública em 1969. O relatório final apresentou que as rodas dianteiras, devido a enorme quantidade de lama na pista, fizeram com que a velocidade da aeronave reduzisse na decolagem e assim, aumentando a potência dos motores sobrecarregando aquele (motor) que estava defasado, ocasionando a explosão. A hipótese da neve caindo para retenção de velocidade, embora possível de aceitar como prejudicial, seria improvável julgá-la como principal causa.

Até hoje a tragédia não foi esquecida. No aeroporto de Munique Riem (atual Franz Josef Strauss), na Alemanha, foi construído um grande memorial e várias homenagens ocorreram no aniversário de 40 anos do acidente, em 1998.
 
No Twitter: @tulionassif
 
Foto: Reprodução

SOBRE O COLUNISTA

Apaixonado por programas esportivos de rádio e televisão, desde a infância é frequentador desses meios de comunicação. Formou-se em jornalismo e logo em seguida pós-graduou em Comunicação Jornalística, pois visava trabalhar com esportes. Mais tarde, concluiu o MBA de Master em Gerência e Administração para entender o mundo dos negócios.

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