Sim, cada um leva sua vida profissional do jeito que bem entende. A mim, desde que o sujeito seja honesto, tenha humildade e não queira puxar o tapete dos outros, tudo bem.
A Fórmula 1 é um ninho de serpentes, histórico.
Aniquilar o companheiro de equipe, por exemplo, faz parte do jogo desde a primeira temporada, em 1950.
Não me espantaria, se um dia, um mecânico confessar ter levado uns trocados do piloto "A" para "zangar" o carro do piloto "B".
Como não me espantei com falcatruas mecânicas ao longo das últimas décadas na F1. Tanques com água que era liberada ao longo da corrida para deixar o carro mais leve, filtro de segurança removido do bocal de abastecimento para facilitar a entrada de gasolina nos pit-stops, asa dianteira flexionando em altas velocidades além do permitido...
Sobre os pilotos, especificamente, acho admirável quando o sujeito "veste a camisa", como Sebastian Vettel está demonstrando com a rossa de Maranello, desde que sentou no carro pela primeira vez.
Por outro lado, o comportamento impassível de Kimi Raikkonen é irritante.
"Homem de Gelo" pode soar até bonitinho, mas não se coaduna à realidade da Ferrari.
Sua apatia no pódio do Bahrein e, depois, sua indiferença à efusividade de seu chefe Maurizio Arrivabene, fosse eu quem apitasse no time escarlate repetiria aquilo que fizeram com ele ao final de 2009: pagaria a multa para vê-lo longe do cavallino rampante.
Conheço meninos que guiam kart e sonham com o primeiro monoposto. Outros que estão em seu primeiro monoposto no Brasil e sonham com a Europa. Há aqueles que estão batalhando duro na Europa com o objetivo maior em desembarcar na F1.
O funil nunca foi tão estreito. Uma rápida pesquisa e é possível verificar que nos anos 70 havia mais de 30 pilotos inscritos por GP e 26 largavam.
Hoje, 20 parcas almas. Com algumas exceções, a maioria pagando pelo cockpit.
Kimi Raikkonen foi correr de rali e voltou à F1 pela Lotus. Talentoso voltou à Ferrari.
E continua o mesmo de antes. Sem se dar conta do que é estar na F1. E na Ferrari.
O finlandês me faz lembrar um jogador do Corinthians, que também jogou no São Paulo, Flamengo e Atlético Mineiro, entre outros: Souza.
O meia revelado pelo América de Natal era muito hábil. Mas tinha um jeito tímido, pouco vibrante.
Recordo de uma cena em 1995, na virada do Corinthians sobre o Palmeiras na final do Paulistão, no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto.
Uma equipe de reportagem filmou o ônibus do Corinthians, a caminho do aeroporto ou da estrada, e os jogadores alvinegros gritavam para a torcida pela janela, batiam com as mãos na carroceria. Todos, menos Souza, que parecia estar diante de um funeral.
Repito a frase do começo do texto: sim, cada um leva sua vida profissional do jeito que bem entende.
Só acho que alguns profissionais parecem não se dar conta sobre o lugar que ocupam.
Souza foi um deles. Raikkonen é outro.
Foto: UOL
Abaixo, no vídeo, Maurizio Arrivabene, chefe da equipe Ferrari, com Raikkonen e Vettel. Ele cumprimenta Raikkonen efusivamente pelo 2º lugar no GP do Bahrein de 2015. Veja a reação do piloto:
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Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.
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