Vocês viram Neymar acabando com o violento Atlético de Madrid na quarta-feira?
Ele foi chutado, ofendido, agredido verbalmente em fratura exposta da honra e o brucutu Juanfran ainda lhe mostrou sete dedos, sinalizando os eternos 7 a 1 do Mineirão.
Ah, aqueles 7 a 1 da Alemanha by Felipão, hein?
Nos próximos 11.987.117 anos aquele "feito felipônico" não será esquecido.
E como respondeu Neymar?
Com dribles, revides à altura de um menino magrinho, mas macho, sobretudo com gols.
Foram "trocentos" dribles, assistências, liderança, protagonismo e duas bolas nas redes.
Num dos gols ele poderia ter feito de "bola e tudo".
O que hoje é considerado "desrespeito ao adversário", era comum em nosso futebol do passado quando não havia tanta frescura e regras repressoras de "futechatos".
Hoje "nada pode" e a coisa ficou modorrenta, segue respirando essa porcaria dos pontos corridos, os craques sumiram, sendo todos mocinhos ótimos para genro e nossa seleção no cenário internacional virou um goleiro reserva do Rogério Ceni.
Ah, Neymar, você deveria ter entrado de "bola e tudo"!
Antigamente era assim, ninguém reclamava e o Atlético de Madrid precisava dessa humilhada para deixar de ser besta.
E o tanto de coisa boa de ontem que também desapareceu de nosso futebol, de nossas vidas e da literatura esportiva, coisas folclóricas ou não?
O narrador de rádio não fala mais "mata no peito e baixa na terra" porque os campos foram gramados.
E as "regras" da chamada "Fifa do Interior"?
"Bola prensada é da defesa".
"Dois 'num' é falta" (já imaginaram a Holanda-74? Se essa "regra" fosse lei naquela Copa seria falta toda hora na base de "três 'num'", "cinco 'num'" ou até "sete 'num'").
E tinha mais.
"O dono da bola sai com ela duas vezes: no início e no reinício do jogo".
"Três 'córni' é pênalti".
"Três bolas nas traves valem um gol".
"Lance duvidoso é sempre dado para o time da casa".
Tudo isso com chuva ou sem chuva.
E não é que a chuva também sumiu?
Sumiço que anda tornando superados, inaplicáveis ou inócuos antigos e marcantes bordões de nosso dia a dia.
"Xiiiiiiiii... O time tal ou o governo de fulano está fazendo água..."
"Meu Deus, o cara deu com os burros n'água".
"Compadre, a conversa vai ser longa, então vá tirar o seu cavalo da chuva".
"Você acha isso fácil? Pode ir tirando seu cavalinho da chuva".
Ou "o cara tem tanto dinheiro 'qui' nem água, sô".
E o clássico "a vaca foi para o brejo"?
Como sumiram a água e a chuva, são frases, expressões e ditados que entraram em desuso e também não existe brejo sem água.
Sobrou só o "aquela água que o passarinho não bebe".
E ninguém deve beber mesmo, sob pena de piorar de vez.
Como já pioraram os antigos e épicos campeonatos paulista e carioca.
E não há como piorar mais.
A coisa chegou no osso e no fundo e ficou preta como o petróleo e os subterrâneos da Petrobras.
Foto: UOL
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Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.
É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.
Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais