Zé Ricardo é nome de ponta-esquerda ou de soldado raso e não de comandante

Zé Ricardo é nome de ponta-esquerda ou de soldado raso e não de comandante

E aí surgiu um tal Zé Ricardo na Gávea.

De técnico interino, virou titular e vem provando que muito medalhão caríssimo já era mesmo.

E que titular este moço, hein?

Era um desses eternos substitutos pré-datados como Milton Cruz no São Paulo, Mario Travaglini no Palmeiras nos anos 60, Pachequinho no Coritiba, Alcir Portella no Vasco, Andrade no Flamengo, o ex-matador Charles no Bahia e Marcelo Fernandes no Santos, dentre tantos outros “tampões”.

E temos também o caso atípico do gaúcho Celso Roth.

Residente em Porto Alegre, e quase sempre desempregado, fica esperando o telefone tocar com chamada do Beira Rio ou da Arena Azul do Grêmio.

É o salvador de plantão e de bombachas.

Mas hoje já não salva mais nada e seu Colorado, que não vai cair, está entre os quatro piores.

E brincam lá no sul que Roth deveria ser hoje o técnico dos dois da dupla Gre-Nal ao mesmo tempo.

Mas quem não brinca, emplacou e está salvando o Flamengo é o Zé Ricardo.

Ora, mas que mané "Zé Ricardo"?

Zé Ricardo é nome de ponta-esquerda ou de soldado raso e não de comandante.

E quando ele irá encompridar o seu nome como fizeram Marcelo... Oliveira, Nelsinho... Baptista, Vanderlei... Luxemburgo, Dorival... Júnior que era só Júnior, Abel... Braga, Mano... Menezes e José Roberto... Guimarães?

O Telê do vôlei era só Zé ou Zé Roberto como meu comentarista na TV Jovem Pan canal 16 UHF em 1990 lá no Alphaville Tênis Clube.

E aí, mais tarde e sempre competente, virou José Roberto Guimarães, é claro.

Todos estão certos e o Zé Ricardo está errado.

Falei isso pra ele no “Terceiro Tempo” da Rádio Bandeirantes na madrugada da última quinta-feira após o clássico Palmeiras 1 x 1 Flamengo.

Ora, o Flamengo, que é uma instituição nacional e até mundial, não pode ter um treinador chamado de Zé!

E olha que temos “Zé”, todos queridos, pra todo lado no Brasil em maior quantidade do que pássaros voando, corintianos malas, uma redundância, por aí ou a palavra “aluga” em toda rua do país.

Já pensaram a BBC lá em Londres, na identificação formal do treinador do Manchester United, grafando seu nome como Zé Mourinho?

O português mascarado-competente iria dar mais um ataque.

E olha que Mourinho não é um nome bonito, mas Mannarino é imponente, diferente, forte.

E é este exatamente o nome completo do técnico-revelação do Flamengo: José Ricardo Mannarino!

Já o imaginaram amanhã na seleção brasileira sendo chamado de “Zé Ricardo” tendo um “family name” tão nobre, italiano e internacional?

Sim, Tite também é muito curtinho, feinho demais e nada classudo.

Mas, aí, compreende-se, porque Adenor seria trágico.

Eu poria Tite Bacci, também italiano.

Minha gente, o comandante de tudo tem que ser diferenciado e um treinador de futebol não é mais só escalador de time e muito menos um dono de sauna que vive do suor alheio.

Ele hoje é um executivo que fala para milhões de pessoas pela tevê à frente de dezenas de marcas de empresas nacionais e multinacionais que investem no seu time, no seu clube, na sua seleção.

O marketing esportivo, a modernidade e a globalização exigem profissionalismo em absolutamente tudo.

Afinal, faz muito tempo que o treinador evoluiu da boleiragem, da boca do túnel e do banco de reservas para uma área delimitada no estádio e para escritório executivo no clube.

E lembrar que Luis Alonso Peres, o primeiro Lula famoso do Brasil e inventor de Pelé, orientava o timaço do Santos no estadiozinho Nicolau Alayon, do Nacional AC, sentado na arquibancada de madeira do lado do alambrado, hein?

Assim, Zé Ricardo, imponha-se e coloque uma gravata borboleta neste belo smoking que seu alfaiate da vida está te moldando e assuma o nome que você recebeu na pia batismal.

Certo, José Ricardo Mannarino?

O Flamengo, o futebol, seu pai e sua mãe agradecem.

Foto: UOL

SOBRE O COLUNISTA

Milton Neves Filho, nasceu em Muzambinho-MG, no dia 6 de agosto de 1951.

É publicitário e jornalista profissional diplomado. Iniciou a carreira em 1968, aos 17 anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal.

Trabalhou na Rádio Colombo, em Curitiba-PR, em 1971 e na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo, de 1972 a 2005. Atualmente, Milton Neves apresenta os programas "Terceiro Tempo?, "Domingo Esportivo? e "Concentraç&atild... Saiba Mais

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