Nasce mais corintiano e flamenguista neste país do que pardal, rolinha e cabeça de fogo

Nasce mais corintiano e flamenguista neste país do que pardal, rolinha e cabeça de fogo

Que mesquinharia do São Paulo FC, hein?

É assim que o chamado “Maior Clube da América do Sul” quer voltar a ser ganhador?

Ora, essa de dispensar o menino Getterson só porque um dia ele publicou na internet que era corintiano?

Sim, ele também mencionou a “vampetística” brincadeira sobre os bambis, o que todo mundo faz.

Fosse isso uma lei severa, intransponível, internacional e rigorosa, teríamos no Brasil, em uns 85,27%, jogadores que só poderiam defender Corinthians e Flamengo.

Nasce mais corintiano e flamenguista neste país do que pardal, rolinha e cabeça de fogo.

Para evitar este tipo de bobagem são-paulina, inclusive contra a opinião do treinador Bauza, que os próprios jogadores, até meio sem querer, criaram há décadas a famosa frase “sou torcedor deste meu novo time desde criancinha”.

Quantas vezes eles não falaram isso na badalada coletiva de apresentação vestindo a camisa e beijando o distintivo do “eterno amor de sua vida”?

Ao longo da história, fosse essa “lei são-paulina” então promulgada, Neymar e Rivellino só poderiam jogar no Palmeiras, Pelé no Vasco, Roberto Dias na Portuguesa, Leão e Servílio no Corinthians e jornalistas vira-folhas como Mauro Beting e Flávio Prado morreriam aos 99 anos só torcendo pelos seus times de origem.

Mauro Beting nasceu são-paulino e virou palmeirense ao 11 anos, nove meses e sete dias.

Flávio Prado levantava suas pipas, brincava de pião e de bolinhas de gude e torcia ferrenhamente pelo Corinthians, mas aos 10 anos, seis meses e 20 dias bandeou para o São Paulo devido a um atacante tricolor de nome... Prado.

E daí?

Nenhum problema.

“O amor é volúvel”, diria Albert Einstein.

Eu mesmo nasci santista, mas adotei o ABC de Natal, o Coritiba, o Treze de Campina Grande, o River do Piauí, o Atlético-MG, o Bahia, o Santa Cruz, o Ceará, o Nacional de Manaus, a Chapecoense, o Brasil de Pelotas, o Ypiranga de Erechim, o Avaí e mais outros 27 times que estou “prospectando”.

Mas, falando sério, vejam a diferença entre o “impoluto” São Paulo e o “simplório” Corinthians, como dizem os tricolores, menosprezando sempre o alvinegro de origem pobre.

Ora, enquanto o aristocrático São Paulo mostra-se medíocre no caso Getterson, o “plebeu” Corinthians dá amplo apoio ao garoto Pedro Henrique que saiu de campo chorando quarta-feira lá no Mineirão.

O menino que falhou feio no jogo teve amplo apoio de seus companheiros, do técnico Cristóvão, da direção do Timão e até dos jogadores do Galo.

É assim que se faz futebol!

Parabéns ao Corinthians, boa sorte ao Getterson e ao Pedro Henrique e nota zero para o São Paulo, que, um dia, poderá levar gols decisivos do garoto que demitiu e humilhou.

Aliás, tomara!

Foto: reprodução

SOBRE O COLUNISTA

Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.

É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.

Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais

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