Matéria do jornalista Maurício Sabará sobre o Derby Mineiro

Matéria do jornalista Maurício Sabará sobre o Derby Mineiro

Hoje inicio a série de clássicos mineiros de todos os tempos. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais se identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado.  Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes.  No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor. 

Atlético e Cruzeiro é conhecido como Derby Mineiro, o mais tradicional do Estado. Tal nome é semelhante ao Clássico Paulista entre Corinthians e Palmeiras, pela semelhança dos times. Desde o Tricampeonato Estadual Cruzeirense de 1928/29/30 já existia uma acirrada rivalidade, mas até as décadas de 50 e 60 se considerava o América como maior rival do Galo por ser mais antigo e pelas glórias americanas obtidas no Decacampeonato dos Anos 10 e 20. Mas o confronto que desde 1956 era um destaque ganhou contornos maiores nos auges de cada clube, com os formidáveis times cruzeirenses de Tostão e Dirceu Lopes e atleticanos com Reinaldo e Toninho Cerezo, acrescentando a Era Mineirão. Nos últimos anos do século XX muita disputa ocorreu e na década atual, com os dois tendo equipes fortes e vitoriosas, com títulos estaduais, nacionais e internacionais.

O Clube Atlético Mineiro, fundado em Belo Horizonte (Minas Gerais) no dia 25 de março de 1908, completou 109 anos em 2017. Desde o início foi um clube sempre aberto a todos, sem distinção alguma, o que fez com que sua torcida crescesse mais comparada às demais agremiações mineiras. Seu primeiro título foi o Campeonato Mineiro de 1915 (primeira versão do Estadual), mas só conseguiu aparecer pra valer na segunda metade da década de 20 com o Trio Maldito (Jairo, Mário de Castro e Said). A partir de 1936 surgiu outro inesquecível time, aquele de Kafunga e Guará, que além do título mineiro faturou no ano seguinte a Taça dos Campeões dos Campeões, um tira-teima entre os campeões estaduais da Região Sudeste. Na década de 40 surge a equipe que fez com que surgisse a impressão Galo Forte e Vingador, com o Atlético sendo o primeiro time brasileiro profissional a excursionar pela Europa, em 1950. Depois houve boas fases, mas devido ao apogeu cruzeirense, só conseguiu se firmar novamente em 1970 quando ganhou mais um Mineiro e na temporada seguinte, sendo considerado por muitos anos o primeiro campeão brasileiro, antes da unificação dos títulos nacionais dos Anos 60. Viveu um período inesquecível entre 1976 e 1985, quando montou times que são considerados os melhores da história do clube, comandados pelo sensacional Reinaldo, que ganhou muitos Estaduais, sendo duas vezes vice-campeão brasileiro (1977 e 1980). Houve bons períodos depois, mas foi entre 2013 e 2014 que atingiu o ponto máximo, com os títulos inéditos da Libertadores e Copa do Brasil.    

Para o gol atleticano meu escolhido é Kafunga, que não foi somente o jogador com mais anos de clube (20), mas pelo o que representou em sua época, com muitos títulos estaduais (13), o Torneio Campeão dos Campeões, a excursão à Europa e por ser o melhor goleiro de todos, mesmo também tendo em suas fileiras o uruguaio Mazurkiewicz, que jogou bem, mas não repetindo as mesmas atuações que fazia no Peñarol. O reserva é Victor, que após belas passagens pelo Paulista (Copa do Brasil de 2005) e Grêmio (Campeonato Gaúcho de 2010), chegou ao Galo em 2012 para ser o mais carismático Camisa 1 atleticano, ganhando os maiores títulos da história do clube, com três Estaduais (2013, 2015 e 2017), Libertadores (2013), Recopa Sul-Americana (2014), Copa do Brasil (2014) e Florida Cup (2016). Quebrarei a tradição de jogadores com mais partidas já que o titular já tem o recorde de temporadas, deixando João Leite (684 jogos disputados), pois mesmo sendo várias vezes campeão mineiro (11) e com muitas outras conquistas, percebo uma rejeição muito grande de torcedores atleticanos contemporâneos que discordavam da sua demasiada postura religiosa e também por algumas falhas que fez com que o time perdesse alguns títulos, fazendo com que nem na reserva eu o escale, ainda mais pela grandiosidade do arqueiro atual.

Pela lateral-direita está um nome que costuma vencer as enquetes, que é o do Mexicano, fazendo parte de 1946 a 1950 do histórico time do Galo Forte e Vingador, considerado pelos mais antigos o melhor de todos, ganhando três Estaduais e sempre demonstrando muita disposição em campo, tendo frases apaixonadas sobre o que era vestir essa camisa e uma preocupação para os pontas adversários. Escolhi como reserva o Humberto Monteiro, que também demonstrava muita disposição e estava presente no título mineiro de 1970 e brasileiro no ano seguinte.   

Na zaga atleticana fiz questão de selecionar o nome de Réver, tão presente nas conquistas do clube entre 2012 e 2014, marcando inclusive importantes gols de cabeça, sendo o zagueiro recordista em tentos. Ao lado está o inesquecível Luizinho, quarto-zagueiro clássico e muito técnico que de 1978 a 1989 encantou a torcida atleticana, ganhando muitos títulos estaduais e, infelizmente, injustiçado por sua participação na Copa do Mundo de 1982, com aquela velha história no futebol de se querer encontrar um bode espiatório quando uma grande equipe não é campeã. O primeiro reserva é um beque que muitas vezes ganhava a eleição, pois Murilo foi um zagueiro também altamente clássico e técnico, considerado o melhor da posição no final da década de 40 após a decadência de Domingos da Guia, só não indo mais longe em termos de Seleção Brasileira porque a visibilidade do futebol mineiro era muito pequena naquele tempo, tendo depois uma curta, porém boa passagem pelo Corinthians. O outro é justamente o companheiro de Murilo, pois Ramos também foi um defensor de muito valor, formando o maior trio final da história atleticana: Kafunga, Murilo e Ramos. Um que merece ser mencionado é Vantuir, zagueiro de grande destaque nos Anos 70.  

Oldair é o meu escolhido na lateral-esquerda, vindo ao clube em 1968 tendo uma vivência futebolística de dez anos, passando pelo futebol de São Paulo e do Rio, caindo como luva na equipe, pois também sabia atuar pelo meio de campo, tendo um forte chute nas cobranças de falta e facilidade para cruzar, permanecendo até 1973 sendo um dos principais jogadores do elenco, sendo ele o representante titular do time campeão brasileiro de 1971. Haroldo é o banco, uma espécie de Nilton Santos “Mineiro” dos Anos 50, jogador de muita importância e capacidade técnica nos títulos estaduais da época, sempre apresentando um futebol bem jogado, sem nunca apelar para a violência para desarmar os ponteiros adversários.

Em termos de volantes o Atlético está muito bem representado, pois os escolhidos são duas lendas. O primeiro é Zé do Monte, que durante mais de dez anos (1945 a 1956) foi a alma da equipe atleticana, com uma pré-disposição inabalável em campo, uma categoria que encantou o público europeu em 1950, entrava no gramado com um galo nas mãos (um símbolo) e muitas vezes aceitando dolorosos tratamentos médicos para poder jogar, tendo que encerrar a carreira com dor no coração antes de completar 30 anos devido à um contusão no joelho. Seu contemporâneo é um jogador mais famoso, pois Toninho Cerezo disputou duas Copas e jogou no exterior, rodando por várias equipe (ídolo na Sampdoria e também muito querido no São Paulo por causa dos títulos internacionais de 1992 e 1993), mas foi no Galo que brilhou com mais intensidade, jogador de técnica e muita movimentação, um pulmão, ganhando vários Estaduais no período de muito talento do time entre os anos de 1976 e 1983. Brant é o primeiro reserva, sabendo também atuar como zagueiro, tendo valorosa contribuição como centro-médio (atual médio-volante) na organização das jogadas do infernal ataque atleticano entre 1927 e 1932, tendo depois uma bela carreira no Fluminense. Paulo Isidoro completa a importante função, tendo características de meia, muito participativo nas jogadas do time, sendo, curiosamente, trocado por Éder, indo para o Grêmio. Resolvi escalar na meia-esquerda um grande nome do futebol, craque criativo, portanto escolhi por Ronaldinho Gaúcho, mesmo tendo menos de 100 jogos pelo Galo, estando abaixo de outras passagens por certos clubes, mas o que fez entre 2012 e 2014, especialmente no título da Libertadores, faz com que seja automaticamente escalado para ser o titular, ainda mais pelo craque que sempre demonstrou ser. O reserva era um ponta-esquerda, mas Éder também sabia jogar pelo meio, um dos maiores ídolos da massa na primeira metade dos Anos 80, ficando muito marcado pelos seus poderosos chutes de canhota que também foram fundamentais na Copa do Mundo de 1982, por sinal sendo ele um dos maiores destaques do elenco.

Mesmo com toda a modernidade do futebol atual, dificilmente não deixo de escalar um ponta, então Lucas Miranda é o representante do setor direito, outro que jogador que brilhou no forte Galo de 1946 a 1954, apresentando as características essenciais para os ponteiros da época, pois tinha velocidade, driblava e fazia gols, sendo o quinto jogador com mais gols com camisa atleticana (152).

O primeiro centroavante atleticano é Mário de Castro, que também foi o primeiro ídolo da massa, que derrubou a hegemonia americana sendo bicampeão mineiro em 1926/27, formando com Jairo e Said o Trio Maldito, muita técnica e oportunismo dentro da área, só não tendo chances na Seleção Brasileira por atuar num centro distante, autor de 100 gols em 195 partidas (terceiro maior goleador do clube) e ainda conquistando o Estadual de 1931, abandonando a carreira pouco depois devido à uma violência na torcida que houve na decisão contra o Villa Nova. E para completar o ataque o maior de todos, pois Reinaldo não foi somente o maior goleador do Galo, mas um centroavante diferenciado tecnicamente, que anotava gols com rara beleza, várias vezes campeão mineiro, um terror para as defesas adversárias (especialmente a cruzeirense que tanto sofreu com a sua arte), um ídolo inesquecível.

Resolvi dar força ao ataque reserva com três centroavantes (tradição atleticana) de primeira linha. O primeiro é Guará, provavelmente o maior ídolo da torcida na segunda metade dos Anos 30, que só não foi mais longe devido ao choque involuntário que teve com o zagueiro palestrino/cruzeirense Caieira em 1939, abreviando sua carreira.

Ubaldo é outro que fiz questão de incluir, que marcava seus gols espíritas nos Anos 50. E por último o irreverente Dario, o Dadá Maravilha, segundo maior goleador atleticano (211 gols), autor de um dos mais importantes gols do Galo (1 a 0 no título brasileiro de 1971), fazia a festa dos torcedores por balançar as redes adversárias como poucos sem precisar de técnica, estilo irreverente, porém com passagens por muitos outros clubes, o que fez com perdesse a titularidade para nomes mais identificados que os dos titulares, mas mesmo assim um ídolo memorável.

E para treinar optei por Cuca, que não teve tantos jogos comandados como o recordista Telê Santana e tantos outros, mas ficou marcado por seu jeito simples e por ser o técnico da maior de todas as conquistas atleticanas, a Libertadores de 2013.

ATLÉTICO MINEIRO (1908 A 2017)

Titular: Kafunga, Mexicano, Réver, Luizinho e Oldair; Zé do Monte, Toninho Cerezzo e Ronaldinho Gaúcho; Lucas Miranda, Reinaldo e Mário de Castro. Técnico – Cuca.

Reserva: Victor, Humberto Monteiro, Murilo, Ramos e Haroldo; Brant, Paulo Isidoro e Éder; Guará, Ubaldo e Dario.

Mais anos: Kafunga – 20 em 667 partidas (1935 a 1955)

Mais partidas: João Leite – 686 (1976 a 1989)

Mais gols: Reinaldo – 288 em 475 jogos (1973 a 1985)

O Cruzeiro Esporte Clube, fundado em Belo Horizonte (Minas Gerais) no dia 02 de janeiro de 1921, completou 96 anos em 2017. Da mesma forma que o Palmeiras, foi fundado pela colônia italiana sendo batizado como Palestra Itália. Já começou a mostrar a sua força com o Tricampeonato Mineiro de 1928/29/30, com destaque para a família de jogadores, os Fantoni (Nininho, Ninão e posteriormente o Niginho). Na década de 40 teve que mudar o nome para Cruzeiro, devido à Segunda Guerra Mundial. Voltou com destaque a partir de 1965 com o inesquecível esquadrão de Tostão, Dirceu Lopes e Piazza, conquistando definitivamente o Brasil no ano seguinte com o título da Taça Brasil, derrotando na decisão o prestigiado Santos de Pelé. Nos Anos 70 voltou a montar outra equipe várias vezes campeã mineira, tendo ainda jogadores dos tempos dourados, sendo campeão da Libertadores de 1976. Após um período difícil vendo grandes times atleticanos, volta na década de 90 com grandes conquistas nacionais e internacionais, algo que ainda se mantém no século XXI.     

No gol do Cruzeiro a atualidade fala mais alto, então Fábio é o meu escolhido, pois além de ser o jogador com mais partidas na história cruzeirense, é o principal jogador do time na década atual, tendo um respeitado currículo com cinco títulos mineiros, duas Copas do Brasil e dois Brasileirões, um goleiro dos melhores no futebol atual e considerado por muitos injustiçado pelas poucas chances na Seleção Brasileira. Para a reserva opto por Geraldo II, jogador com mais anos de clube (1934 a 1955), considerado o melhor do Estado na década de 40 (acima de Kafunga) e do Brasil entre 1945 e 1946, também tinha muito arrojo, com uma história muito bonita de luta em sua vida pessoal. Muitos discordarão do Raul não ser o titular, mas entendo que a escolha é justa, pois também foi grande no Flamengo, mesmo ganhando muitos títulos estaduais pelo Cruzeiro (o time também ajudava) e, da mesma forma que o Fábio, muitos jogos disputados, sendo o quinto com 557 partidas, apresentando grandes qualidades técnicas. Faço questão de citar o Dida, que entre 1994 e 1998 teve uma belíssima passagem com a camisa cruzeirense, já vindo bem do Vitória, atuando depois no Corinthians (outro momento inesquecível), com grandes atuações na Seleção Brasileira e Milan, especialista em defender pênaltis, tendo para muitos a maior atuação de todos os goleiros cruzeirenses, na decisão do título da Copa do Brasil de 1996.

Talvez uma das escolhas mais óbvias é Nelinho na lateral-direita, que na década de 70 era uma referência como cobrador de faltas, fez uma bela Copa do Mundo em 1978, um dos principais ídolos da torcida cruzeirense, cansou de ganhar títulos, tendo depois (que ironia do destino) uma bela passagem pelo rival Atlético, o que faz dele o maior na posição do futebol mineiro sem sombra de dúvidas. O reserva é Adelino, não tão badalado quanto o titular, mas que durante mais de 15 anos honrou a camisa cruzeirense com um estilo duro na marcação, sendo uma dor de cabeça para os ponteiros adversários nos Anos 40 e 50.

A zaga cruzeirense começa com Caieira, excelente beque da década de 30, que nos Anos 40 teve uma boa passagem no outro Palestra, o Palmeiras. Procópio é o outro, jogando duas vezes no Cruzeiro, de 1959 a 1961 e de 1966 a 1974 (a melhor), um zagueiro muito firme, um xerifão. Pra não deixar de escalar o inesquecível lateral-esquerdo Nininho, optei por ele como zagueiro-central reserva que apresentou muita categoria apresentada no final da década de 20, sendo um dos jogadores brasileiros escolhidos para fazer parte do time da Lazio em 1931, a primeira leva de jogadores do Brasil para o exterior. Para completar optei por Darci, defensor viril dos Anos 70. Perfumo ficou de fora, argentino que apresentou muita técnica e elegância na primeira metade da década de 70, pois provavelmente estará em alguma escalação minha de um time da Argentina.      

Uma posição que tem várias discussões de quem é o escolhido é a lateral-esquerda. Optei por Nonato, que ganhou tantos títulos na década de 90 (quatro Estaduais, duas Supercopas, duas Copas do Brasil e uma Libertadores), outro período vitorioso. Vanderlei não é um nome tão badalado, mas tem 538 partidas disputadas pelo time (sétimo), jogando muito bem entre 1969 e 1978. Deixei o argentino Sorín de fora, que provavelmente no River Plate de todos os tempos, mas que no início do século XXI apresentou a garra fora do normal, fazendo dele um dos jogadores mais queridos dos últimos anos.

Da mesma forma que o Atlético está bem representado de volantes, o Cruzeiro apresenta nomes formidáveis que, diferente do Galo, jogaram na mesma época. Wilson Piazza é um patrimônio cruzeirense, que de 1963 a 1977 honrou a camisa azul, com técnica e raça, fácil adaptação para jogar na zaga, sendo o representante de duas fases douradas, de 1965 a 1969 (Pentacampeonato Mineiro e Taça Brasil) e de 1972 a 1976 (Tetracampeonato Estadual e Libertadores). Zé Carlos é o outro, que foi contemporâneo de Piazza, que na época era um dos volantes brasileiros com mais categoria. Para ser reserva dos dois tem que ser um grande nome, então Ricardinho é o correto, jogando de 1994 a 2002 com o seu jogo dinâmico, sendo o jogador cruzeirense que mais ganhou títulos (15). O outro reserva não era volante, mas para abrilhantar o meio de campo optei pelo meia e ponta-esquerda Bengala, tricampeão mineiro de 1928/29/30 e um dos principais jogadores do time na década de 30, período que Minas Gerais foi dominada por Villa Nova e Atlético.   

Sim, o Cruzeiro também tem um meia genial da mesma forma que o Atlético. Dirceu Lopes foi incomparável com a camisa cruzeirense, com uma arte jamais vista no time, extremamente habilidoso com a bola nos pés, muito dinamismo, goleador, principal parceiro de Tostão, envolvendo as defesas adversárias com toques de primeira, peça fundamental no sucesso da equipe dos Anos 60 e na primeira metade da década de 70, para muitos um injustiçado por não ter chances maiores na Seleção Brasileira. Na reserva está Eduardo Amorim, um motorzinho, habilidoso, muito útil no seu período.

Inicio o ataque com o fabuloso Tostão, talvez o jogador cruzeirense mais famoso, maior goleador de todos os tempos, meia e centroavante com um futebol de gênio em criar grandes jogadas em espaços curtos, que já vinha consagrado entre os anos de 1965 e 1969, se consagrando ainda mais na Copa do Mundo de 1970 (já tinha participado na de 1966), mas infelizmente encerrando a carreira prematuramente com 26 anos (estava no Vasco) devido a um problema na vista por causa de uma bolada, se agravando depois. Para que o reserva combine as características do titular, escolhi por Palhinha, um goleador marcante da década de 70, habilidoso, rápido e oportunista, sendo depois ídolo do Corinthians. Pra deixar claro, considero Natal o maior ponta-direita cruzeirense de todos os tempos, muito importante no vitorioso time dos Anos 60, não entrando na escalação pra ter apenas um ponta, que será pelo lado esquerdo. Cito também o Piorra (1923 a 1938), primeiro grande ponteiro direito, um sensacional driblador.

Niginho será o centroavante, da importante Família Fantoni, que depois dos irmãos também foi para a Lazio, com Mussolini querendo que servisse a Itália na Guerra da Abissínia, algo que não aceitou, retornando para o Brasil e declarando que só jogaria no Palestra por sua família ser uma extensão do clube (uma das mais belas declarações de amor que conheço de um jogador), voltando a apresentar seu extraordinário futebol, ganhando mais títulos estaduais (1940 e o Tri de 1943/44/45) e terceiro maior goleador cruzeirense. Ninão, irmão de Nininho e Niginho, é o reserva, outro notável goleador, tricampeão em 1928/29/30, indo com o irmão para a Lazio, tem a melhor média de gols da história cruzeirense, fez 10 gols em uma partida (outro recorde) e a insuperável marca no Campeonato Mineiro de 43 gols em 1928.

Alcides, que para o antigo árbitro Atleticano Cidinho Bola-Nossa foi o melhor ponta-esquerda que viu em ação, é o titular, jogador palestrino/cruzeirense a partir de 1931 (de 1936 a 1938 jogou no rival América) e ficando no time principal até 1948, teve grandes atuações nos muitos anos que esteve no clube. Seu reserva, que para muitos deveria ser o titular, é Joãozinho, o Bailarino da Toca, melhor ponteiro esquerdo do Brasil na segunda metade da década de 70, foi cinco vezes campeão mineiro e autor do gol do título da Libertadores, deu verdadeiros espetáculos com a camisa do Cruzeiro.

E, da mesma forma que o Cuca no Atlético, apostei para a função de treinador em alguém que ainda está em atividade, pois Marcelo Oliveira é um nome interessante pra comandar a máquina cruzeirense, sendo bicampeão brasileiro em 2013/2014.

CRUZEIRO (1921 A 2017)

Titular: Fábio, Nelinho, Caieira, Procópio e Nonato; Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Tostão, Niginho e Alcides. Técnico – Marcelo Oliveira.

Reserva: Raul, Adelino, Nininho, Darci e Vanderlei; Ricardinho, Bengala e Eduardo Amorim; Palhinha, Ninão e Joãozinho.

Mais anos: Geraldo II – 21 (1934 a 1955)

Mais partidas: Fábio – 728 (2005 a...) 

Mais gols: Tostão – 249 em 378 jogos (1963 a 1972)

SOBRE O COLUNISTA

Nascido em São Paulo no dia 12 de janeiro de 1976, tenho 37 anos e sou jornalista formado pela Universidade Nove de Julho (Uninove).
 
Repórter do Blog Futebol de Todos os Tempos (FTT), apresentador dos programas Jornalismo e Cidadania da allTV e 100 Anos da Radio do Corinthians.
 
Sou pesquisador, com conhecimento em diversas áreas, principalmente ligadas ao futebol no seu contexto histór... Saiba Mais

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