Ainda bem que essa leva de usurpadores da profissão está acabando!

Ainda bem que essa leva de usurpadores da profissão está acabando!

Por Roberto Gozzi

Exatamente hoje, 8 de setembro, comemoramos o Dia Internacional do Jornalista, instituído pelas Nações Unidas em homenagem ao jornalista Julius Fucik, assassinado nesta data.

Julius Fucik foi um jornalista nascido em Praga, República Tcheca, que dedicou sua vida à sua profissão e, apoiado nela, lutou contra os ideais nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Inspirando ideias de independência aos povos oprimidos, Fucick, acreditando que todo jornalista deveria voltar seus esforços para defender os mais fracos e zelar pela liberdade de expressão, acabou sendo morto em 8 de setembro de 1943 por razões políticas.

Se Fucik vivesse atualmente no Brasil, estaria decepcionado com o jornalismo aqui praticado!

Como iríamos explicar para ele que aqui no Brasil um médico precisa ter diploma, um advogado e um engenheiro também, mas um jornalista não tem essa necessidade?

E pior, como Fucik iria entender que aqui, um garçom, um arquiteto um empresário ou qualquer outro digno profissional pode cair de paraquedas em uma redação e logo se autointitular jornalista?

Já pensou se Julius lesse o que o renomado Jornal Extra escreveu sobre o goleiro Alex Muralha do Flamengo?

"Bom dia! COMUNICADO: Em nome da precisão jornalística, o leitor do EXTRA não encontrará, a partir de hoje, a palavra Muralha relacionada ao senhor Alex Roberto Santana Rafael. Provável titular do Flamengo na final da Copa do Brasil, Alex Roberto, o ex-Muralha, mais uma vez desmoralizou o vulgo, levando um frango no jogo contra o Paraná pela Primeira Liga. Além de ter errado 100% dos lados nas cobranças de pênaltis, completando 545 dias sem defender uma penalidade. Também em nome da precisão jornalística, o EXTRA se compromete a rever sua decisão caso Alex Roberto, o ex-Muralha, volte a fazer por merecer.

O trecho acima mostra apenas uma parte da humilhação sofrida pelo jogador do Flamengo, que foi execrado em âmbito mundial por um dos jornais mais famosos do Brasil na semana passada.

A que ponto o jornalismo brasileiro chegou? Hoje misturamos opinião com informação, definição pessoal como verdade e o pior de tudo, o medo de perder a exclusividade da notícia nos faz deixar a apuração de escanteio.

Se bem que os “jornalistas” sem diploma não tiveram essa e nem uma outra aula na faculdade.

Não sou contra especialistas em suas determinadas áreas atuarem em veículos de comunicação. É válido um ex-jogador de futebol comentar uma partida, ele é capaz de fazer essa ação pelo o que aprendeu durante a carreira, mas não devemos confundi-lo com um jornalista.

Ainda bem que essa leva de usurpadores da profissão está acabando. Pois os critérios para um jornalista ingressar em um veículo de comunicação estão mais rígidos e o mínimo exigido é um diploma, suado e conquistado por no mínimo quatro anos de estudos. 

Esse texto foi utilizado com exclusividade em minha coluna no jornal Cruzeiro do Sul e reproduzido agora no portal Terceiro Tempo!

Imagem: reprodução

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