Alemão soube administrar o campeonato de 2016. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Alemão soube administrar o campeonato de 2016. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

Há um consenso, quase unanimidade acerca da superioridade técnica de Hamilton em relação a Rosberg.

É justificável. É mais agudo. Simplificando, é mais veloz mesmo.

De início, o inglês precisou vencer o preconceito velado de um mundo restrito em que os negros, até então, não haviam se estabelecido.

Nico, em contrapartida, filho do campeão de 1982, Keke Rosberg, teve desde sempre os atalhos favorecidos para chegar à F1.

Nico Rosberg teve sua chance de ouro em 2016, assim como teve seu pai aproveitando-se da fatalidade e dos problemas da Ferrari em 1982. Assim como Jenson Button, que em 2009 teve a fantástica e bela Brawn para levantar o caneco.

Em condições iguais Hamilton terminaria o ano à frente, mas sua Mercedes claudicou em vários momentos. O inglês chegou a colocar em xeque a conduta de sua equipe, dando a entender que seu companheiro estava sendo beneficiado.

Pensando friamente, à Mercedes seria melhor mesmo que Rosberg, menos talentoso que Hamilton, ficasse com o título.

Isso coloca o carro em primeiro plano, algo que habitava a mente do comendador Enzo Ferrari.

Para o italiano valia mais a máquina do que o homem. Importava a Ferrari estar liderando, fosse quem fosse na condução.

Por isso, para ele, no fundo, apesar do apreço que tinha por Gilles Villeneuve, foi muito melhor que Jody Scheckter tivesse sido o campeão em 1979, e não o canadense.

Scheckter estava para Rosberg assim como Villeneuve para Hamilton.

Claro, há uma diferença significativa.

Apesar de alguns momentos intempestivos, Lewis tem a cabeça muito mais no lugar do que o perturbado Gilles.

Nelson Piquet, certa vez, disse que Gilles Villeneuve usava um capacete menor que sua cabeça. Daí, ao colocá-lo, tinha seu cérebro comprimido e saia fazendo besteira...

Hamilton está mais para a insanidade da paixão. Rosberg, para a razão, normalmente mais eficaz.

Considero o título de Rosberg merecido. Não apenas por sua performance, sobretudo na primeira parte do campeonato, mas por sua conduta. Foi sereno, quase impassível.

Na F1, onde já se viu tanta trapaça pelo triunfo, é bom quando testemunhamos alguém que não use de subterfúgios para o sucesso.

Rosberg, o filho de Keke, "empata" com Damon Hill na galeria dos filhos campeões, assim como o pai.

Porém, há uma diferença: Graham era melhor que Damon.

Nico, por sua vez, ganha do pai.

SOBRE O COLUNISTA

Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.

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