Ora, eliminemos o “praticamente”, gente, por favor!

Ora, eliminemos o “praticamente”, gente, por favor!

Sim, temos nossas “muletas”.

“Tal time (meio zebra) já está gostando do jogo” (Mário Sérgio).

“É pegar `essa´ bola e atacar”, ou “o time visitante precisa prender mais `essa´ bola” (Mário Travaglini).

“O jogo é jogado e o lambari é pescado” (Juarez Soares).

“No futebol nada é definitivo e o jogo só acaba quando termina com o apito final do árbitro” (ousado, Mauro Beting).

“2 a 0 a favor é um resultado perigoso” (Orlando Duarte).

Mário Sérgio, Travaglini, Juarez, Mauro e Orlando: os grandes pensadores da bola

Tem muito mais, mas nada supera o “praticamente”.

Para todo lado hoje você lê e ouve que o Palmeiras é “praticamente” o campeão brasileiro de 2018.

Ora, eliminemos o “praticamente” nisso, gente, por favor.

Felipão é campeão e ponto final.

Sim, concordo, claro, que o impossível é o grande segredo dessa monumental invenção inglesa que é o futebol.

Aliás, por que temos 11 jogadores de cada lado no futebol e não 10, 12 ou 13?

Porque era e é assim na Inglaterra nos “grupos escolares” deles, inclusive fora do Reino Unido, como na Saint Nicholas de Tamboré, na Grande São Paulo.

Você sabia?

Ou seja, toda escola inglesa, dentro e fora da Inglaterra, os colégios só comportam 10 estudantes por classe, obtendo eles índices de aprendizado espetaculares com poucos alunos na sala de aula.

E olha que em minha faculdade de jornalismo nos anos 70 éramos 193 em um salão de aulas na Avenida Paulista.

Sim, os ingleses inventaram o futebol com 11 jogadores e o que tem a ver a “High School” deles com a bola?

É que, um dia, quando se inventou o futebol, lá atrás, classe contra classe, sempre com 10 alunos, as turmas resolveram bater uma bolinha “no recreio” e alguém sugeriu convidar um simpático bedel para jogar também.

Aí, é claro, a outra classe também chamou o seu bedel, ficou 11 contra 11 e nunca mais isso foi alterado, Fifas após Fifas.

Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a primeira a publicar as definições básicas do futebol

E está aí algo que jamais será mudado como também nunca vão acabar com o impedimento, como alguns querem.

“Acabar com o impedimento? De tudo que já ouvi essa é a burrice do século e o fim do futebol porque, sem impedimento, o futebol seria jogado só de área à área, com chutões para frente, e nasceria `uma floresta´ no meio do campo, porque os jogadores só atuariam na região ou dentro da grande área” (Rubens Minelli).

Portanto, eliminemos esse “delírio experimental nocivo”.

Para Minelli, o impedimento é uma das grandes sacadas do futebol

Mas e o “praticamente”?

“O Palmeiras é praticamente o campeão brasileiro de 2018”, insistem alguns ou poucos.

E nos finais de jogos? Está 3 a 1 em casa para o time A aos 42 minutos do segundo tempo, e lá vem: “O jogo está `praticamente´ decidido”.

Ora, sim, de vez em quando, uma vez em 4.872.717 de jogos os 3 a 1 viram 3 a 3 ou até 3 a 4 em três minutos e em mais “dois da placa”.

Mas isso é “tão raro e tão fácil” quando termos em dois anos uma nova seleção brasileira formada por revelações padrão Gylmar; Carlos Alberto Torres, Airton Pavilhão (o melhor 3 da história), Roberto Dias e Marinho Chagas; Zito e Rivellino; Garrincha, Zico, ou Tostão, ou Romário, ou Ronaldo, Pelé e Edu.

Treinador?

Um cacique apache qualquer que só ia atacar.

Aí será que alguém diria que esse seria “praticamente” um bom time?

Claro que existem competentes jornalistas ousados ou mais cautelosos, está tudo certo.

Para os “cautelosos”, lembro de Fernando Luiz Vieira de Mello (1929 – 2001), o maior e melhor jornalista de rádio de todos os tempos: “Para você dar o furo de uma grande contratação, não se pode esperar a festa de apresentação do craque em coletiva do clube. Aí está velho. Ouse antes, sob pena de errar, ou vire barnabé da prefeitura”.

Fernando Luiz Vieira de Mello: o maior e melhor jornalista de rádio de todos os tempos

 

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SOBRE O COLUNISTA

Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.

É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.

Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais

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