Ganhou o Timão, o povão ficou feliz, a fila 54-77 foi para o espaço e até o mundo político e econômico adorou

Ganhou o Timão, o povão ficou feliz, a fila 54-77 foi para o espaço e até o mundo político e econômico adorou

A Ponte Preta despachou o Santos e goleou o Palmeiras na semana passada.

URT e América-MG não ficaram com medo da dupla Galo-Raposa no início da decisão mineira.

O tradicional Cianorte, sempre coadjuvante, foi a boa novidade paranaense.

Na Bahia, Pernambuco e Rio nada mudou e está dando o de sempre.

No Rio Grande do Sul, não.

Novo Hamburgo e Caxias encararam legal Grêmio e Inter.

É que os regionais viraram pré-temporada para os grandes e os pequenos vão colocando suas manguinhas de fora.

A Ponte Preta foi a intrusa em São Paulo e segue em sua luta para, um dia ou logo, inaugurar sua vazia “Sala de Troféus”.

O ideal deste Paulistão-2017 seria mesmo uma final Corinthians x Ponte Preta.

Jogo que eternamente remeterá a 1977.

É um Brasil 1 x 2 Uruguai de 50 ou um Brasil 1 x 7 Alemanha bem mais pobre.

Ruy Rey, Basílio, Dulcídio, os vergonhosos três jogos em São Paulo, o fim do tabu e o chefe do policiamento ameaçando o lateral Jair Picerni no aquecimento da decisão, jamais serão esquecidos.

“Ô, Jair, tá vendo aquela porta ali? Se vocês fizerem um gol, fujam por lá porque não garanto nada com esse povão aqui no Morumbi, não, viu?”

Podia isso, Arnaldo?

Hoje daria anulação de jogo ou a não realização da “porfia”.

Mas a bola rolou e tudo foi festa.

Ganhou o Timão, o povão ficou feliz, a fila 54-77 foi para o espaço e até o mundo político e econômico adorou.

Em seu livro sobre a Ponte Preta, o companheiro tricolor Flávio Prado garante que forças ocultas dos Palácios do Planalto e dos Bandeirantes também agiram fortemente para impedir novo sofrimento da massa corintiana.

É que essa ausência de títulos do Corinthians “estava prejudicando a economia, a produção e a autoestima de milhões de trabalhadores Fiéis torcedores”.

Exagero ou não, a verdade é que aquele jejum de títulos do Timão provocou uma comprovada alteração na exigência nas notas fiscais de se constar o dia de fabricação de cada carro da Ford, Volkswagen ou Chevrolet, as únicas montadoras que existiam à época no Brasil.

Explica Claudio Carsughi, ex-Bandeirantes, Jovem Pan e Editora Abril, que, nos anos 60 e em parte dos anos 70, em toda nota fiscal, de todo carro zero, vinha impresso o dia exato de sua fabricação.

“Isso estava provocando queda de vendas nas concessionárias porque os compradores, de olho na folhinha, não aceitavam comprar carros fabricados às segundas e quintas-feiras. É que aos domingos e quartas o péssimo Corinthians sempre perdia e o mercado resolveu sacar que carro fabricado nesses dias vinha com defeito porque os metalúrgicos corintianos – em maioria em qualquer segmento – trabalhavam sem a devida concentração”, informa Carsughi.

“E isso publiquei em `Quatro Rodas´, da Abril”, lembra o Mestre.

Fabricado ou não o título corintiano de 77, agora em 2017 seria um momento especial de nosso romântico Campeonato Paulista a repetição daquela decisão “inacabada”.

Mas...

Foto: José Pinto/Placar

SOBRE O COLUNISTA

Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.

É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.

Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais

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